São John Henry Newman proclamado 38º Doutor da Igreja
“É uma grande alegria inscrever São John Henry Newman entre os Doutores da Igreja e, ao mesmo tempo, por ocasião do Jubileu do Mundo Educativo, nomeá-lo co-padroeiro, com Santo Tomás de Aquino, de todos os agentes que participam no processo educativo”.

Foto: Vatican News/ Vatican Media
Redação (01/11/2025 12:58, Gaudium Press) Na solenidade de Todos os Santos e por ocasião do Jubileu do Mundo Educativo, o Papa Leão XIV proclamou “São John Henry Newman, doutor da Igreja”, durante a missa que presidiu na Praça de São Pedro, onde se reuniram 50 mil fiéis.
O Cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, apresentou ao Santo Padre a biografia do cardeal britânico. Como pastor e teólogo anglicano, ele foi um “ardente defensor do princípio dogmático”.
“Quando muitos clérigos anglicanos, em sua maioria membros do Movimento de Oxford, se converteram ao catolicismo, John Henry Newman passou por uma crise religiosa que o levou também a aderir ao catolicismo em 1845”.
No mesmo ano, continuou o prefeito, “ele publicou sua obra, Ensaio sobre o desenvolvimento da doutrina cristã, considerada por muitos como o ponto culminante de sua pesquisa sobre o sentido da história, do homem e de sua relação com Deus. Sua escolha teve grande repercussão em toda a Inglaterra”. Ele quis se afastar de Oxford e se estabeleceu em Birmingham. Então, em 30 de maio de 1847, na capela da Propaganda Fide, em Roma, foi ordenado sacerdote. Fascinado pelo carisma de São Filipe Néri, fundou a Congregação do Oratório na Inglaterra.
O Papa Leão XIV nomeou John Henry Newman co-padroeiro, juntamente com São Tomás de Aquino, de todas as pessoas que participam no processo educativo. Uma decisão do Sumo Pontífice acolhida com alegria pela assembleia, entre a qual se encontrava a delegação da Igreja da Inglaterra liderada pelo arcebispo anglicano de York Stephen Cottrell, participantes do Jubileu do mundo educacional: alunos, estudantes e educadores vindos de todo o mundo. Mas também jovens da “Corrida dos Santos”.
Astros no mundo
“A imponente estatura cultural e espiritual de Newman, estima o Papa, servirá de inspiração às novas gerações com o coração sedento de infinito, dispostas a realizar, através da pesquisa e do conhecimento, essa viagem que, como diziam os antigos, nos faz passar ‘per aspera ad astra’, ou seja, através das asperezas até os astros”.
Leão XIV convidou assim os educadores e as instituições educativas a “brilharem como astros no mundo, graças à autenticidade do seu compromisso na busca conjunta da verdade, […] e na experiência quotidiana de que “o amor cristão é profético, realiza milagres”. De fato, a vida dos santos, como a de John Henry Newman, “testemunha que é possível viver com paixão em meio à complexidade do tempo presente, sem deixar de lado o mandato apostólico”, observou o Sumo Pontífice.
Uma missão para Deus
Nascido em 21 de fevereiro de 1801 em Londres e o mais velho de seis filhos, o cardeal britânico foi batizado na Igreja Anglicana. Convertido ao catolicismo, suas contribuições significativas para a teoria e a prática da educação ainda marcam as mentes. “Deus”, escreveu ele, “criou-me para prestar a Ele um serviço específico. Ele me confiou uma tarefa que não confiou a ninguém mais. Tenho uma missão: talvez eu não a chegue conhecer nesta vida, mas ela me será revelada na vida futura”. Palavras que, na opinião do Papa, expressam, “de modo esplêndido, o mistério da dignidade de cada pessoa humana e o da variedade dos dons distribuídos por Deus”.
Leão XIV deixou claro que “a vida não se ilumina porque somos ricos, bonitos ou poderosos. Ela se ilumina quando uma pessoa descobre dentro de si esta verdade: sou chamado por Deus, tenho uma vocação, tenho uma missão, a minha vida serve para algo maior que eu próprio! Cada criatura tem uma função a desempenhar. O contributo que cada um tem para oferecer é de um valor único, e a tarefa das comunidades educativas é encorajar e valorizar este contributo”. E acrescenta: Somos chamados a formar pessoas, para brilharem como astros em toda a sua dignidade”. Desse modo, “a educação, na perspectiva cristã, ajuda todos a tornarem-se santos”.
Leão XIV, em seguida, manifestou o desejo de que as escolas e universidades fossem sempre locais de escuta e prática do Evangelho, exortando cada um a tornar-se santo, como pediu o Papa Bento XVI aos jovens durante sua viagem apostólica à Grã-Bretanha, em setembro de 2010. Durante essa viagem, ele beatificou o cardeal John Henry Newman: “O que Deus mais deseja para cada um de vós é que vos torneis santos. Ele ama-vos muito mais do que podeis imaginar, e deseja o máximo para vós”. “Trata-se do chamamento u universal à santidade que o Concílio Vaticano II inscreveu como elemento essencial de sua mensagem (cf. Lumen gentium, cap. V). E a santidade é proposta a todos, sem exceção, como um caminho pessoal e comunitário traçado pelas Bem-aventuranças”.
E concluiu com estas palavras: “Rezo para que a educação católica ajude cada um a descobrir a sua vocação à santidade. Santo Agostinho, que São John Henry Newman tanto apreciava, disse uma vez que todos nós somos companheiros de estudo com um único Mestre, cuja escola se encontra na terra, mas cuja cátedra está no céu”.





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