China consagra novo bispo para diocese criada por Leão XIV
Com a aprovação de Leão XIV, Monsenhor Wang Zhengui foi ordenado bispo de Zhangjiakou, na “nova” diocese que substitui as sedes de Xuanhua e Xiwanzi.
Foto: chinacatholic.cn
Redação (11/09/2025 09:33, Gaudium Press) Há dois meses, o Papa suprimiu as dioceses de Xiwanzi e Xuanhua, criando a nova diocese de Zhangjiakou e nomeando como seu primeiro bispo, no âmbito do Acordo Provisório com o governo chinês, o padre Joseph Wang Zhengui, que recebeu a consagração episcopal nesta última quarta-feira, 10 de setembro.
Esta ordenação episcopal nos termos do Acordo Provisório entre Pequim e a Santa Sé sobre a nomeação de bispos é um passo extremamente significativo para a província em questão, Hebei, onde a presença católica é historicamente mais significativa, mas também mais fortemente marcada nos últimos anos pelas pressões sobre as comunidades “clandestinas”, que até agora se recusaram a aderir aos organismos oficiais da Igreja na China controlados pelas autoridades de Pequim.
Neste contexto, Leão XIV – em continuidade com as últimas nomeações do Papa Francisco – decidiu dar luz verde à ordenação episcopal de um bispo na cidade de Zhangjiakhou: trata-se de Mons. Giuseppe Wang Zhengui, 62 anos, o sacerdote “oficial” que, de fato, já há algum tempo, na capital administrativa da parte noroeste de Hebei, liderava o que para Pequim era a diocese local. Com este ato, o pontífice, “no desejo de promover o cuidado pastoral do rebanho do Senhor e de atender mais eficazmente ao seu bem espiritual” – escreve a Sala de Imprensa do Vaticano –, suprimiu as anteriores dioceses de Xuanhua e Xiwanzi, duas das que foram erigidas em 1946 por Pio XII, fazendo-as confluir na nova sede episcopal de Zhangjiakou. A nova diocese, escreve a Santa Sé, se estende por toda a cidade capital de Zhangjiakhou e “conta com cerca de 85 mil católicos, atendidos por 89 sacerdotes”.
Presidiu a cerimônia o bispo de Pequim, Dom Li Shan, que também é presidente da Associação Patriótica, juntamente com o bispo Guo Jincai, da diocese de Chengde, o bispo Feng Xinmao, da diocese de Hengshui, o bispo Li Liangui, da diocese de Cangzhou, o bispo Sun Jigen, da diocese de Handan, e o bispo An Shuxin, da diocese de Baoding. Segundo relatos de fontes católicas oficiais chinesas, mais de 50 padres da província de Hebei participaram da liturgia, além de cerca de 300 representantes entre freiras, religiosos e leigos.
Dom Wang Zhengui nasceu em 19 de novembro de 1962 na cidade de Zhangjiakou. Depois de frequentar o Seminário Teológico Católico de Hebei, foi ordenado em 24 de maio de 1990 para a diocese de Xianxian, exercendo depois seu ministério na paróquia de Qujiazhuang, que também se encontra dentro da grande cidade de Zhangjiakou. Desde meados da primeira década dos anos 2000, ele ocupou cargos de liderança em organismos católicos oficiais da província de Hebei.
A aprovação da ordenação de Dom Wang Zhengui tem um significado que vai além da simples reorganização das dioceses de acordo com os limites administrativos, algo que já ocorreu em outras dioceses chinesas e em outras áreas do mundo. A supressão das dioceses de Xuanhua e Xiwanzi soa também como uma mensagem às comunidades “clandestinas” de Hebei, que em ambas tinham sua própria liderança pastoral. A de Xuanhua era a diocese de Dom Agostino Cui Tai, bispo clandestino hoje com 75 anos, ordenado em 2013 como bispo coadjutor por Dom Tommaso Zhao Duomo, o qual faleceu em 2018. Nunca reconhecido pelas autoridades oficiais devido à sua recusa em aderir à Associação Patriótica, Dom Agostino Cui Tai é um prelado que – como AsiaNews já relatou várias vezes – foi repetidamente submetido a medidas restritivas para impedi-lo de exercer seu ministério. A nota do Vaticano de hoje não faz qualquer menção ao seu destino. Está marcada a cerimônia de posse como “bispo auxiliar” de Zhangjiakhou de Mons. Giuseppe Ma Yanen, a quem foi confiada a diocese de Xiwanzi.
Parece, portanto, clara a intenção de Leão XIV de continuar a indicar à Igreja na China o caminho da unidade, através das nomeações episcopais. Menos clara, ao contrário, parece ser a sorte daqueles sacerdotes que – em consciência – até agora continuaram a não considerar justo cumprir a obrigação de registro nos órgãos oficiais impostos pelo Partido Comunista Chinês.
O controle político sobre as religiões, incluindo as comunidades católicas, continua a aumentar na China de Xi Jinping. Isso ficou evidente nos últimos dias com o alistamento das próprias Igrejas por ocasião dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, que se tornou para Pequim uma celebração de sua própria força. No site da diocese de Xangai – a de Dom Giuseppe Shen Bin, nomeado unilateralmente em 2023 por Pequim para sua liderança, com a ruptura posteriormente sanada pelo Papa Francisco, e hoje a figura mais proeminente do catolicismo na China continental – destacam-se as notícias e imagens do clero e dos leigos reunidos especialmente pela Igreja local para acompanhar ao vivo em um telão a parada militar com a qual, em 3 de setembro, a China mostrou ao mundo suas novas armas de guerra. A mensagem parece clara: os católicos de Xangai devem estar na linha de frente da fidelidade patriótica que Xi exige de todas as religiões.
Com informações Asianews
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