Fidelidade à Santíssima Trindade
Constatando a insuficiência da inteligência humana diante dos maiores mistérios de nossa Fé, resta-nos prestar um tributo de amor e fidelidade ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Redação (15/06/2025 06:00, Gaudium Press) Nesta solenidade da Santíssima Trindade, nosso Senhor Jesus Cristo aponta aos seus discípulos: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora” (Jo 16,12).
Fidelidade à indivisível Trindade
“Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10,16).
Durante três anos, os apóstolos conviveram com nosso Senhor Jesus Cristo ouvindo seus ensinamentos e “apalpando” as manifestações de sua divindade, quando multiplicava pães no deserto, calava o mar durante uma tempestade ou trazia novamente à vida um homem tragado pela morte.
Entretanto, era chegado o momento em que o Salvador voltaria para junto do Pai, e, a seguir, seria enviado o Espírito Paráclito que lhes ensinaria toda a verdade (cf. Jo 16,13).
Mas, ao comunicar aos apóstolos sua subida aos Céus, estes se entristeceram. Por quê? Pois eles, que tinham uma concepção materialista de Deus, pensavam ficar abandonados por não mais sentir aquela presença física com que estavam acostumados. Era, com efeito, uma nova “fase” que começava a se descortinar diante dos apóstolos, em que Deus os convidava a ter um convívio mais íntimo, que exigia uma superação daquela ideia meramente humana formada a respeito do Divino Mestre, a qual, em consequência, constituía uma barreira para as novas revelações que Ele queria lhes fazer. Por isso, Cristo acrescentou: “não vo-las disse [estas coisas] desde o princípio, porque estava convosco” (Jo 16,4) e ainda não eram capazes de as compreender. Além disso, a ausência física de nosso Senhor implicava num esforço maior dos apóstolos no discernimento e na fidelidade às inspirações do Espírito Santo.
Ora, o mesmo se passa em nosso itinerário espiritual. Num primeiro momento, Deus concede manifestações sensíveis, para a fixação da alma no caminho da virtude; depois, chama a um relacionamento mais elevado, inteiramente sobrenatural, mas que requer a constante purificação de nossos vícios. Quantas palavras, quantos pensamentos, quantos atos podem nos tornar indignos de conservar as três Divinas Pessoas em nosso interior!
E não nos iludamos em pensar numa “semi-fidelidade”, pois, quem rejeita o Filho, rejeita também o Pai e, se nos recusamos a dar os passos que Jesus pede de nós, nos privamos também de todos os dons do Espírito Santo, pois “o Espírito da Verdade […] receberá do que é meu e vo-lo anunciará” como também “tudo que o Pai possui é meu” (Jo 16,13-15).
Fidelidade a um só Deus
Assim, se houve santos que podiam distinguir a ação de cada pessoa da Santíssima Trindade na própria alma, como Santa Catarina de Siena, devemos procurar estar sempre atentos às inspirações que Deus nos comunica interiormente, sabendo que, muitas vezes, nossas más inclinações são obstáculos que podem inibir a ação do Espirito Santo em nós, tornando-nos surdos para ouvir a sua voz.
Na epístola aos Romanos, São Paulo ensina que alcançamos a justificação junto de Deus pelo amor que o Paráclito derrama em nós (cf. Rm 5,1.5).
Sem dúvida, o meio mais seguro de tornar-nos dignos desta justificação é nos confiarmos sem reservas a Maria Santíssima, Filha do Pai Eterno, Mãe do Verbo Encarnado e Esposa do Espírito Santo, modelo incomparável de submissão e fidelidade à vontade divina.
Assim sendo, felizes daqueles que o Senhor encontrar vigilantes, com as almas abertas para ouvir suas inspirações, porque a estes Deus fará participar de sua sabedoria divina.
Desta forma, a liturgia de hoje nos convida a dilatar nossa fé para que, nesta comemoração da Santíssima Trindade, cresçamos a cada momento na fidelidade ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, juntos de Nossa Senhora, com vistas à bem-aventurança eterna.
Vinícius Mendes
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