‘Amor aos pobres’ é o tema da primeira Exortação Apostólica do Papa Leão XIV
O documento, divulgado na manhã desta quinta-feira, foi iniciado pelo Papa Francisco meses antes de seu falecimento e concluído pelo atual Pontífice.
Cidade do Vaticano (09/10/2025 10:30, Gaudium Press) A Sala de Imprensa da Santa Sé apresentou, durante coletiva de imprensa realizada no Vaticano, na manhã desta quinta-feira, 9 de outubro, o conteúdo da primeira Exortação Apostólica do Papa Leão XIV. O documento, intitulado ‘Dilexi te’ (‘Eu te amei’), trata sobre o amor aos pobres.
A coletiva contou com a participação do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni; do esmoleiro pontifício, Cardeal Konrad Krajewski; do prefeito do dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Michael Czerny, s.j.; o provincial dos Frades Menores de França/Bélgica, Frei Frédéric-Marie Le Méhauté; e a Irmã Clémence, Irmãzinha de Jesus da Fraternidade das Três Fontes.
De acordo com Matteo Bruni, o documento traz uma reflexão sobre o amor da Igreja para com os pobres, dando continuidade à encíclica Dilexit nos, ‘Amou-nos’, escrita pelo Papa Francisco, que trata sobre o amor humano e divino do coração de Jesus.
A Igreja sempre está pronta a ajudar os pobres
Já o Cardeal Konrad Krajewski explicou que “este documento nos fala um pouco que, através dos séculos, vê-se que a Igreja sempre está pronta a ajudar os pobres. Foi isso que Jesus sempre fez. Da manhã à noite buscava pessoas que precisam Dele. Ele próprio buscava as pessoas. Ele saía para procurar as pessoas”.
O purpurado, que é o responsável pelas obras de caridade do Papa, recordou que no Evangelho existe o ‘hoje’, amanhã não é seguro e ontem já é história, por isso a resposta aos pobres é no agora. Ele ressaltou que é bonito ver como Leão XIV chama a atenção para esse tema mostrando que isso é parte essencial do caminho da Igreja.
Herança do Papa Francisco
Essa exortação apostólica foi iniciada pelo Papa Francisco meses antes de seu falecimento e, assim como ocorreu com a ‘Lumen Fidei’, do Papa Bento XVI, recolhida em 2013 por Jorge Mario Bergoglio, o sucessor no pontificado herdou e completou a obra, acrescentando algumas reflexões específicas.
No documento Leão XIV analisa os ‘rostos’ da pobreza: em quesito material, mas também moral, espiritual, cultural, bem como a pobreza “de quem não tem direitos, nem lugar, nem liberdade”. O Pontífice acredita ser insuficiente o compromisso de eliminar as causas estruturais da pobreza em sociedades marcadas por numerosas desigualdades, pelo surgimento de novas formas de pobreza “mais sutis e perigosas” e por regras econômicas que aumentaram a riqueza, “mas sem equidade”. O Santo Padre também denuncia a “ditadura de uma economia que mata”, referindo-se à disparidade do crescimento dos ganhos de ricos e pobres.
Obras da Igreja em favor dos migrantes
Nessa Exortação Apostólica também é abordado o tema das migrações, lamentando que “infelizmente, à parte de alguma momentânea comoção, acontecimentos semelhantes estão a tornar-se cada vez mais irrelevantes, como notícias secundárias”. Também se recorda das obras da Igreja em favor dos migrantes, retomando os ‘quatro verbos’ do Papa Francisco: “Acolher, proteger, promover e integrar”. Os pobres são apresentados não apenas como objeto de nossa compaixão, mas como “mestres do Evangelho”.
O Pontífice recorda ainda as milhares de pessoas que morrem diariamente “por causas relacionadas com a desnutrição” e “as mulheres que padecem situações de exclusão, maus-tratos e violência, porque frequentemente têm menos possibilidades de defender os seus direitos” e faz uma reflexão aprofundada sobre as causas da pobreza. “Os pobres não existem por acaso ou por um cego e amargo destino. Muito menos a pobreza é uma escolha, para a maioria deles. No entanto, ainda há quem ouse afirmá-lo, demonstrando cegueira e crueldade”.
Praticar a esmola para tocar a carne sofredora dos pobres
Leão XIV lamenta que o exercício da caridade às vezes é “desprezado ou ridicularizado, como se fosse uma fixação somente de alguns e não o núcleo incandescente da missão eclesial”. Advertindo que a esmola é raramente praticada e frequentemente desprezada, o Santo Padre exorta aos cristãos para que não renunciem este gesto, que pode ser feito de várias maneiras. “Precisamos praticar a esmola para tocar a carne sofredora dos pobres”, afirma.
Por fim, o Pontífice convida os católicos para que se deixem “evangelizar pelos pobres” e que não considerem os pobres como um simples problema social, mas como uma questão familiar. “A relação com eles não pode ser reduzida a uma atividade ou departamento da Igreja. Os pobres ocupam um lugar central na Igreja”, concluiu. (EPC)
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