Leão XIV aos bispos: o dom que receberam é para servir à causa do Evangelho
O Papa recebeu em audiência nesta quinta-feira, 11 de setembro, na Sala do Sínodo, no Vaticano, 192 bispos ordenados no último ano. Em seu discurso, o Pontífice pediu-lhes que “estejam sempre vigilantes e caminhem em humildade e oração” diante dos desafios atuais.
Foto: Vatican News/ Vatican Media
Redação (11/09/2025 09:33, Gaudium Press) A formação para bispos de recente nomeação, organizada pelo Dicastério para a Evangelização e pelo Dicastério para os Bispos, intitulada “Testemunhas e anunciadores da esperança fundada em Cristo”, teve início em 3 de setembro e termina nesta quinta-feira, 11 de setembro. Na sala do Sínodo, no Vaticano, os bispos nomeados ao longo do último ano tiveram direito a uma série de encontros sobre temas que podem ser úteis para a atividade pastoral, administrativa e para a reflexão pessoal e comunitária nas dioceses de origem.
Ao final desses cursos, ministrados por alguns superiores da Cúria Romana e personalidades eclesiásticas e não eclesiásticas, especialistas em suas áreas de competência, o Santo Padre recebeu em audiência os 192 participantes.
Servir a fé do povo
“O dom que vocês receberam não é para vocês mesmos, mas para servir à causa do Evangelho”, lembrou-lhes o Papa. E continuou: “Vocês foram escolhidos e chamados para serem enviados, como apóstolos do Senhor e como servos da fé”, pois “o bispo é um servo” e é chamado “a servir a fé do povo”.
Para o Sumo Pontífice, o serviço não é uma característica externa ou uma maneira de exercer seu papel. Pelo contrário, aqueles que Jesus chama para serem seus discípulos e anunciarem o Evangelho, em particular os Doze, “devem dar prova de uma liberdade interior, de uma pobreza de espírito e de uma disponibilidade para o serviço que nascem do amor, a fim de encarnar a própria escolha de Jesus, que se fez pobre para nos enriquecer” (cf. 2 Cor 8, 9). Assim, continuou ele, Jesus “manifestou o estilo de Deus, que não se revela a nós no poder, mas no amor de um Pai que nos chama à comunhão com Ele”.
A proximidade com o povo
O Sumo Pontífice pediu ainda aos novos bispos que “estejam sempre vigilantes e caminhem com humildade e oração”, a fim de serem “servidores do povo a quem o Senhor os envia”. Este serviço, insistiu ele, recordando as palavras do seu predecessor, é um “sinal da proximidade de Deus”. “A proximidade com o povo que nos é confiado não é uma estratégia oportunista, mas nossa condição essencial. Jesus gosta de se aproximar de seus irmãos através de nós, através de nossas mãos abertas que acariciam e consolam; através de nossas palavras, pronunciadas para ungir o mundo com o Evangelho e não com nós mesmos; através do nosso coração, quando ele se encarrega das angústias e alegrias de nossos irmãos”, afirmou o Papa Francisco em seu discurso aos bispos que participavam do mesmo curso de formação em 12 de setembro de 2019.
Os bispos diante dos desafios atuais
Leão XIV convidou os participantes a refletirem sobre o que significa ser servos da fé do povo no contexto atual. Por mais importante e necessária que seja, “a simples consciência de que nosso ministério está enraizado no espírito de serviço, à imagem de Cristo, não é suficiente”, afirmou. De fato, o serviço em nome da fé do povo também deve se traduzir “no estilo do apostolado, nas diferentes formas de cuidado e governo pastoral, na aspiração ao anúncio, da maneira mais diversa e criativa possível, de acordo com as situações concretas com as quais vocês se depararem”, sustentou o Sucessor de Pedro.
Para Leão XIV, a crise da fé e da sua transmissão, bem como as dificuldades relacionadas com a pertença e a prática eclesial, “convidam-nos a reencontrar a paixão e a coragem necessárias para um novo anúncio do Evangelho”. Pois muitas pessoas que parecem distantes da fé “muitas vezes voltam a bater à porta da Igreja ou se abrem a uma nova busca de espiritualidade, que às vezes não encontra linguagem nem formas adequadas nas propostas pastorais habituais”. Por isso, o Papa convidou ainda a não esquecer “os outros desafios, de natureza mais cultural e social”, que “nos dizem respeito a todos e que afetam particularmente algumas regiões”, como o “drama da guerra e da violência, o sofrimento dos pobres, a aspiração de muitos a um mundo mais fraterno e solidário”, ou mesmo os “desafios éticos” sobre o valor da vida e da liberdade.
Nesse contexto, a Igreja “envia-vos como pastores atenciosos, cuidadosos, que sabem partilhar o caminho, as questões, as angústias e as esperanças das pessoas”; mas também “pastores que desejam ser guias, pais e irmãos para os sacerdotes e para as irmãs e irmãos na fé”, exortou Leão XIV. “Que o sopro do Espírito nunca vos falte e que a alegria da vossa ordenação, como um perfume suave, possa espalhar-se também sobre aqueles a quem ireis servir”, concluiu o Sumo Pontífice.
Com informações Vatican news
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