“Rezem o Rosário todos os dias, para alcançar a paz no mundo”
No atual cenário dramático de uma terceira guerra mundial em pedaços, também eu me dirijo aos poderosos do mundo, repetindo o apelo sempre atual: ‘Nunca mais a guerra!’”
Redação (05/10/2025 11:02, Gaudium Press) Guerra e paz, palavras que ressoam nos ouvidos de todos os homens e mulheres do mundo ao longo dos séculos. De modo particular, o século passado foi marcado por duas guerras mundiais, com milhões e milhões de mortos e, atualmente, sob o risco do início de uma Terceira Guerra Mundial.
“Rezem o rosário todos os dias”, dizia a Virgem Maria, em Fátima, em 1917, aos três pastorinhos, “para alcançar a paz no mundo”, que se encontrava em meio à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
São Luís Maria G. de Montfort considera o Rosário uma devoção característica dos predestinados, distintivo de muitas ordens religiosas e objeto de piedade de todo o verdadeiro católico.
Tempo houve em que todo o católico levava consigo o rosário o dia inteiro, como se fosse uma corrente de ligação com Nossa Senhora, que afasta o demônio e atrai a graça de Nossa Senhora. Ele passou a ser um elemento de luta permanente contra o demônio. Aí se compreende porque o Rosário é a devoção mais combatida, silenciada e esquecida; porque o demônio sente e sabe que, por meio do Rosário, a Virgem dispensa muitas graças.
Já o Papa São João Paulo II comentava em sua encíclica Rosarium Virginis Mariae (16-10-2002) que as circunstâncias históricas ajudam a dar um novo impulso à propagação da recitação do Santo Rosário, “antes de tudo, a urgência de implorar a Deus o dom da paz”, pois “não se pode recitar o Rosário sem se sentir envolvido num compromisso concreto de servir a paz”.
Através da recitação do Rosário, contemplam-se os mistérios da vida pública de Cristo, desde o Batismo até à Paixão, de tal forma que se pode dizer que, embora se distinga pelo seu caráter mariano, é uma oração Cristocêntrica que, na sobriedade das suas partes, concentra em si a profundidade de toda a mensagem evangélica, podendo-se afirmar que é plenamente um “compêndio do Evangelho”, encontrando nele os mais preciosos tesouros teológicos que o tornam uma obra-prima da espiritualidade e da Doutrina Católica.
Ao pronunciar as orações vocalmente, meditamos, ao mesmo tempo, sobre os Mistérios da vida de Nossa Senhora e de Nosso Senhor Jesus Cristo. É uma conjunção especial em que, enquanto os lábios pronunciam uma súplica, o espírito se concentra em um ponto do mistério percorrido; ligação com Deus durante esta oração, por meio da Medianeira de todas as Graças, a Santíssima Virgem.
Assim era antigamente, e ainda continua, a tradição de enterrar os mortos levando em suas mãos um pequeno crucifixo e um rosário entrelaçado, elemento inseparável da verdadeira piedade cristã.
Apenas uma intervenção do Alto
No início do terceiro milênio, São João Paulo II pensava que “apenas uma intervenção do Alto seria capaz de orientar os corações daqueles que vivem situações conflituosas e daqueles que dirigem os destinos das nações”.
Situando-nos no contexto contemporâneo, marcado por conflitos diversos, alguns caracterizados por violência inimaginável, observa-se uma configuração que sugere uma espécie de terceira guerra mundial ou, ainda, a iminência de uma terrível guerra termonuclear.
Era a insistência naquele momento, e é a insistência atual do Santo Padre Leão XIV, na recitação do Rosário, pois “é, por natureza, uma oração orientada para a paz, precisamente porque consiste na contemplação de Cristo, Príncipe da paz, e em seu caráter meditativo exerce sobre o orante uma ação pacificadora, “predispondo-o a espalhar ao seu redor aquela paz verdadeira que é um dom especial do Ressuscitado” (João Paulo II, Rosarium Virginis Mariae). Oração antiga e sempre nova, contemplativa e cristocêntrica, apreciada pelos santos e promovida pelo Magistério da Igreja. Com sua simplicidade e profundidade, em dois mil anos, não perdeu a novidade de suas origens.
Por que é tão necessário rezar o Rosário nos dias de hoje?
Este foi o motivo pelo qual o Papa Leão XIV anunciou – ao final da audiência de quarta-feira, 24 de setembro – uma iniciativa de oração para o mês de outubro, dedicado ao Santo Rosário, exortando os fiéis a rezá-lo pela paz; ao mesmo tempo, convidando-os a participar da recitação do Rosário na Praça de São Pedro, no Vaticano, no dia 11 de outubro, às 18h. Convocação especial: rezar pela paz em um contexto marcado pela guerra.
Estas foram suas palavras: “Queridos irmãos e irmãs, o mês de outubro, já próximo, é dedicado na Igreja ao santo Rosário. Por isso, convido todos, em cada dia do próximo mês, a recitar o Rosário pela paz, pessoalmente, em família e em comunidade”.
O dom da paz marca o magistério de Leão XIV. Recém-eleito Papa, ele repetiu a palavra paz até dez vezes em sua primeira bênção Urbi et Orbi: “Esta é a paz de Cristo ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante” (8-5-2025).
Não podemos desconsiderar o drama que paira sobre o mundo: “A imensa tragédia da Segunda Guerra Mundial terminou há 80 anos, em 8 de maio, depois de ter causado 60 milhões de vítimas. No dramático cenário atual de uma terceira guerra mundial travada aos poucos, dirijo-me aos poderosos do mundo, repetindo o apelo sempre atual: nunca mais a guerra!”.
E destacou a seguir: “Quantos outros conflitos existem no mundo! Confio à Rainha da Paz este apelo comovido, para que seja Ela a apresentá-lo ao Senhor Jesus, a fim de obtermos o milagre da paz”. (11-5-2025).
O Santo Padre, saudando os fiéis de língua portuguesa, disse-lhes: “Queridos irmãos e irmãs, neste nosso tempo, entre os escombros do ódio que mata, sejamos portadores do amor de Jesus que ilumina e reergue a humanidade. Deus vos abençoe!”
Por Pe. Fernando Gioia, EP
(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica de El Salvador, 5 de outubro de 2025)
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