Missa de início do Pontificado de Papa Leão XIV: Igreja fundada no amor de Deus e sinal de unidade, uma Igreja missionária
Uma multidão de mais de 200.000 fiéis na Praça de São Pedro e na Avenida da Conciliação assistiu à missa que inaugurou o pontificado do Papa Leão XIV neste domingo.
Fotos; Vatican news/ Vatican media
Redação (18/05/2025 09:34, Gaudium Press) A manhã do Papa começou com uma longa passagem em meio à multidão, no papamóvel, às 9h, atravessando as vias da Praça de São Pedro e entrando em território italiano até o final da Avenida della Conciliazione, entre o Vaticano e o Castel Sant’Angelo. Foi a primeira vez que Leão XIV esteve entre os peregrinos, sorrindo, cumprimentando os fiéis, e sendo aclamado pela multidão. O papamóvel então desapareceu sob o “arco delle campane” (arco dos sinos), a passagem abobadada à esquerda da Basílica que leva à sacristia.
Em frente ao túmulo do Príncipe dos Apóstolos
Do lado de fora, a multidão assistiu ao início da celebração nas telas gigantes. O Papa se recolheu por alguns momentos diante do túmulo de Pedro, logo abaixo do Altar da Confissão na Basílica do Vaticano. Ele estava acompanhado pelos patriarcas das Igrejas Orientais. Em seguida, o Santo Padre se dirigiu em procissão ao altar, na praça em frente à Basílica, atravessando a nave central, e passando sob a imensa tapeçaria que representa o episódio da pesca milagrosa dos peixes, porque, seguindo os passos de Cristo, o Papa também é um “pescador de homens”.
Pouco antes da procissão, dois diáconos colocaram no altar o anel de pescador e o pálio, que seriam dados ao novo Pontífice após a proclamação do Evangelho. Ao lado do altar, está Nossa Senhora do Bom Conselho, do Santuário Mariano de Genazzano, um santuário agostiniano visitado pelo Papa no dia seguinte à sua eleição, em sua primeira saída do Vaticano.
A apresentação das insígnias seguiu um rito preciso. Três cardeais das três ordens, diáconos, sacerdotes e bispos, entregaram ao Sucessor de Pedro o pálio e o anel, e fizeram uma oração invocando o auxílio do Senhor, por intercessão do Espírito Santo, para que o Papa possa exercer seu ministério de acordo com o carisma recebido.
As ovelhas não estão mais sem pastor
Leão XIV começou sua homilia saudando a todos “com o coração cheio de gratidão” e citando uma das frases mais célebres de Santo Agostinho: «Fizeste-nos para Vós, [Senhor,] e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós» (Confissões, 1,1.1).
Em seguida, ele prestou um tributo ao seu antecessor Francisco. Sua morte “encheu nossos corações de tristeza e, naquelas horas difíceis, nos sentimos como as multidões que o Evangelho diz serem ‘como ovelhas sem pastor’”. Referindo-se ao conclave, o bispo de Roma relatou que os cardeais, “de diferentes origens e estilos de vida”, tinham “colocado nas mãos de Deus o desejo de eleger o novo sucessor de Pedro, o bispo de Roma, um pastor capaz de guardar o rico patrimônio da fé cristã e, ao mesmo tempo, lançar seu olhar para longe, para ir ao encontro das interrogações, das preocupações e dos desafios de hoje”. O Espírito Santo, continuou ele, “soube então afinar os instrumentos musicais, fazendo vibrar as cordas do nosso coração em uma única melodia”.
Amor e unidade
“Fui escolhido sem nenhum mérito e, com temor e tremor, venho até vós como um irmão que deseja fazer-se servo de vossa fé e de vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que deseja que todos estejamos unidos em uma só família”. Leão XIV esclareceu: “A Igreja de Roma preside na caridade, e sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios de poder, mas trata-se sempre e unicamente de amar como Jesus o fez”. O papel do Sucessor de Pedro, para Leão XIV, é “pastorear o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas; pelo contrário, deve servir a fé dos irmãos, caminhando com eles”.
Uma Igreja aberta ao mundo e missionária
É, portanto, junto com o colégio de cardeais, “os colaboradores mais próximos do Papa”, e com o povo dos batizados que Leão XIV deseja realizar um “primeiro grande desejo”: “uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado”, enquanto nossa época sofre com “muita discórdia, muitas feridas causadas por ódio, violência, preconceito, medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”. O Soberano Pontífice insiste que a Igreja deve ser um fermento de unidade, comunhão e fraternidade. “No único Cristo, somos um”, diz Leão XIV, repetindo seu lema “In illo uno unum”, inspirado em um sermão de Santo Agostinho, pois é tornando-se fermento na unidade de Cristo que a Igreja é chamada a ser missionária e “oferecer o amor de Deus a todos”, abrindo os braços para o mundo, sem se fechar em seu “pequeno grupo”, ou se sentir “superior ao mundo”. A unidade, conclui o novo bispo de Roma, “não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada pessoa e a cultura social e religiosa de cada povo”.
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