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Os Santos que estão no Céu intercedem mesmo por nós?

Os Santos que se encontram no Céu, os quais participam da caridade do próprio Deus e estão unidos totalmente a Ele, sentem por nós uma benquerença que o melhor amigo hipotético não nos manifestaria.

"O Juízo Final", por Fra Angélico - Museu de São Marcos, Florença (Itália) Foto: Wikipedia

“O Juízo Final”, por Fra Angélico – Museu de São Marcos, Florença (Itália) Foto: Wikipedia

Redação (31/10/2025 09:53, Gaudium Press) No mundo egoísta e interesseiro no qual vivemos, é difícil encontrar um amigo verdadeiro que mantenha a disposição permanente de nos ajudar, sem esperar uma retribuição. Talvez até tenhamos a impressão de já não existir esse tipo de pessoa…

Mas, sim, existe! E são milhões! Os Santos que se encontram no Céu, os quais participam da caridade do próprio Deus e estão unidos totalmente a Ele, sentem por nós uma benquerença que o melhor amigo hipotético não nos manifestaria.

É impossível imaginar os bem-aventurados imersos na torrente das delícias de Deus (cf. Sl 35, 9) e alheios à vida árdua dos pobres mortais. Na realidade, o fogo do amor divino os impele a interessar-se por nós, conforme afirma São Tomás: “Quanto mais perfeitos em caridade são os Santos nos Céus, tanto mais oram pelos que estão na terra” (Suma Teológica. II-II, q.83, a.11).

Como fundamento para a veracidade dessa intercessão celeste, o Doutor Angélico aduz a autoridade de São Jerônimo:

“Se os Apóstolos e os mártires, ainda no corpo, podiam orar pelos outros, quando ainda deviam preocupar-se por si mesmos, quanto mais o poderão após coroados, vitoriosos e triunfantes!” (Contra Vigilantium, n.6: PL 23, 344).

Ademais, a oração dos bem-aventurados possui “impetração eficaz por causa dos seus méritos anteriores e por causa da aceitação divina” (Suma Teológica. II-II, q.83, a.11, ad 1) pois, tendo vencido as batalhas da vida, “enquanto estavam na terra mereceram orar por nós” (ad 5). Tal é a união espiritual entre todos os membros da Igreja!

Mas – poderia alguém objetar – para que recorrer aos Santos, se os méritos de Jesus Cristo já podem nos obter tudo? O Aquinate responde luminosamente: “Deus quer que os seres inferiores sejam auxiliados por todos os superiores. Por isso, é conveniente orar não apenas para os mais santos, como também para os menos santos” (ad 4). Além disso, “Deus quer fazer conhecida a santidade deles” (ad 4), uma vez que, como reza a Liturgia em um dos prefácios dos Santos, ao coroar os méritos dos justos o Senhor exalta os seus próprios dons.

Com efeito, apesar de, absolutamente, ser suficiente recorrer em nossas orações apenas à misericórdia divina, o Sagrado Coração de Jesus, em sua infinita bondade, compraz-Se em fazer seus amigos (cf. Jo 15, 15) partícipes de seu poder mediador. Ele não é como o superior que prefere empreender sozinho as ações que poderia delegar a outros; pelo contrário, age como um chefe bondoso que gosta de associar ao comando os seus subalternos.

Quando precisamos realizar agilmente um trâmite complicado, é comum indagarmos aos mais próximos sobre a melhor maneira de obter o que necessitamos, e procuramos sempre uma “entrada” ou um “padrinho” para este fim. “Quem não tem padrinho, morre pagão”, assevera o ditado popular. Pois bem, não nos esqueçamos de que temos milhares de “padrinhos” no Céu, os quais nos conhecem e nos amam. Para nos ajudar, eles só esperam que recorramos à sua intercessão!

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho, novembro 2025. Redação.

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