Nossa Senhora de Guadalupe
No século XVI, a Virgem Maria apareceu a um índio no México e deixou gravada sua figura num manto que ele portava.
Imagem original de Nossa Senhora de Guadalupe, fotografada em outubro de 2017 – Basílica de Santa Maria de Guadalupe, México Foto: Lúcio Alves
Redação (12/07/2025 18:20, Gaudium Press) Nasceu este índio em 1474, numa cidade próxima à capital do México. Em língua nativa era chamado por uma palavra que significa “Águia que fala”; foi batizado aos 50 anos de idade, tendo recebido o nome de Juan Diego.
Em 9 de dezembro de 1531, caminhava rumo à uma igreja da
Cidade do México para assistir à Santa Missa, quando, passando pelo cerro Tepeyac, escutou uma voz que o chamava: “Juanito, Juan Dieguito!”
Viu, então, uma Donzela belíssima sobre um rochedo emoldurado por vegetação, que brilhavam com diversas cores. Era Nossa Senhora que o incumbiu de comunicar ao Bispo seu desejo de que naquele local fosse construída uma igreja.
Logo após a Missa, Diego explicou a Dom Juan de Zumárraga a visão que tivera, mas o prelado não lhe deu a devida atenção. Voltando ao local, a Virgem lhe apareceu e ele narrou o que sucedera. Ela recomendou-lhe procurar novamente o bispo e dizer-lhe que o pedido provinha do Céu.
Diego comunicou as palavras da Virgem a Dom Zumárraga, o qual exigiu um sinal comprobatório de suas narrações. Em novo contato com a Virgem, informou-Lhe o sucedido e Ela pediu-lhe regressar no dia seguinte, pois apresentaria um sinal.
Num manto, a figura da Santíssima Virgem
Voltou à sua casa e encontrou seu tio gravemente doente. Os médicos consultados nada conseguiram fazer. À noite, foi buscar um sacerdote a fim de ministrar a Extrema-Unção ao enfermo.
Ao passar junto ao cerro, Nossa Senhora apareceu, e ele explicou-Lhe que seu tio estava à morte. Ela disse-lhe que não se preocupasse, pois o havia curado.
De fato, seu parente contou depois que a Mãe de Deus lhe aparecera, restaurara sua saúde e, falando em linguagem indígena, afirmou desejar ser venerada como “Guadalupe”, expressão que naquele dialeto significava “Aquela que esmaga a serpente”.[1]
No dia seguinte, o índio dirigiu-se a Tepeyac e a Mãe de Deus mandou-lhe colher flores no alto do cerro. Correndo para lá, viu muitas rosas de Castela desabrochadas em pleno inverno; apanhou várias delas que exalavam suave perfume, colocou-as em sua tilma – espécie de manto – e Nossa Senhora as dispôs ordenadamente. Era o dia 12 de dezembro de 1531.
Ele caminhou até à igreja, narrou ao bispo os fatos ocorridos e, abrindo a tilma, mostrou-lhe as rosas. Tendo estas sido retiradas, todos viram estampada naquele manto a figura da Santíssima Virgem.
Colocada num retábulo de um altar, passou a ser venerada pelos fiéis como Nossa Senhora de Guadalupe.
Sua devoção se difundiu por todo o México, operando incontáveis conversões.
Pintura sem tinta e 46 estrelas
Nela se verificam sinais miraculosos dentre os quais citamos alguns.
Uma tilma, feita de fibra vegetal, dura no máximo 20 anos. A de Nossa Senhora de Guadalupe está inalterada há quase cinco séculos, apesar de ter permanecido sem vidro de proteção durante mais de cem anos, num ambiente úmido e salitroso, exposta à fumaça e ao calor de milhares de velas.
Em 1920, comunistas explodiram aos pés da imagem uma bomba que arrebentou vitrais, retorceu castiçais e um crucifixo de bronze, afetando inclusive casas vizinhas, mas a tilma permaneceu intacta.
Técnicos especializados examinaram a tilma e declararam que “não se encontravam nas fibras elementos corantes conhecidos […]. Não existem corantes de tipo mineral, nem vegetal, nem animal; poderíamos dizer que é uma pintura sem tinta […]. Estaríamos então face a uma aparição contínua da Santíssima Virgem”.[2]
As quarenta e seis estrelas nela estampadas “coincidem surpreendentemente com as constelações do céu no dia 12 de dezembro de 1531”.[3]
Pupila dos olhos de Nossa Senhora
O mais estupendo sinal se verifica na pupila dos olhos de Nossa Senhora, onde existem as figuras de Juan Diego bem como do bispo e doze pessoas que ali se encontravam quando ele mostrou as rosas.[4]
A tilma encontra-se na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, construída no sopé do cerro de Tepeyac, na Cidade do México.
São Pio X proclamou, em 1910, Nossa Senhora de Guadalupe padroeira da América Latina.
Depois da Basílica de São Pedro, em Roma, a igreja mais visitada no mundo é a Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, que recebe cerca de vinte milhões de pessoas por ano.
João Diego representava toda a América Latina
Sintetizamos, a seguir, alguns comentários feitos por Dr. Plinio Corrêa de Oliveira a respeito desse tema.
A pupila é também designada “menina dos olhos”.
“Quando se diz de alguém ser ‘a menina dos meus olhos’, significa estar ele no ponto mais sensível e central de minha atenção e consideração, de meu afeto. Ora, esse simbolismo realizou-se, ao pé da letra, na visão de Nossa Senhora de Guadalupe.
“O fato de Nossa Senhora ter Se manifestado tão extremamente carinhosa e benigna em relação a esse indígena latino-americano foi uma forma de exprimir um particular desvelo em relação ao continente ao qual ele pertencia.
“Sim, pois não é exagero pensar que aos olhos d’Ela, João Diego representava toda a América Latina. E cada um de nós, simbolizado por esse índio, estava espelhado nos olhos de Maria. Ideia esta que não encerra nenhum disparate, posto ter a Santa Sé declarado Nossa Senhora de Guadalupe como Padroeira da América Latina.” (…)
“A Ibero-América tem a missão de levantar e colocar num píncaro o facho da cultura latina católica, inteiramente a serviço da Fé, para brilhar no mundo. Fora disso, ela não tem sentido.
“Essa cultura católica está derribada, prostrada, mas revive em nosso continente com todo o viço da juventude e com possibilidades de futuro, conservando e avultando os legados recebidos das expressões culturais incomparáveis da Cristandade europeia.
“Somos o renascimento e o reflorescimento desses valores nas zonas protegidas por Nossa Senhora de Guadalupe.”[5]
Por Paulo Francisco Martos
Noções de História da Igreja
[1] MORAZZABI ARRÁIZ, Pedro Rafael. EP. Homilia. Basílica Nossa Senhora do Rosário. Caieiras (SP), 12-12-2024.
[2] ROJAS SÁNCHEZ, Mario. Guadalupe. Símbolo y evangelización. 2. ed. México: Othón Corona, 2011, t. I, p.160.
[3] CHÁVEZ SÁNCHEZ, Rómulo Eduardo. Santa María de Guadalupe. Reto para la Historia, la ciencia y la Fe. Ciudad de México: Instituto Superior de Estudios Guadalupanos, 2009, p.427.
[4] Cf. ASTE TONSMANN, José. Los ojos de la Virgen de Guadalupe. 2.ed. Ciudad de México: Diana, 1987, p.48-117.
[5] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Nossa Senhora de Guadalupe – Padroeira da América Latina. In Dr. Plinio. São Paulo. Ano IX, n. 105 (dezembro 2006), p. 24, 26.
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