“As Igrejas Orientais são testemunhas de luz na noite dos conflitos”, ressalta Leão XIV
O Pontífice recomendou a implementação de cursos básicos sobre as Igrejas Orientais destacando que “o Oriente cristão só pode ser protegido se for amado; e só é amado se for conhecido”.
Cidade do Vaticano (26/06/2025 16:58, Gaudium Press) Nesta quinta-feira, 26, o Papa Leão XIV se reuniu com os participantes da Assembleia Plenária da Reunião das Obras para Ajuda às Igrejas Orientais (ROACO). Durante o encontro, o Santo Padre agradeceu à eles pela missão de anunciar com alegria o Evangelho semeando “esperança nas terras do Oriente cristão, agora mais do que nunca devastadas por guerras, esgotadas por interesses, envoltas num manto de ódio que torna o ar irrespirável e tóxico”.
“Vocês são o cilindro de oxigênio das Igrejas Orientais, esgotadas pelos conflitos. Para tantas populações, pobres de recursos mas ricas de Fé, vocês são uma luz que brilha na escuridão do ódio. Peço-vos, com o coração na mão, para fazer sempre todo o possível para ajudar estas Igrejas, tão preciosas e provadas”, exortou o Pontífice. Ele também recordou que as Igrejas Católicas Orientais foram, ao longo da história, frequentemente marcadas pela violência sofrida, “mas hoje a violência da guerra parece atingir os territórios do Oriente cristão com uma veemência diabólica nunca vista antes”.
Fazer de cada notícia e imagem trágica um grito de intercessão a Deus
Segundo Leão XIV, todos nós “somos chamados a avaliar as causas destes conflitos, a verificar aquelas verdadeiras e a buscar superá-las, e a rejeitar os espúrios, fruto de simulações emocionais e retóricas, desmascarando-os resolutamente. As pessoas não podem morrer por causa de fakenews”. Ele comentou ser triste testemunhar, em diversos contextos, a imposição da lei do mais forte, com base na qual são legitimados os próprios interesses. Isso é indigno do homem, é vergonhoso para a humanidade e para os responsáveis pelas nações.
O Sumo Pontífice também lamentou “a quantidade de dinheiro que vai para os bolsos dos mercadores da morte e com a qual hospitais e escolas poderiam ser construídos”. Ao invés disso, “os que já foram construídos são destruídos!”. Questionando sobre o que nós cristãos podemos fazer para sermos construtores de paz, Leão XIV afirmou que “antes de tudo, devemos rezar verdadeiramente. Fazer de cada notícia e imagem trágica que nos atinge um grito de intercessão a Deus”.
Os cristãos são chamados a permanecer fiéis a Jesus
Pensando de forma especial no Oriente cristão, o Papa destacou o testemunho através do qual os cristãos são “chamados a permanecer fiéis a Jesus, sem se deixar capturar pelos tentáculos do poder. É imitar Cristo, que venceu o mal amando a Cruz, mostrando um modo de reinar diferente daquele de Herodes e Pilatos: um, por medo de ser deposto, matou crianças, que hoje continuam sendo dilaceradas por bombas; o outro lavou as mãos, como corremos o risco de fazer diariamente até o limiar do irreparável”.
“Olhemos para Jesus, que nos chama a curar as feridas da história somente com a mansidão da sua cruz gloriosa, da qual se libertam a força do perdão, a esperança de recomeçar, o dever de permanecer honestos e transparentes no mar da corrupção. Sigamos Cristo, que libertou os corações do ódio, e demos o exemplo para escaparmos à lógica da divisão e da retaliação”, aconselhou. Em seguida, agradeceu e manifestou seu desejo de “abraçar todos os cristãos orientais que respondem ao mal com o bem. Obrigado, irmãos e irmãs, pelo testemunho que dais, especialmente quando permaneceis nas vossas terras como discípulos e testemunhas de Cristo”.
Na noite dos conflitos, sois testemunhas da luz do Oriente
Referindo-se às muitas “misérias causadas pelas guerras e pelo terrorismo”, o Papa frisou que os membros da ROACO também testemunham o “florescer de rebentos do Evangelho no deserto”. Ele exortou para que “descubram o povo de Deus que persevera, voltando o olhar para o Céu, rezando a Deus e amando o próximo. Tocai com as vossas próprias mãos a graça e a beleza das tradições orientais, das liturgias que permitem a Deus habitar no tempo e no espaço, dos cânticos seculares, impregnados de louvor, glória e mistério, que elevam um incessante pedido de perdão para a humanidade. Encontrais figuras que, muitas vezes escondidas, se juntam às grandes fileiras de mártires e santos do Oriente cristão. Na noite dos conflitos, sois testemunhas da luz do Oriente”.
Leão XIV manifestou seu desejo de que esta “luz de sabedoria e salvação seja mais conhecida na Igreja Católica”, na qual “ainda subsiste muita ignorância sobre o assunto e onde, em alguns lugares, a Fé corre o risco de ser asfixiada, também porque não se realizou a feliz esperança tantas vezes expressa por São João Paulo II, quando há 40 anos disse: ‘A Igreja deve reaprender a respirar com os seus dois pulmões, o oriental e o ocidental’”.
Os católicos orientais de hoje já não são primos distantes
“O Oriente cristão só pode ser protegido se for amado; e só é amado se for conhecido”, observou. Neste sentido, o Pontífice recomendou a implementação de “cursos básicos sobre as Igrejas Orientais nos seminários, faculdades de teologia e centros universitários católicos, para conhecer os seus tesouros”. Ele também destacou que “os católicos orientais de hoje já não são primos distantes que celebram ritos desconhecidos, mas irmãos e irmãs que, devido à migração forçada, vivem ao nosso lado”.
Ainda falando sobre os católicos orientais, Leão XIV afirmou que “o seu sentido do sagrado, a sua Fé cristalina, tornada granítica pelas provações, e a sua espiritualidade que exala o perfume do mistério divino, podem beneficiar a sede de Deus latente mas presente no Ocidente. Confiemos este crescimento comum na Fé à intercessão da Santíssima Mãe de Deus e dos Apóstolos Pedro e Paulo, que uniram o Oriente e o Ocidente. Abençoo-vos e encorajo-vos a perseverar na caridade, animados pela esperança de Cristo”, concluiu. (EPC)
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