A maior batalha naval da História
Em Lepanto, no dia 7 de outubro de 1571, Nossa Senhora apareceu no céu, incutiu terror aos turcos maometanos, que fugiram apavorados, e concedeu a vitória aos católicos.
A Batalha de Lepanto por Andrea Vicentino Foto: Wikipedia
Redação (20/10/2025 09:03, Gaudium Press) Em setembro de 1570, os turcos invadiram a Ilha de Chipre – nas proximidades da Grécia – e chacinaram os 20.000 católicos que ali habitavam.
Gravíssima era a situação religiosa da Europa, como escreve Monsenhor João Clá Dias:
“O Sacro Império Alemão encontrava-se dividido entre católicos e protestantes, a França estava dilacerada pelas guerras de religião e, no horizonte, despontava a maior ameaça do Islã contra a civilização europeia…
“O único país que poderia se tornar o braço armado da Igreja era a Espanha, governada na época por Felipe II, homem de fé mas extremamente indeciso”.[1]
O Papa São Pio V redigiu mensagem ao Rei da Espanha, onde afirmava:
“Nós vos imploramos instantemente de se unir a todos os príncipes cristãos para fazer guerra ao mais implacável e mais cruel inimigo do nome de Jesus Cristo”.[2]
Apesar de ser muito indeciso, Felipe II venceu esse defeito e acabou formando a Santa Liga da qual participaram Roma, Espanha, Veneza e Gênova.
O heroico Rei de Portugal Dom Sebastião enviou carta a São Pio V exaltando sua iniciativa e informando-lhe que já estava engajado numa guerra contra os maometanos, no Norte da África. Mas desgraçadamente Carlos IX, Rei da França, fizera aliança com os turcos; o santo pontífice censurou-o energicamente por essa traição infame…
Bandeira da Liga Santa, hasteada por João da Áustria. Foto: Wikipedia
Estandarte da Santa Liga: “Com este sinal vencerás!”
Para comandar as tropas pontifícias São Pio V escolheu o Duque Marcantonio Colonna. Sebastiano Veniero, que estava com 75 anos de idade, dirigiu a frota de Veneza, e Giovanni Andrea Doria, a de Gênova.
Nomeou Dom João d’Áustria, irmão consanguíneo de Felipe II, comandante supremo; embora tivesse apenas 26 anos, ele demonstrara grande valor militar nas guerras contra os mouros.
Enviou-lhe o estandarte da Santa Liga no qual figurava Nosso Senhor crucificado, sobre fundo vermelho muito vivo, com as palavras In hoc signo vinces – com este sinal vencerás.
E recomendou aos chefes das quatro esquadras que expulsassem de suas tropas as pessoas de má vida.
Todas as naus se reuniram no Porto de Messina, na Ilha da Sicília. O núncio papal recomendou que os soldados se confessassem e comungassem. Depois, ordenou um jejum de três dias.
Em 16 de setembro de 1571, zarparam rumo ao Mediterrâneo Oriental, onde se encontravam os turcos otomanos, que se concentraram posteriormente no Golfo de Lepanto – na costa ocidental da Grécia. Os marinheiros católicos somavam 40.000 e os otomanos 50.000.
Ao toque das trombetas, começou a batalha
Quando chegaram diante dos inimigos, em 7 de outubro de 1571, alguns sacerdotes e religiosos se postaram num barco e ergueram um crucifixo. Todos os católicos se prosternaram, pediram perdão de seus pecados e a intervenção de Nossa Senhora para lhes conceder a vitória.
Em seguida, ao aceno de Dom João d’Áustria, as trombetas soaram e todos, em alta voz, invocaram a Santíssima Trindade e saudaram a Virgem Maria, como havia ordenado São Pio V.
Começou a batalha, tendo os nossos o sol, o vento e a fumaça contra seus olhos. Pouco depois, esses inconvenientes se voltaram contra os turcos.
Durante os terríveis embates, os marinheiros de Dom João saltaram no convés do navio do chefe otomano e o decapitaram; sua cabeça foi colocada no alto do mastro da nau capitânia espanhola; em seguida, os turcos fugiram e a vitória das frotas católicas foi proclamada.
Nossa Senhora apareceu a São Pio V
São Pio V acompanhava em espírito o desenrolar da guerra: multiplicou suas penitências, preces e ordenou às casas religiosas de Roma que fizessem vigílias de orações.
Na tarde de 7 de outubro, estava ele reunido com diversos prelados para tratar de importantes assuntos da Santa Sé. De repente, impôs silêncio a todos, levantou-se e foi até a capela onde Nossa Senhora apareceu-lhe e comunicou-lhe a vitória católica em Lepanto. Ele regressou à sala e bradou: “Não falemos mais de negócios! Demos graças a Deus, nosso exército triunfou!” Anotaram o instante dessa visão do pontífice: 7 de outubro de 1571, cinco horas da tarde. Foi exatamente nesse momento que os católicos venceram os turcos, no Golfo de Lepanto.
A notícia da vitória só chegou a Roma em fins de outubro. São Pio V ordenou que em todas as igrejas da Cidade Eterna se cantasse o Te Deum e repicassem os sinos. Determinou que 7 de outubro seria a festa de Nossa Senhora do Rosário e acrescentou à Ladainha Lauretana a invocação: Auxilio dos Cristãos.
Dom João d’Áustria faleceu aos 33 anos de idade
Quando o comandante da frota veneziana, Sebastiano Veniero, regressou a Veneza o povo o recebeu apoteoticamente. Em 1577, tendo 81 anos de idade, foi eleito por unanimidade como doge da cidade.
Devido à grave situação em que se encontravam os Países Baixos – atualmente Holanda –, Felipe II nomeou Dom João d’Áustria governador dessa nação. Entretanto, ele não permaneceu fiel às graças recebidas quando venceu a grande batalha de Lepanto. Pouco depois, atingido por febre tifoide e grave depressão, faleceu em Namur, Bélgica, tendo apenas 33 anos de idade.[3]
Uma Dama terrível apareceu no céu…
Por que os turcos fugiram apavorados?
“Nos anais redigidos pelos próprios componentes da esquadra maometana, pode-se ler: Os nossos navios debandaram porque uma Dama terrível apareceu no céu e nos olhava com ar de ameaça tal que nos causou pânico”.[4]
Mais do que Dom João d’Áustria, o vencedor de Lepanto foi São Pio V. Ele demostrou seu “heroísmo de alma, que consistiu em enfrentar este sofrimento: ter lutado com Felipe II em condições tão difíceis, em vez de entregar os pontos e procurar não ver o perigo iminente. O que ele fez caracteriza o verdadeiro herói”.[5]
Por Paulo Francisco Martos
Noções de História da Igreja
[1] CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens. São Paulo: Arautos do Evangelho. 2020, v. III, p. 97.
[2] DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1885, v. 35, p. 256.
[3] DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1885, v. 35, p. 251-294.
[4] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Nossa Senhora Auxiliadora — bondade e misericórdia incansáveis. In Dr. Plinio. São Paulo. Ano IX, n. 98 ((maio 2006), p. 27.
[5] Idem. São Pio V, herói em meio às angústias! In Dr. Plinio. Ano XIV, n. 164 (novembro 2011), p. 24.
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