Gaudium news > Tilma de Nossa Senhora de Guadalupe, inexplicável para a ciência

Tilma de Nossa Senhora de Guadalupe, inexplicável para a ciência

Há diversos estudos científicos sobre o manto (tilma) do índio São Juan Diego, no qual a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe foi milagrosamente impressa em 12 de dezembro de 1531, e o qual permanece intacto até hoje.

Imagem original de Nossa Senhora de Guadalupe, fotografada em outubro de 2017 – Basílica de Santa Maria de Guadalupe, México. Fotos: Lúcio Alves

Imagem original de Nossa Senhora de Guadalupe, fotografada em outubro de 2017 – Basílica de Santa Maria de Guadalupe, México. Fotos: Lúcio Alves

Redação (01/08/2025 09:42, Gaudium Press) O site La Nuova Bussola entrevistou David Caron Olivares, autor do livro Nuestra Señora de Guadalupe. La imagen ante el reto de la Historia y de la Ciencia, após uma conferência sobre o tema na Itália, realizada em 22 de julho, no santuário milanês de Santa Maria alla Fontana.

A seguir apresentamos uma tradução da entrevista.

Ao longo dos séculos, foram realizadas várias pesquisas científicas sobre a tilma que traz impressa a imagem da Virgem de Guadalupe: o que essas pesquisas nos dizem?

Resumimos alguns dos fatos inexplicáveis para a ciência relacionados à imagem impressa na tilma de São Juan Diego:

Imagem original de Nossa Senhora de GuadalupeO tecido da tilma ainda está intacto e não sofreu nenhuma deterioração, apesar de ser feito de uma fibra vegetal que normalmente se desintegra em pequenos fragmentos em menos de vinte anos. Este tecido não sofreu a menor deterioração, nem pelo contato com a multidão, nem pela fumaça das inúmeras velas, nem pela poeira, apesar de ter ficado exposto sem qualquer proteção por 116 anos, já que o primeiro vidro protetor foi colocado em 1647.

A extraordinária delicadeza da imagem, impossível de ser realizada, mesmo por um pintor experiente, sobre este suporte áspero sem qualquer tipo de preparação prévia.

As cores conservam uma luminosidade extraordinária, quando deveriam ter desbotado, mudado de tonalidade e rachado, não estando protegidas por qualquer verniz.

Em 1785, uma quantidade de ácido altamente concentrado e corrosivo, como o ácido nítrico, foi derramada sobre a imagem, sem destruir o tecido.

Na córnea e nas pupilas dos olhos da Virgem há reflexos das pessoas presentes no escritório do bispo durante o aparecimento da imagem no manto. Esses reflexos foram revelados por estudos realizados no século XX por cientistas especializados em oftalmologia.

As estrelas no manto, que correspondem às constelações do Norte e do Sul visíveis do México em 12 de dezembro, dia da última aparição.

Em 1921, uma bomba explodiu diante da imagem, deixando-a intacta, enquanto o crucifixo que se encontrava no mesmo local ficou visivelmente danificado.

Entre os primeiros a aprofundar o mistério da imagem impressa no manto de São Juan Diego estavam alguns pintores, principalmente nos séculos XVII e XVIII. O que as pesquisas e os experimentos pictóricos realizados na tilma revelaram?

A imagem foi estudada por vários grupos de pintores e médicos, particularmente em 1666 e 1751.

Em 1666, sete grandes pintores da Nova Espanha examinaram diretamente a imagem e publicaram os resultados de sua perícia. Eles declararam que era impossível que um artista pudesse pintar uma obra como aquela em um tecido tão grosseiro e obter tal beleza no rosto. Uma obra sobrenatural, disseram eles. Ao mesmo tempo, três médicos chegaram à mesma conclusão: “Humanamente, não é possível explicar o fenômeno observado”. Os três médicos declararam unanimemente que – devido à elevada umidade presente na capela, causada pelo ar proveniente do sistema lacustre do México, e à forte presença de sais no ar provenientes do rio salgado de Tlalnepantla (hoje não existe mais) – a imagem, exposta ao ar livre, deveria apresentar um grande número de sinais evidentes de corrosão. A conservação do tecido e da imagem impressa nele são inexplicáveis, levando em conta a umidade que os cerca e a atmosfera salobra que afeta até mesmo os metais; as cores estão impregnadas no tecido, de tal forma que o atravessam e o tornam visível na parte de trás da imagem, o que demonstra que o tecido não havia sido preparado para ser pintado, tornando inexplicável o fato de a imagem ainda estar lá.

Com a aprovação do Conselho do Santuário de Guadalupe, em 30 de abril de 1751, Miguel Cabrera e outros seis pintores dedicaram-se a examinar minuciosamente a imagem, retirando-a da moldura e removendo o vidro que a protegia. Quais foram as suas conclusões?

a) a durabilidade do tecido é inexplicável, considerando os seus 220 anos de idade na época;

b) a tilma é feita de um tecido de origem vegetal;

c) o tecido não foi previamente preparado para ser pintado e a imagem é visível pelo verso;

d) o desenho e os traços de Nossa Senhora são impecavelmente proporcionados e desenhados.

Este grande pintor mexicano, Miguel Mateo Maldonado y Cabrera, fundou a primeira academia de pintura do México em 1753 e escreveu, em 1756, um importante tratado intitulado Maravilla americana y conjunto de raras maravillas observadas según las reglas del arte y la pintura (Maravilha americana e conjunto de raras maravilhas observadas segundo as regras da arte e da pintura), no qual evoca a perfeição da imagem do ponto de vista artístico. Ele mostrou como o artista utilizou os defeitos da tela para representar o rosto: “A boca é uma maravilha, tem lábios muito finos e o lábio inferior cai misteriosamente em um defeito ou nó da tela, para dar a graça de um leve sorriso”.

Alguns são céticos quanto à origem milagrosa da tilma, destacando a presença de algumas intervenções humanas secundárias, como a prata da lua, o ouro dos raios solares e das estrelas, o branco das nuvens. Quando essas intervenções ocorreram? E por que elas não diminuem o fato milagroso que aconteceu em 12 de dezembro de 1531?

Algumas dessas intervenções são contemporâneas à aparição milagrosa de 1531, outras são posteriores. Embora seja difícil precisar as datas exatas de cada uma delas, sabe-se que, ao longo dos séculos, foram feitos retoques e repinturas em momentos diferentes. No entanto, essas intervenções humanas não diminuem o milagre da aparição da imagem por várias razões fundamentais. A imagem original é inexplicável; os estudos científicos mais rigorosos sobre a tilma, ao longo dos séculos, encontraram características que desafiam qualquer explicação humana ou técnica conhecida na época, tais como: a durabilidade do tecido, a ausência de pinceladas, os reflexos nos olhos que correspondem aos que se produziriam num olho humano, etc.

As intervenções humanas são limitadas a alguns detalhes e são superficiais, sem afetar a essência ou o mistério da imagem principal. Em outras palavras, o que é considerado milagroso é a própria existência da imagem e suas propriedades inexplicáveis no tecido de agave (NT. a fibra têxtil extraída do agave é o sisal), não os pequenos retoques posteriores que podem ter sido adicionados em épocas posteriores por motivos de devoção ou embelezamento. Em resumo, os céticos podem destacar as intervenções humanas, mas estas são elementos secundários que não alteram nem refutam as propriedades extraordinárias e cientificamente inexplicáveis da imagem original na tilma, que continua a ser o centro do milagre de Guadalupe.

Um dos estudos científicos mais famosos foi realizado em 1936 por Richard Kuhn, futuro Prêmio Nobel de Química. O que Kuhn descobriu com suas análises da tilma?

Kuhn chegou a conclusões muito surpreendentes, indicando que em nenhuma das duas fibras examinadas, uma de cor vermelha e outra de cor amarela, havia qualquer tipo de pigmento conhecido na natureza, nem no reino vegetal, nem no animal, nem no mineral. Tratava-se, portanto, de corantes desconhecidos. Os corantes sintéticos foram excluídos do debate, pois não foram utilizados até a segunda metade do século XIX. Portanto, eles não podem estar presentes na tilma, que data do século XVI.

A imagem da Virgem de Guadalupe é rica em elementos altamente simbólicos, desde o rosto mestiço até o cinto escuro, passando pelo manto azul cheio de estrelas. O que esses símbolos nos dizem? E como eles favoreceram a evangelização no contexto mexicano e americano em geral?

Esta imagem é um código, uma escrita pictográfica que deve ser decifrada. A Virgem da imagem está rodeada pelos raios do sol; sob seus pés há uma lua crescente. A Virgem está grávida, como demonstram o cinto preto com nó duplo que as mulheres astecas usavam na cintura durante a gravidez e a flor de quatro pétalas em seu ventre. Na imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, o bispo reconheceu a mulher do capítulo 12 do Apocalipse: “Um grande sinal apareceu no céu: uma mulher vestida de sol, com a lua sob seus pés e, na cabeça, uma coroa de doze estrelas. Ela estava grávida (…)”. Para os astecas, essa flor de quatro pétalas chamada Nahui Ollin resumia todo o conhecimento do mundo, a manifestação de Deus. A flor de Nahui Ollin está colocada sobre o ventre da imagem milagrosa, anunciando aos astecas que o ser que ela carrega dentro de si é o verdadeiro Deus. Vemos também uma série de flores, que têm suas raízes no manto, que representa o céu. Essas flores são, portanto, símbolo da verdade divina. Os indígenas catequizados compreenderam que a tão esperada promessa do início de uma nova era, sob um novo sol, se realizaria com o nascimento do verdadeiro Deus, Jesus, que a Virgem de Guadalupe carrega em seu ventre.

De todas as partes, mesmo de muito longe, os índios acorreram em massa ao Tepeyac. E os batismos multiplicaram-se. Em oito anos, nove milhões de índios e espanhóis pediram este Sacramento. Foi uma das conversões em massa mais impressionante da história da Igreja.

Nossa Senhora realiza o milagre da unidade: desde a conquista, a unidade entre índios e espanhóis estava seriamente ameaçada. Os conquistadores queriam escravizar os indígenas e comercializar com eles, o que era diretamente contestado pelos primeiros evangelizadores, cujas vidas também estavam em perigo. Este é um dos milagres mais poderosos: a unidade total que Ela realiza em um momento apocalíptico. Ela une essas duas civilizações, assumindo especialmente a aparência de uma mestiça durante a aparição e anunciando esta mensagem: “Eu sou sua mãe, sou a Mãe de toda a humanidade”.

Quanto às estrelas no manto da Virgem de Guadalupe, foi cientificamente comprovado que elas representam as estrelas das constelações visíveis do vale da Cidade do México em 12 de dezembro. Lembramos que o dia 12 de dezembro, no calendário juliano, é o dia do solstício de inverno, dia que correspondia à festa mais importante do ano para os astecas, o Panquetzaliztli, ou Páscoa indígena. O sol nascente venceu a luta contra as trevas, os dias começam a ganhar mais vigor. Começa um novo ciclo.

Observe-se também que o número de estrelas presentes no manto da Virgem (46), distribuídas em 23 estrelas à esquerda e 23 à direita, corresponde ao número de cromossomos das células do corpo humano (23 pares). Esta observação sugere mais uma vez que cada detalhe do manto tem sua razão de ser. Podemos ver nisso um novo símbolo com o qual a Virgem quer dizer que sua intervenção diz respeito a todos os seres humanos e convoca toda a humanidade a participar da civilização do amor.

Artigo escrito por Ermes Dovico, em 1º de agosto, no site lanuovabq.it. Tradução Gaudium Press

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas