Reino Unido: negada Eucaristia a deputado que votou a favor da legalização do suicídio assistido
Um deputado que foi impedido de receber a comunhão pelo sacerdote católico Ian Vane, devido à sua posição favorável ao suicídio assistido.
Foto: Vatican news
Redação (01/07/2025 10:00, Gaudium Press) Neste último domingo, o sacerdote Ian Vane, da igreja de St Joseph, em Dorking, no sudoeste da Inglaterra, anunciou aos fiéis nas missas das 8h e das 10h que o deputado liberal-democrata por Dorking e Horley, Chris Coghlan, teria a comunhão negada, depois de ter votado a favor do projeto de lei sobre adultos com doenças terminais (fim da vida). Nem o Sr. Coghlan nem sua família estavam presentes nas missas.
Chris Coghlan
De acordo com uma reportagem do jornal The Observer, o Pe. Vane havia escrito anteriormente ao Sr. Coghlan alertando que um voto a favor da legislação proposta seria “perseverar obstinadamente” no pecado e ser cúmplice de um “ato assassino”, e por isso ele teria a comunhão negada se o fizesse. “Como sacerdotes, somos guardiões dos Sacramentos”.
Na tarde de domingo, o Sr. Coghlan, que votou a favor da legalização do suicídio assistido e frequenta a Igreja Católica de São José, em Dorking, queixou-se nas redes sociais e ao jornal The Observer que o Pe. Ian Vane “anunciou publicamente durante a missa que estava me negando a comunhão sagrada por eu ter violado o Direito Canônico”. Coghlan acredita que isso representa uma “interferência totalmente inadequada na democracia por parte das autoridades religiosas”. E acrescentou que os anúncios públicos do padre Vane eram “totalmente desrespeitosos para com a minha família, os meus eleitores, incluindo a congregação, e o processo democrático”. Ele disse que a sua religião “continuaria a não ter qualquer relevância direta” para o seu trabalho como deputado, que implicava “representar todos os meus eleitores sem medo ou favoritismo”.
“É uma questão de grave interesse público a medida em que deputados religiosos foram pressionados a representar sua religião e não necessariamente seus eleitores na votação sobre a morte assistida”, disse ele.
O ensinamento da Igreja Católica a respeito da eutanásia
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “A eutanásia voluntária, quaisquer que sejam as formas e os motivos, é um homicídio. É gravemente contrária à dignidade da pessoa humana e ao respeito pelo Deus vivo, seu Criador (2324).
O Magistério da Igreja Católica afirma como um ensinamento definitivo que “a eutanásia é um crime contra a vida humana”, um “ato inerentemente maligno em qualquer ocasião e circunstância”. Portanto, qualquer cooperação imediata formal ou material é um pecado grave contra a vida humana que nenhuma autoridade “pode legitimamente” impor ou permitir. “Aqueles que aprovam leis sobre eutanásia e suicídio assistido são, portanto, cúmplices do pecado grave” e são “culpados de escândalo porque tais leis contribuem para deformar a consciência, mesmo dos fiéis”. Ajudar o suicida é portanto, “uma indevida colaboração a um ato ilícito”. O ato eutanásico permanece inadmissível mesmo que o desespero ou a angústia possam diminuir e até mesmo tornar insubstancial a responsabilidade pessoal daqueles que o pedem. “Trata-se, por isso, de uma escolha sempre errada” e os profissionais da saúde não podem prestar-se a nenhuma prática eutanásica nem mesmo a pedido do interessado, menos ainda dos seus familiares”. As leis que legalizam a eutanásia são, portanto, injustas. As súplicas dos doentes muito sérios que invocam a morte “não devem ser” entendidas como “a expressão de uma verdadeira vontade eutanásica”, mas como um pedido de ajuda e afeto.[1]
Em 20 de junho, o Sr. Coghlan votou a favor do projeto de lei sobre suicídio assistido, que foi apresentado como um projeto de iniciativa parlamentar pela deputada trabalhista Kim Leadbeater. Ele foi aprovado em terceira votação na Câmara dos Comuns por 23 votos.
[1] Cf. https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2020-09/congregacao-fe-samaritanus-bonus-sintese.html
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