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Prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais: difícil situação dos cristãos no Oriente Médio

“De todas as minorias, a cristã é a mais esquecida, a mais ameaçada de morte. No entanto, entre os fiéis, a esperança continua viva, ao contrário de nós, que os observamos de fora”.

Cardeal Gugerotti Foto: Vatican news

Cardeal Gugerotti Foto: Vatican news

Redação (04/07/2025 09:47, Gaudium Press) As recentes declarações do Cardeal Claudio Gugerotti, Prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, refletem uma séria inquietação compartilhada pelo Papa Leão XIV durante a sessão plenária da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (ROACO). Dom Gugerotti apontou a grave situação enfrentada pelas comunidades cristãs orientais, que, historicamente marcadas pelo martírio, agora enfrentam o risco real de desaparecimento diante da escalada de violência e repressão.

“As pessoas estão perdendo o que construíram ao longo de séculos do ponto de vista do pensamento: a liberdade, os direitos pessoais, os direitos internacionais e humanitários”, afirmou o cardeal. “Parece que tudo está desaparecendo, e o Papa afirma isso claramente”.

Na ROACO, o Papa fez um forte apelo à comunidade internacional. Em suas palavras, ele lamentou que “as pessoas assistem, impotentes, à devastação que se alastra como um incêndio.” Essa frase traduz a angústia não só do pontífice, mas de todos aqueles que se preocupam com o destino dos cristãos no Oriente Médio e em outras regiões marcadas por conflitos. Dom Gugerotti reforçou essa preocupação, advertindo sobre o possível desaparecimento do cristianismo oriental, conhecido por suas tradições espirituais milenares.

O cardeal fez duras críticas ao cenário político atual, descrevendo-o como dominado por uma “política de elites”, em que as decisões tomadas pelos líderes mundiais negligenciam os interesses e os direitos das populações afetadas. “As pessoas assistem impotentes à devastação que se espalha como fogo. E quando o governo é acusado de violar o direito internacional e humanitário, ele não responde como se dissesse: ‘Não me interessa’”.

Ele observou: “Vivemos um tempo em que as pessoas permanecem paralisadas diante de sua própria destruição. Precisamos encontrar caminhos de diálogo em meio a tanta incomunicabilidade.” Essa ausência de empatia e de respostas concretas aprofunda ainda mais a crise vivida pelos cristãos do Oriente.

Segundo Dom Gugerotti, o Oriente sempre foi palco de perseguições contra os cristãos. “É uma terra de mártires que continua a ser vítima do martírio. Este sistema de violência obriga os cristãos a fugir, eliminando-os da sua terra”. De fato, com a crescente emigração forçada provocada por conflitos e perseguições, as raízes culturais e sociais da região estão sendo severamente abaladas. “O que vemos é uma limpeza étnica e cultural em curso. Os cristãos são parte vital da história e da identidade dessas terras,” afirmou o cardeal. A presença das Igrejas orientais é muito antiga, a mais próxima das origens do cristianismo. “O risco é perder um tesouro composto pelos Padres da Igreja, hinos, orações e tradições. E eles não podem ser substituídos: no corpo de Cristo haverá um vazio, mas também haverá um vazio na cultura da humanidade”, acrescentou.

“Tínhamos a esperança de que, com o fim da perseguição soviética, os cristãos pudessem obter um espaço pacífico para viver”, declarou o cardeal. “Mas não é assim. A percepção que esses cristãos têm é que não são bem-vindos, nem tolerados, na sua própria terra”.

Dom Gugerotti questiona até quando a comunidade internacional continuará indiferente diante desse sofrimento silencioso. “Não podemos mais perder-nos nas nossas pequenas lutas de poder, não podemos mais manipular a história para obter tudo o que queremos. De todas as minorias, a cristã é a mais esquecida, a mais ameaçada de morte. No entanto, entre os fiéis, a esperança continua viva, ao contrário de nós, que os observamos de fora”.

Apesar do cenário desafiador, ele acredita que ainda existe esperança entre aqueles que insistem em permanecer em suas terras.

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