Quem foi São Roque?
Por que São Roque é representado com um cachorro ou como um peregrino usando capa, chapéu, botas e, às vezes, segurando um cajado? Sua memória é celebrada no dia 16 de agosto.
Redação (16/08/2025 08:57, Gaudium Press) São Roque nasceu em Montpellier, França, entre 1346 e 1350, em plena Guerra dos Cem Anos, durante a grande Peste Negra, que durou dois anos e dizimou um terço da população ocidental.
Seu pai, Jean Roch de La Croix, um dignitário da cidade, foi o primeiro cônsul em 1363. Sua mãe, Dame Libéria, era da Lombardia, e pedia a insistentemente a Nossa Senhora a graça de poder ter um filho. Roque passou a infância em um ambiente profundamente cristão.
Órfão aos 17 anos, rico e culto, decidiu partir para Roma. Porém, antes, distribuiu sua fortuna aos pobres, abandonando assim honras e riquezas, ingressou na Ordem Terceira Franciscana, vestiu o hábito de peregrino, recebeu a bênção do Bispo de Maguelone e partiu em sua jornada.
Provavelmente, ele seguiu pela Via Francigena em direção a Roma. Chegou à cidade de Acquapendente, estando a apenas dois dias de caminhada de Roma. Estava exausto. A viagem havia sido longa, concluída sob um sol escaldante. Pediu informações sobre como chegar ao hospital, um refúgio para doentes e viajantes. Humildemente, solicitou hospitalidade e ofereceu-se, se necessário, para cuidar dos doentes no dia seguinte. Naquele momento, uma febre maligna de malária grassava na região montanhosa dos Apeninos, com consequências fatais. E o hospital estava repleto de doentes com a peste. São Roque permaneceu lá por três meses, ajudando simultaneamente na cura de doenças físicas e feridas da alma. Ele colocou em prática os ensinamentos médicos recebidos, combinando-os com os sinais da cruz e uma oração aos doentes, e obteve inúmeras curas. Seu carisma com os doentes foi indubitavelmente revelado naquele momento.
Retomou sua viagem a Roma quando soube que em Cesena, na direção oposta à sua, a epidemia se alastrava. Foi para lá, fazendo o que Deus esperava dele, obtendo novamente curas milagrosas. Finalmente chegou a Roma no início de 1368 e saiu em 1370 para retornar à sua terra natal. Em julho de 1371, estava em Piacenza, no Hospital de Nossa Senhora de Belém, perto da Igreja de Santa Ana, onde assistiu, curou e consolou os doentes.
Incansavelmente, dia e noite, Roque cuidava dos doentes, supervisionava o enterro dos mortos, confortava os agonizantes, tocava suas feridas enegrecidas com as mãos e acolhia crianças para protegê-las do mal. E então, um dia, ele próprio foi acometido pela peste. Roque entrou em um bosque para evitar contagiar outras pessoas e esperar a morte. Entretanto, um milagre aconteceu. Neste lugar, brotou uma fonte e um cão ia todos os dias trazer-lhe pão. Por isso, São Roque é o protetor dos doentes e dos animais de estimação, sendo frequentemente representado acompanhado por este cão fiel.
Uma vez curado, Roque partiu novamente, viajando pelas estradas da Lombardia, a caminho de Milão, que era palco de uma guerra entre o Duque de Milão, Bernardo Visconti, seu irmão Galeazzo II e a liga formada pelo Papa Urbano V, liderada por Amedeo VI de Saboia. Esse conflito durou de 1371 a 1375. E Roque foi preso.
Qual foi o motivo dessa prisão? Biógrafos modernos levantam a hipótese de que Roque foi confundido com um enviado da Santa Sé — e, portanto, um inimigo ou espião. É certo que o prisioneiro não ofereceu resistência a essa prisão arbitrária, não fez nenhum pedido de defesa… e não fez nenhuma representação ao governador, que, segundo a tradição, era um de seus parentes. Ele ofereceu apenas um silêncio impecável, seguindo o exemplo de Cristo durante sua Paixão.
Sua prisão durou cinco anos. Segundo a tradição, ele só revelou sua identidade a um padre na véspera de sua morte, ocorrida em 16 de agosto de um ano entre 1376 e 1379. Acredita-se que tenha sido na terça-feira, 16 de agosto de 1379. Testemunhas afirmaram que a masmorra se iluminou e que o último desejo de Roque ao anjo que veio ajudá-lo foi que intercedesse pelo povo sofredor. Ele só foi identificado, graças à sua marca de nascença em forma de cruz no peito.
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