Quando os filhos enxergam além dos pais: o retorno da geração Z à Igreja
Os Baby Boomers e a Geração X seguem em seu ceticismo confortável. Os millennials ainda digerem seu brunch dominical. Mas a geração mais jovem — aquela que deveria ser a mais perdida — foi a que, no fim, achou o caminho de volta para casa.
Foto: Jon Tyson / Unplash
Redação (23/07/2025 10:51, Gaudium Press) Nos últimos anos, analistas se acostumaram a decretar o fim do Cristianismo no Ocidente, especialmente nas sociedades ditas “avançadas”, onde o progresso tecnológico caminhava de mãos dadas com o esvaziamento espiritual. A igreja virou ruína turística na Europa. A fé virou tema de museu. E a tradição cristã foi caricaturada como peso inútil, superstição de velhinhas ou opressão moral. Mas, como Deus gosta de surpreender, eis que surge um novo e inesperado protagonista no cenário da fé: a Geração Z.
Segundo o artigo publicado no site ZeroHedge, jovens americanos — em especial homens — estão retornando à religião. E não se trata de uma volta qualquer: são conversões sinceras, adultas, conscientes. Algumas dioceses católicas relatam um aumento de 70% no número de conversões em relação ao ano anterior. O dado é impressionante — mas não isolado. No Reino Unido, a porcentagem de jovens de 18 a 24 anos que frequentam a igreja ao menos uma vez por mês subiu de 4% em 2018 para 16% em 2025. Na França, mais de 10 mil adultos foram batizados na Vigília Pascal deste ano, quase o dobro do registrado em 2023.
O que está acontecendo? A resposta parece vir de várias frentes. Para a influenciadora católica Isabel Brown, a geração Z está farta da inautenticidade. Eles se cansaram de igrejas que querem “se adaptar aos tempos”, as quais preferem agradar mais ao mundo do que a Deus. Ademais, descobriram que a tradição bimilenar da Igreja Católica, com seus dogmas, seus ritos e seu realismo espiritual, é um remédio eficaz contra o vazio moderno. Como diz Brown, é a possibilidade de encontrar pessoalmente a Cristo na Eucaristia que atrai muitos desses jovens.
Não é apenas uma volta ao “sentir-se bem”, mas à verdade. A busca por sentido — aquilo que Viktor Frankl, sobrevivente de Auschwitz, colocou como o maior motor da alma humana — está de volta. O liberalismo prometeu liberdade, mas entregou confusão. O hedonismo prometeu prazer, mas entregou tédio. O individualismo prometeu autonomia, mas entregou solidão. A geração Z, moldada pela internet e ferida pela pandemia, resolveu procurar algo maior do que ela mesma. E, ironicamente, encontrou isso nessa mesma Igreja tantas vezes ridicularizada pelos seus professores, youtubers e roteiristas.
O Cardeal Willem Eijk, da Holanda — sim, a secularizada Holanda! — confirma: jovens estão frequentando a missa, pedindo o Batismo e até discernindo vocações sacerdotais. E muitos chegam pela internet, seguindo padres, leigos e evangelizadores que, como pregadores no deserto digital, anunciam que Deus não morreu; ao contrário, ressuscitou — e tem Instagram.
O que está em jogo, afinal, não é uma moda, mas uma revolta contra a superficialidade. Como bem observa Matt Walsh, ou a sociedade reencontra o sentido, ou desaba. E os jovens já fizeram sua escolha.
Por fim, uma ironia inevitável: onde estão as outras gerações?
Baby Boomers e Geração X seguem em seu ceticismo confortável. Os millennials ainda digerem seu brunch dominical. Mas a geração mais jovem — aquela que deveria ser a mais perdida — foi a que, no fim, achou o caminho de volta para casa.
Enquanto isso, os cultores do “espiritual, mas não do religioso” assistem perplexos. Foram à montanha buscar cristais e voltaram com a notícia de que a verdade estava, o tempo todo, no altar de pedra da paróquia mais próxima.
Deus, ao que parece, ainda não tem muito o que dizer aos jovens da América. E, surpreendentemente, decidiu começar com os mais improváveis. Talvez, afinal, seja como diz o Evangelho: “Os últimos serão os primeiros.”
Rafael Tavares para Gaudium Press
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