Guarda Suíça Pontifícia apresenta novo uniforme “meia gala”
A Guarda Suíça Pontifícia anunciou a reintrodução de um uniforme de “meia gala” exclusivo para os nove oficiais de maior patente, que havia sido abolido há quase meio século.
Fotos: Vatican News
Redação (04/10/2025 12:18, Gaudium Press) O traje foi apresentado em 2 de outubro passado, no pátio do quartel do Vaticano, e estreou oficialmente em 3 de outubro. Ele foi utilizado pelos guardas durante as celebrações da cerimônia de juramento dos novos recrutas, hoje, 4 de outubro. Nesse ato solene, os jovens suíços prestaram o juramento de proteger o Sumo Pontífice, mesmo ao custo da própria vida.
Criada em 1506 pelo Papa Júlio II, a Guarda Suíça é o menor exército do mundo, contando com 135 membros, e um dos mais antigos em atividade. Há mais de cinco séculos, esses soldados suíços dedicam-se à proteção do sucessor de São Pedro, com uma história marcada por lealdade e sacrifício.
Um dos episódios mais emblemáticos ocorreu em 6 de maio de 1527, durante o Saque de Roma, quando 189 guardas enfrentaram as tropas imperiais espanholas, lutando até a morte para proteger o Papa Clemente VII. Apenas 42 sobreviveram, possibilitando que o Pontífice se refugiasse no Castelo de Santo Ângelo.
Desde então, a data de 6 de maio é tradicionalmente reservada para o juramento anual dos novos recrutas. Contudo, em razão do falecimento do Papa Francisco e do conclave que elegeu Leão XIV, a cerimônia deste ano foi excepcionalmente transferida para 4 de outubro, coincidindo com o aniversário do Saque de Roma. Essa escolha simboliza a continuidade do compromisso histórico de fidelidade da Guarda Suíça ao Papado.
O uniforme da Guarda Suiça
O célebre uniforme de gala da Guarda Suíça Pontifícia, em uso atualmente, foi desenhado por Jules Répond, comandante entre 1910 e 1921, inspirando-se no modelo tradicionalmente atribuído a Michelangelo, por volta de 1505. Considerado um dos uniformes militares mais antigos do mundo, destaca-se por ser mais vistoso, alegre e colorido.
As cores azul, vermelho e amarelo são características da família Médici. As faixas azuis e amarelas interrompem fluidamente o vermelho das mangas e calças. Após extensa pesquisa e com base nos afrescos de Rafael, no início do século XX, o chapéu foi substituído pela boina atual, na qual a patente pode ser identificada. A gola do uniforme também foi posteriormente modificada: a atual gola branca lisa substituiu a plissada.
Na Páscoa, no Natal e durante a cerimônia de Juramento, os guardas usam uma couraça do século XVII sobre o uniforme de gala completo, além de luvas e colarinho brancos. O traje dos alabardeiros é completado por um capacete prateado com pluma vermelha. Os oficiais, sob a armadura, usam um uniforme de gala completo vermelho, luvas e colarinho brancos, além de um capacete prateado com pluma roxa escura.
O uniforme intermediário havia sido abolido em 1976, deixando um vazio entre o uniforme diário e o uniforme de gala. As tentativas de atualizá-lo nos últimos anos não respeitavam a tradição, levando o Corpo a encomendar uma reprodução mais próxima do original.
O coronel Christoph Graf, comandante da Guarda, explicou à VaticanNews: “O novo uniforme cerimonial é reservado, exclusivamente, aos nove oficiais de mais alta Patente. Baseia-se no uniforme introduzido no início do século XIX, não mais usado desde 1976. Desde então, permaneceram apenas o uniforme de desfile, com cores vibrantes, e o uniforme de grande gala. Não havia meio-termo. Hoje, estamos reintroduzindo-o, fiel à nossa história, mas adaptado ao presente”.
O novo uniforme é de lã, com botões dourados ligeiramente maiores que o original do século XIX; cinto amarelo e branco, as cores da Santa Sé com a fivela característica da Guarda Suíça Pontifícia; gola Mao, de acordo com o modelo histórico; sem as dragonas douradas; o elmo foi substituído pelo tschako, chapéu de estilo alemão, decorado conforme o posto de cada oficial.
Os uniformes são confeccionados em uma alfaiataria tradicional, em Rothenthurm, Cantão de Schwyz, por um preço de cerca de 2.000 euros cada. Foram confeccionados apenas nove.
Apesar da introdução do novo uniforme, o comandante Graf enfatizou que a imagem icônica do exército pontifício permanecerá inalterada: “Os visitantes continuarão a nos ver com o uniforme de gala renascentista, que é o mais fotografado e reconhecido mundialmente.”
O novo uniforme será utilizado em ocasiões de recepções, jantares oficiais ou visitas a embaixadas. Até agora, os oficiais usavam terno e gravata em tais ambientes.
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