“Cardeal Merry del Val foi um verdadeiro diplomata do encontro”, assegura Leão XIV
Este Servo de Deus foi apresentado pelo Pontífice como um exemplo de “fidelidade, discrição e dedicação”, sendo “uma das figuras mais significativas da diplomacia papal do século XX”.
Cidade do Vaticano (14/10/2025 12:22, Gaudium Press) O Papa Leão XIV recebeu em audiência na Sala Clementina do Vaticano os participantes do Encontro de Estudo sobre a vida e o legado do Cardeal Rafael Merry del Val, por ocasião do 160º aniversário do seu nascimento. Este Servo de Deus foi apresentado pelo Pontífice como um exemplo de “fidelidade, discrição e dedicação”, sendo “uma das figuras mais significativas da diplomacia papal do século XX”.
Diante de um público de 250 pessoas, Leão XIV recordou a origem de Merry del Val, nascido em Londres no ano de 1865, filho de pai diplomata espanhol e mãe inglesa. “Ele cresceu respirando a universalidade, que mais tarde reconheceria como vocação da Igreja, e essa educação o preparou como um instrumento dócil para o serviço diplomático da Santa Sé em um tempo marcado por grandes desafios”, destacou.
Sua juventude não foi obstáculo
Ainda jovem serviu ao Papa Leão XIII, sendo enviado como Delegado Apostólico ao Canadá, onde trabalhou pela unidade da Igreja e pela educação católica. Ele também foi aluno da atual Pontifícia Academia Eclesiástica, “instituição que mais tarde presidiria e que hoje, celebrando 325 anos de história, recorda a sua longa tradição de formar corações para o serviço fiel e generoso da Sé Apostólica”. Foi ali que compreendeu que a diplomacia da Igreja floresce quando é vivida na fidelidade sacerdotal.
Com apenas 35 anos Merry del Val foi nomeado Arcebispo titular de Niceia e, alguns anos depois, em 1903, aos 38 anos, São Pio X o criou Cardeal e o escolheu como seu Secretário de Estado. Sua juventude não foi obstáculo, observou Leão XIV, ressaltando que a verdadeira maturidade não depende de anos, mas da identificação com a medida da plenitude em Cristo.
Leão XIV destacou que o Cardeal Merry del Val não foi um mero “diplomata de escritório” e que as marcas em seu caminho foram “fidelidade, discrição e dedicação”. Ele era reconhecido pelas crianças e jovens do bairro de Trastevere, em Roma, como um padre próximo, pai e amigo, lhes oferecendo catequese, confissão e acompanhando cada um com amor. E foi exatamente isto que conferiu à sua figura uma riqueza particular, pois ele soube unir o serviço à Igreja universal com a atenção concreta aos pequenos.
Ladainha da Humildade: modelo para todos os que exercem responsabilidade na Igreja
O Papa também fez uma breve reflexão sobre a Ladainha da Humildade, composta pelo Cardeal Merry del Val. Nela é revelado “o espírito com o qual ele desempenhou seu serviço, descrevendo um modelo válido para todos os que exercem responsabilidade na Igreja e no mundo, e especialmente para os diplomatas da Santa Sé”. Ele “nos mostrou o lugar do diplomata: procurar fazer com que a vontade de Deus seja cumprida por meio do ministério de Pedro, além dos interesses pessoais”. Aqueles que servem na Igreja não devem buscar que sua própria voz prevaleça, mas sim que a verdade de Cristo fale. E nessa renúncia, se descobre a liberdade do verdadeiro servo.
Em seguida, destacou duas frases que resumem a vida do Cardeal Merry del Val. A primeira é seu lema episcopal e está escrita em seu túmulo: ‘Da mihi animas, cetera tolle’ (‘Dai-me almas, tire o resto’). “Ele procurou reduzir seu nome a essa mera súplica. Sem honrarias, sem títulos, sem biografia; apenas o clamor do coração de um pastor”, ressaltou.
Já a segunda frase é retirada da Ladainha da Humildade: ‘Que os outros sejam mais santos do que eu, desde que eu seja tão santo quanto puder ser’. Leão XIV explica que aí está o tesouro da vida cristã “a santidade não se mede pela comparação, mas pela comunhão. O Cardeal compreendeu que devemos trabalhar pela nossa própria santidade enquanto promovemos a dos outros, caminhando juntos em direção a Cristo. Esta é a lógica do Evangelho e deve ser a da diplomacia papal: unidade e comunhão, sabendo que cada pessoa é chamada a ser o mais santa possível”
Verdadeiro diplomata do encontro
Por fim, o Papa manifestou seu desejo de que a memória deste “verdadeiro diplomata do encontro seja fonte de profunda gratidão e inspiração para todos nós, especialmente para aqueles que colaboram com o Sucessor de Pedro na diplomacia e que a Virgem Maria a quem Rafael Merry del Val amava com ternura filial, ensine às nossas famílias, aos diplomatas da Santa Sé e a todos aqueles que exercem o serviço na Igreja, a unir verdade e caridade, prudência e audácia, serviço e humildade, para que em tudo só Cristo resplandeça”. (EPC)
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