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Felipe II, adversário acérrimo do protestantismo

Se o protestantismo não conquistou a Europa tal se deve, humanamente falando, ao Rei da Espanha Felipe II.

Fotos: Wikipedia

Fotos: Wikipedia

Redação (29/10/2025 06:09, Gaudium Press) Filho do Imperador Carlos V e de Isabel de Portugal, nasceu Felipe II em 1527, na cidade de Valladolid – Noroeste da Espanha. Aos quinze anos, participou vitoriosamente da batalha contra os franceses que haviam invadido o Norte da Península Ibérica. Logo depois, contraiu matrimônio com a Infanta Maria Manuela de Portugal. No ano seguinte, tornou-se vice-rei da Espanha, assessorado por um Conselho presidido pelo valoroso Duque de Alba.

Tendo ficado viúvo, Felipe II casou-se em 1554 com a Rainha da Inglaterra Maria Tudor. Quando, em 1566, Carlos V abdicou em favor de seu filho Felipe, numa cerimônia realizada no Palácio real de Bruxelas, disse-lhe “Meu filho, conserva em toda a sua pureza a Fé católica!” E ele respondeu: “Meu pai, assim o farei!”[1]

Além de monarca da Inglaterra, Felipe II passou a ser Rei da Espanha e suas colônias, de Nápoles e Sicília, Duque de Milão, soberano dos Países Baixos. Possuía colônias na Ásia e África; em 1580, tornou-se também Rei de Portugal.

Com esse grande poder, ele visava glorificar Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Igreja. “Profundamente piedoso, Felipe II estava convencido de que Deus o tinha colocado no trono para apressar o triunfo da Igreja Católica”.[2]

Batalha de Saint-Quentin – Escorial

500px King PhilipII of SpainDevido ao apoio que o Rei da França Henrique II deu aos protestantes franceses que se uniram aos hereges ingleses – chefiados por Isabel, filha de Henrique VIII e Ana Bolena –, com o objetivo de tomarem o governo da Inglaterra, Felipe II invadiu a França, em 10-8-1557, e alcançou brilhante vitória em Saint-Quentin, Norte do país.

Após a batalha, na qual morreram 6.000 franceses e 80 espanhóis, ele promoveu uma procissão à igreja mais próxima e, prosternado diante do Santíssimo Sacramento, agradeceu a Deus e prometeu construir um mosteiro em honra de São Lourenço, cuja memória é celebrada em 10 de agosto.

Em cumprimento dessa promessa, Felipe II mandou edificar o Palácio Escorial, situado a 45 km de Madri. Sua planta é em forma de grelha – instrumento do martírio de São Lourenço. Imponente e grandioso, seu interior é repleto de belíssimas obras.

Na porta de seu pequeno quarto, havia uma abertura através da qual o Rei podia ver o altar-mor de capela real e adorar o Santíssimo Sacramento.

Em 1558, Maria Tudor faleceu. Pouco depois, ele contraiu matrimônio com Elisabeth de França, filha do Rei da França Henrique II e Catarina de Médicis.

Revolução nos Países Baixos

Felipe II designou como governadora dos Países Baixos sua irmã consanguínea Margarida de Parma, cujo diretor espiritual era Santo Inácio de Loyola.  Noventa por cento da população era católica e vivia na abastança.

Nessa época, os Países Baixos abrangiam as atuais Holanda e Bélgica, bem como partes do Norte da França.  Chamados “Baixos” porque parte de seu território fica abaixo do nível do mar.

Certos grupos de protestantes começaram a destruir igrejas e mosteiros. Guilherme de Nassau, Príncipe de Orange e um dos homens mais ricos dos Países Baixos, era o chefe desses revolucionários.

Em diversas localidades eles invadiram mosteiros, praticaram orgias, cortaram narizes e orelhas dos religiosos os quais amarraram aos rabos dos cavalos que, chicoteados, corriam pelas ruas; por fim, os que não haviam morrido eram enforcados.

Philip II of Spain berating William the Silent Prince of Orange by Cornelis Kruseman

Duque de Alba, campeão do Catolicismo

Tendo Guilherme de Orange pedido auxílio à Rainha de Inglaterra Isabel I, que era protestante e mandou matar muitos católicos, bem como ao Rei da França Carlos IX, Felipe II enviou aos Países Baixos o heroico Duque de Alba, comandando 20.000 homens.

São Pio V, em 1566, premiou-o com a Rosa de Ouro, afirmando que ele era um campeão do Catolicismo, e o encorajou a prosseguir o combate contra os hereges.[3]

  Ao se aproximarem de Bruxelas, em 1567, milhares de protestantes fugiram, mas Guilherme continuou promovendo em outras partes motins contra os espanhóis católicos.

Dez anos depois, o Rei da Espanha encarregou Dom João d’Áustria – o vencedor da Batalha de Lepanto – de submeter os revoltosos hereges. Entretanto, ele morreu em 1578, aos 33 anos de idade.[4]

Armada invencível

Felipe II, pleno de amor à Igreja e de ódio ao mal, não podia se conformar que a Inglaterra se mantivesse protestante.

Em 1586, ele enviou uma esquadra a esse país a fim de ajudar o Rei da Escócia Jaime VI a libertar sua mãe, Maria Stuart, encarcerada por ordem da ímpia Isabel I.

Tendo sido Maria Stuart condenada à morte, não lhe permitiram que recebesse assistência de qualquer sacerdote católico para que lhe ministrar os Sacramentos da Confissão e Unção dos enfermos. Foi decapitada em fevereiro de 1587.

Para vingar esse crime hediondo, Felipe II promoveu a Invencível Armada que, infelizmente, foi dizimada por tempestades, em 1588.

Ofereceu suas dores como expiação de seus pecados

Atingido pela gota e outras enfermidades, a saúde do Rei se debilitava. A fim de melhor cuidar de sua alma, pois sentia que a morte se aproximava, Felipe II deixou o Palácio real de Madri e mudou-se para o Escorial, onde chegou em 6 de julho de 1598.

Grandes eram seus sofrimentos. Num joelho, havia um tumor que lhe causava terríveis dores. Em todo o corpo existiam feridas que infeccionaram e produziam odor pestilencial.  Fortes dores na cabeça e nos olhos o impediam de dormir. Emagreceu tanto que parecia um esqueleto, mas seu ventre estava inchado devido à hidropisia.  Sentia sede abrasadora.

Nenhuma queixa saía de seus lábios. Olhando para o crucifixo, dizia: “Senhor, eu Vos ofereço meus sofrimentos como expiação pelos meus pecados”.[5]

Chamou o Príncipe herdeiro – futuro Felipe III – e recomendou-lhe que governasse seus vassalos com profundo afeto, administrasse a justiça com imparcialidade, ajudasse e defendesse a Igreja Católica com todas suas forças.

Na tarde de 1º de setembro, confessou-se e comungou; estavam presentes todos os Grandes de Espanha. Em 12 setembro, leu por meia hora a Paixão de Cristo segundo o Evangelho de São João.

Segurou uma vela acesa numa das mãos e na outra um crucifixo. Felipe II sorria discretamente.  Na capela real iniciou-se a Missa da vigília da Santa Cruz. Com os olhos fixos no crucifixo, ele entregou sua alma a Deus. Era o dia 13 de setembro de 1598.[6]

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja da Renascença e da Reforma (II). São Paulo: Quadrante. 1999, v. V, p. 169-170.

[2] ALBA, André. Curso de História Jules Isaac. Tempos Modernos. São Paulo: Mestre Jou, 1968, p. 55.

[3] DANIEL-ROPS, Henri. Op. cit., p.119.

[4] Cf. WALSH, William Thomas. Felipe II. Madri: Espasa-Calpe. 1976, 7 ed., p. 636.

[5] WALSH, op. cit., p. 790.

[6] Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. In Catolicismo. Campos dos Goitacazes. junho 1951.

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