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“O amor verdadeiro deve aprender a pedir e não apenas a dar”, afirma Leão XIV

Durante a Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa deu continuidade ao ciclo de catequeses dedicado ao tema “Jesus Cristo nossa Esperança”.

O amor verdadeiro deve aprender a pedir e nao apenas a dar afirma Leao XIV 3

Cidade do Vaticano (03/09/2025 12:48, Gaudium Press) Na manhã desta quarta-feira, 03 de setembro, diante de milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro para a Audiência Geral, o Papa Leão XIV deu continuidade ao ciclo de catequeses dedicado ao tema “Jesus Cristo nossa Esperança”.

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Na Cruz, Jesus não aparece como um herói vitorioso, mas como um mendigo de amor

Refletindo sobre as palavras de Jesus “Tenho sede” e “Tudo está consumado”, proferidas na Cruz, o Santo Padre comentou que estas “são palavras finais, mas carregadas de uma vida inteira, que revelam o sentido de toda a existência do Filho de Deus. Na Cruz, Jesus não aparece como um herói vitorioso, mas como um mendigo de amor. Não proclama, não condena, não se defende. Pede humildemente o que não pode dar a si mesmo”.

O Pontífice ressaltou que “a sede do Crucificado não é apenas a necessidade fisiológica de um corpo torturado. É também, e sobretudo, a expressão de um desejo profundo: o de amor, de relação, de comunhão. É o grito silencioso de um Deus que, tendo querido partilhar tudo sobre a nossa condição humana, deixa-se passar também por essa sede”. Um Deus que não se envergonha de pedir e com este gesto nos diz “que o amor, para ser verdadeiro, deve também aprender a pedir e não apenas a dar”.

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Ninguém pode se salvar sozinho

Desta forma, Nosso Senhor Jesus Cristo “manifesta a sua humanidade e a nossa também”, pois “nenhum de nós é autossuficiente. Ninguém pode se salvar sozinho”. “A vida ‘consuma-se’ não quando somos fortes, mas quando aprendemos a receber. Nesse momento, depois de ter recebido de estranhos uma esponja embebida em vinagre, Jesus proclama: Está consumado. O amor tornou-se carente e, precisamente por isso, consumou a sua obra”, destacou.

Leão XIV explicou que “este é o paradoxo cristão: Deus salva não fazendo, mas deixando-se fazer. Não vencendo o mal pela força, mas aceitando plenamente a fragilidade do amor. Na Cruz, Jesus nos ensina que a realização humana não se alcança pelo poder, mas pela abertura confiante aos outros, mesmo quando hostis e inimigos”. O Papa assegura que “a salvação não reside na autonomia, mas em reconhecer humildemente as próprias necessidades e saber exprimi-las livremente”.

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Capacidade de nos deixarmos amar

“A consumação da nossa humanidade no plano de Deus não é um ato de força, mas um gesto de confiança. Jesus não salva com uma reviravolta dramática, mas pedindo algo que Ele não pode dar a si mesmo. E aqui abre-se uma porta para a verdadeira esperança: se até o Filho de Deus escolheu não ser autossuficiente, então a nossa sede — de amor, de sentido, de justiça — não é um sinal de fracasso, mas de verdade”, afirmou.

Segundo o Santo Padre, “esta verdade, aparentemente tão simples, é difícil de aceitar”, pois “vivemos numa época que preza a autossuficiência, a eficiência e o desempenho. No entanto, o Evangelho nos mostra que a medida da nossa humanidade não é o que podemos conquistar, mas a nossa capacidade de nos deixarmos amar e, quando necessário, até mesmo ajudar”.

“Jesus nos salva mostrando que pedir não é indigno, mas libertador. É a saída do esconderijo do pecado, para reentrar no espaço da comunhão. Desde o princípio, o pecado gerou vergonha. Mas o verdadeiro perdão surge quando conseguimos encarar a nossa necessidade e deixar de temer a rejeição”, ensinou.

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Somos criaturas feitas para dar e receber amor

O Papa disse ainda que “a sede de Jesus na Cruz é a nossa também. É o clamor de uma humanidade ferida que ainda procura água viva. Essa sede não nos afasta de Deus, na verdade une-nos a Ele. Se tivermos a coragem de a reconhecer, podemos descobrir que até a nossa fragilidade é uma ponte para o céu. Precisamente no pedir — não no possuir — abre-se um caminho para a liberdade, porque deixamos de fingir que somos suficientes para nós mesmos”.

Por fim, Leão XIV conclui assegura que “na fraternidade, na vida simples, na arte de pedir sem vergonha e de oferecer sem cálculos, reside uma alegria desconhecida para o mundo. Uma alegria que nos restitui à verdade original do nosso ser: somos criaturas feitas para dar e receber amor. Na sede de Cristo podemos reconhecer toda a nossa sede e aprender que não há nada mais humano, nada mais divino, do que poder dizer: tenho necessidade. Não tenhamos medo de pedir, sobretudo quando sentimos que não merecemos. Não tenhamos vergonha de estender a mão. É aí, nesse gesto humilde, que se esconde a salvação”. (EPC)

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