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Cardeal do Chile: “com a eutanásia não se alivia nada, acaba-se com uma vida”

“Por trás da ideia de ‘morte digna’ muitas vezes se esconde a pretensão de dispor da vida dos mais fracos e doentes, em vez de acompanhá-los na reta final de sua existência”, afirmou o cardeal de Santiago, Chile.

Foto: Arzobispado de Santiago

Foto: Arzobispado de Santiago

Redação (03/09/2025 10:11, Gaudium Press) O arcebispo de Santiago, Cardeal Fernando Chomalí, participou da sessão da Comissão de Saúde do Senado, onde foi debatido o projeto de lei que visa “estabelecer o direito de optar voluntariamente por receber assistência médica para acelerar a morte em casos de doenças terminais e incuráveis”.

Na sessão, presidida pelo senador Iván Flores, também participaram os senadores Francisco Chahuán, Juan Luis Castro González, Sergio Gahona e Ximena Órdenes. Além do cardeal, também se manifestaram o professor de Direito da Universidade do Chile, Juan Pablo Mañalich, e o médico Juan Carlos Bertoglio. O bispo de San Bernardo, Juan Ignacio González, acompanhou o cardeal Chomalí como membro do Comitê Permanente da Conferência Episcopal do Chile.

Defesa do valor inviolável da vida

Durante sua intervenção, o cardeal reiterou a posição da Igreja Católica em relação à eutanásia, lembrando que a vida humana é um dom inviolável que deve ser protegido: “Por trás da ideia de ‘morte digna’ muitas vezes se esconde a pretensão de dispor da vida dos mais fracos e doentes, em vez de acompanhá-los na reta final de sua existência”.

O prelado questionou o fato de o projeto usar a expressão “assistência médica” para se referir a uma prática cujo objetivo é causar a morte: “A medicina tem outros fins específicos: curar, prevenir, acompanhar. Não tem vocação para acabar com uma vida humana”, sublinhou.

O Cardeal Chomalí alertou que a eutanásia poderia se tornar uma saída mais acessível para aqueles que carecem de recursos e redes de apoio, enquanto as pessoas com maior bem-estar econômico costumam ter acompanhamento e melhores cuidados. “Os mais pobres poderiam ser empurrados para essa opção por abandono e falta de redes”, observou.

Alternativa: cuidados paliativos e acompanhamento

O cardeal insistiu que o caminho deve ser o fortalecimento da medicina paliativa e a promoção de políticas públicas que atendam especialmente aos idosos em matéria de saúde e pensões.

“Com a eutanásia, nada se alivia, acaba-se com uma vida. Mas também temos que ter muito cuidado com o tratamento terapêutico excessivo, que é uma prática indevida da medicina”, pontuou.

Nessa linha, ele pediu que se impulsione a formação universitária em cuidados paliativos e se garanta sua implementação em hospitais e clínicas. “Estamos em dívida com isso. O que devemos incentivar é um verdadeiro tratado de cuidados paliativos em nível universitário e hospitalar”, afirmou.

Visão cultural e social

O cardeal convidou os legisladores a refletirem sobre o contexto cultural que favorece a eutanásia, alertando que a autonomia individual não pode estar acima do senso comunitário e da solidariedade. “O caráter de uma sociedade não se mede apenas por seus índices econômicos ou tecnológicos, mas pela forma como trata os mais fracos e desamparados”, destacou.

Ao concluir, reiterou o pedido da Igreja de adiamento do projeto de lei e de concentração dos esforços no desenvolvimento de políticas de cuidados paliativos: “A aplicação de uma ação humana com a intenção de acabar com a vida, mesmo que a pessoa esteja gravemente doente e mesmo que o solicite, não é aceita sob nenhum ponto de vista”.

Com informações Arzobispado de Santiago

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