Cerimônia de Início do Pontificado de Leão XIV: ritos e símbolos
O rito específico para essa ocasião enfatizará o vínculo com o Apóstolo Pedro e seu martírio, e o valor das insígnias episcopais “petrinas” impostas ao Papa: o pálio e o anel de pescador. Quais são as diferenças entre a liturgia de início do pontificado de Francisco e a de Leão XIV?
Redação (17/05/2025 11:33, Gaudium Press) O Vaticano já publicou o itinerário litúrgico da Celebração Eucarística para o Início do Ministério Petrino do Bispo de Roma – Leão XIV, uma grandiosa cerimônia de início do Pontificado que ocorrerá amanhã, domingo, 18 de maio, na Praça de São Pedro, e à qual comparecerão inúmeras delegações, incluindo uma liderada pelo vice-presidente dos EUA e pelo secretário de Estado americano.
A Liturgia começa dentro da Basílica de São Pedro, onde o novo Papa desce até o túmulo do primeiro apóstolo, reza e incensa, recordando seu vínculo com aquele a quem Cristo disse “Pedro, tu és pedra” (Mt 16, 18), e no mesmo lugar onde o primeiro Vigário de Cristo professou a sua fé com seu próprio sangue.
Em seguida, dois diáconos pegam o Pálio, o Anel do Pescador e o Livro dos Evangelhos e se dirigem, em procissão, para o Altar da celebração, no átrio da Praça São Pedro. O Papa se junta à procissão enquanto são cantadas as Laudes Regiae, literalmente as “aclamações reais”, caracterizadas pela proclamação “Cristo vence, Cristo reina, Cristo impera”, invocando a intercessão dos santos pontífices, mártires e santos da Igreja Romana. Não se deve esquecer que o Papa é Pastor, mas também um Hierarca.
Ao lado do Altar, haverá uma imagem que se tornou de relevância mundial, após a visita de Leão XIV ao seu santuário: a de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, que chegou de forma milagrosa a esse pequeno vilarejo medieval, em 25 de abril de 1467. Assim, haverá uma cópia desse afresco milagroso no altar, trazida diretamente de seu santuário para a ocasião.
Prossegue o rito com a bênção e aspersão de água benta, pois é um domingo do Tempo Pascal. Depois, canta-se o Glória, seguido da oração da Coleta, com referência ao desígnio de Deus Pai de edificar sua Igreja sobre Pedro.
Dá-se início à Liturgia da Palavra, com uma primeira leitura em espanhol dos Atos dos Apóstolos, a seguir, o Salmo em italiano (117), sobre “a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”, uma segunda leitura também em espanhol, extraída da Primeira Carta de Pedro e, por fim, o Evangelho (Jo 21, 15-19), que será proclamado em latim e grego, o maravilhoso texto em que Jesus ordena a Pedro que apascente seus ‘cordeiros’ e suas “ovelhas”. Este é um dos textos que, segundo a tradição, estabelece a tarefa especial e pessoal conferida a Pedro, no grupo dos Doze apóstolos.
Imposição das insígnias Episcopais Petrinas: seu simbolismo
Após as leituras, três cardeais das três ordens (diáconos, presbíteros e bispos) e de diferentes continentes se aproximam do Sumo Pontífice: o Cardeal francês Dominique Mamberti, da ordem dos diáconos, imporá o pálio ao Papa, o Cardeal Fridolin Ambongo Besungu, da República Democrática do Congo e pertencente à ordem dos presbíteros, invocará, com uma oração especial, a assistência do Senhor ao Pontífice, e o cardeal filipino Luis Antonio Gokim Tagle, da ordem dos bispos, pronunciará uma oração invocando Cristo – pastor e bispo das nossas almas – para que seja Ele próprio a entregar o Anel de sinete do Pescador ao novo Pontífice, e entregará a Leão XIV o Anel do Pescador, um dos símbolos mais característicos do sucessor de Pedro.
O pálio é uma faixa estreita, colocada nos ombros, sobre a casula, paramento litúrgico; tem duas abas pretas, penduradas na frente e atrás, decorada com seis cruzes pretas de seda – uma em cada extremidade, que desce sobre o peito e as costas, e quatro sobre o anel, que pousa sobre os ombros; a estola é decorada, na frente e atrás, com três alfinetes (acículas), representando os três pregos da Cruz de Cristo.
O Pálio simboliza o Bom Pastor que carrega a ovelha perdida em seus ombros, e a tripla resposta de Pedro ao pedido de Jesus ressuscitado para apascentar suas ovelhas e cordeiros.
No Anel do Pescador que será dado ao Pontífice, São Pedro é retratado com as chaves e a rede de quem vai em busca dos peixes, representando aquele a quem Cristo disse: “Não tenhas medo, de agora em diante serás um pescador de homens” (Lc 5, 10). (Lc 5,10) O anel também simboliza a missão de Pedro de confirmar seus irmãos na fé (cf. 22,32).
O rito conclui-se com a oração ao Espírito Santo, para que enriqueça o novo Pontífice com a força e a mansidão, a fim de manter os discípulos de Cristo na unidade da comunhão. Enfim, o Papa abençoa a assembleia com o Livro dos Evangelhos, enquanto o coro aclama, em grego: “Ad multos annos!”
O rito simbólico de “obediência” será prestado ao Papa por doze representantes de todas as categorias do povo de Deus, de diferentes partes do mundo. Foram escolhidos: os cardeais Frank Leo (Canadá), Jaime Spengler (Brasil) e John Ribat (Papua Nova Guiné), o Bispo de Callao (Peru), Dom Luis Alberto Barrera Pacheco, um sacerdote, um diácono, dois religiosos, pela Irmã Oonah O’Shea, Superiora Geral dos Religiosos de Notre Dame de Sion e Presidente da União Internacional dos Superiores Gerais, o Superior Geral dos Jesuítas, Arturo Sosa, além de um casal e dois jovens.
A celebração prossegue com a homilia do Pontífice e o canto do “Credo”, seguido da Oração dos Fiéis com cinco invocações: em português, francês, árabe, polonês e chinês.
Na liturgia eucarística, Leão XIV pronunciará a “Oração Eucarística I”, também chamada de Cânon Romano. Em seguida, realiza-se o rito da comunhão, no final do qual o Pontífice pede a Deus, que confirme a Igreja na unidade e na caridade e que ele também seja salvo e protegido, junto com o rebanho a ele confiado.
Ao término da celebração, o Papa faz uma breve saudação e, depois de cantar o “Regina Coeli”, concede a Bênção solene, pedindo ao Senhor “assista” e “proteja” a videira e a vinha que plantou, a Santa Igreja Romana, e que seu rosto redentor “resplandeça” sobre todos.
Diferenças entre a liturgia de início do pontificado de Francisco e a de Leão XIV
Desde já, observam-se diferenças significativas entre a próxima cerimônia e a celebração eucarística que marcou o início do pontificado de Francisco, em 19 de março de 2013. A primeira e talvez a mais relevante é que essa missa, a ser celebrada no domingo, será especificamente pro Papa, a “Missa de São Pedro”, com leituras e expressões muito relacionadas ao ministério petrino; com Francisco, a missa foi em honra a São José, uma vez que era solenidade do Patriarca da Igreja.
Outra diferença reside no fato de que, com Francisco, os ritos de imposição do pálio e do anel do pescador ocorreram antes da missa, agora serão realizados durante a Eucaristia, tal como aconteceu com Bento XVI e São João Paulo II.
Há também pequenas diferenças, por exemplo, nos idiomas usados nas orações dos fiéis.
Por fim, um detalhe curioso: na invocação entoada pela Schola, o novo Papa será referido como “Leoni Romano Pontifici”, ao passo que, na cerimônia com Francisco, utilizou-se o título “Francis Summo Pontifici”.
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