Quênia: Igreja substitui vinho da missa devido perda de caráter sagrado
O vinho destinado à celebração da Santa Missa no Quênia deverá exibir a insígnia oficial dos Ordinários Locais do país, conforme determinação do Presidente da Conferência dos Bispos Católicos do Quênia (KCCB).
Foto: Francis Mureithi/ X
Redação (18/10/2025 09:58, Gaudium Press) A Igreja Católica no Quênia substituiu o vinho utilizado nas celebrações eucarísticas, conforme anunciado pelo presidente da Conferência dos Bispos Católicos do Quênia (KCCB), Dom Maurice Muhatia Makumba, durante as comemorações do Dia Nacional de Oração, em 4 de outubro.
A decisão foi motivada pelo fato de que o vinho até então empregado nas missas estava amplamente disponível em estabelecimentos seculares, sendo servido com indiferença em bares, hotéis e supermercados por todo o país, o que comprometeu seu caráter sagrado.
“Este é o único vinho autorizado para uso na santa missa em todo o Quênia”, declarou o arcebispo Muhatia aos fiéis reunidos no Santuário Mariano Nacional de Subukia. Ele enfatizou que as garrafas destinadas ao uso litúrgico devem ostentar a insígnia dos bispos e a assinatura do presidente da KCCB, garantindo sua autenticidade e propósito sagrado.
A medida reflete uma preocupação pastoral e prática: preservar a santidade da Eucaristia em um contexto onde as fronteiras entre o religioso e o secular por vezes se confundem. Por anos, um vinho de produção local, inicialmente destinado ao uso litúrgico, passou a ser comercializado em lojas de bebidas e restaurantes, perdendo seu caráter espiritual e simbólico.
“Tornou-se excessivamente comum”, reconheceu o arcebispo. “Quando o que é consagrado como o Sangue de Cristo também é vendido sem restrições, perde-se algo essencial.”
A nova política não apenas introduz uma identificação distinta, mas também transfere integralmente o controle da produção e da distribuição à Conferência dos Bispos Católicos do Quênia (KCCB). Segundo o arcebispo Muhatia, o novo vinho, proveniente de um vinhedo sul-africano, é importado e distribuído exclusivamente por canais diocesanos.
“Não está disponível para venda em nenhum outro lugar”, enfatizou. “Pertence à conferência episcopal, o que assegura sua pureza desde a origem.” Cada diocese regulamentará a aquisição e o armazenamento do vinho, conforme seu porte e as necessidades locais. Algumas designarão compradores específicos, enquanto outras permitirão que as paróquias gerenciem os pedidos diretamente.
O objetivo, conforme afirmou o arcebispo Muhatia, é promover a unidade na prática litúrgica sem comprometer a flexibilidade local. Os bispos do Quênia ressaltam que a reforma não busca elitismo ou controle, mas sim reverência. O direito canônico regula rigorosamente a composição e a qualidade tanto do vinho de altar quanto do pão eucarístico, exigindo que o vinho seja “natural, do fruto da videira, puro e dentro da validade, sem mistura de substâncias estranhas”.
O presidente da Conferência dos Bispos Católicos do Quênia (KCCB) destacou que a Igreja revisará periodicamente essas normas para assegurar que o ofertado no altar atenda aos requisitos espirituais e canônicos.
A reforma foi acolhida com entusiasmo pelos fiéis. Para muitos dos cerca de 10 milhões de católicos quenianos, que representam aproximadamente um quinto da população, a medida reflete um esforço há muito aguardado para restaurar a dignidade da Eucaristia.
Com informações Zenit/ BBC
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