Vaticano constitui tribunal independente para julgar o ex-jesuíta Marko Rupnik
O Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, Cardeal Víctor Manuel Fernández, anunciou que juízes independentes e externos ao dicastério irão presidir o processo penal canônico contra Marko Ivan Rupnik.
Redação (07/07/2025 15:55, Gaudium Press) A Santa Sé constituiu formalmente um tribunal canônico para julgar o caso de Marko Rupnik, ex-sacerdote jesuíta e artista de mosaicos acusado de abuso de irmãs religiosas. O anúncio foi feito no dia 3 de julho pelo cardeal Victor Manuel Fernandez, Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé.
Em declarações à imprensa após uma coletiva no Vaticano durante a qual foi apresentada a nova forma de missa “para o cuidado da criação”, Fernández confirmou que o tribunal será composto inteiramente por juízes “independentes e externos” ao dicastério que ele supervisiona. “Esta decisão tem como objetivo eliminar qualquer ideia de que o Dicastério para a Doutrina da Fé ou a Santa Sé tenham interesse no resultado ou estejam sob pressão”, afirmou Fernández. “Os juízes foram selecionados precisamente porque são irrepreensíveis e não levantam suspeitas de parcialidade.”
Os nomes dos juízes nomeados ainda não foram divulgados, nem foi anunciada a data de início do processo canônico. Fernández enfatizou que o tribunal deve primeiro cumprir as formalidades processuais, incluindo a notificação formal das vítimas — um processo que ele descreveu como tecnicamente complexo e que exige sigilo absoluto.
O caso de Rupnik, um sacerdote esloveno elogiado por seus mosaicos religiosos e retiros espirituais, causou repercussão em toda a Igreja. Ex-membros de comunidades religiosas se manifestaram nos últimos anos, alegando que Rupnik se envolveu em comportamentos manipuladores e abusivos ao longo de décadas, muitas vezes no contexto da direção espiritual ou da confissão.
O Vaticano inicialmente excomungou Rupnik por absolver em confissão um cúmplice de um pecado contra o sexto mandamento — uma ofensa canônica extremamente grave. No entanto, a excomunhão foi revogada apenas um mês depois, em circunstâncias pouco claras, levantando questões sobre a consistência e a responsabilidade nos procedimentos canônicos.
Questionado sobre esta revogação da excomunhão, o prefeito insistiu que “isso acontece com muito mais frequência do que se imagina, às vezes até no decorrer de um único dia”.
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