Mons. Gänswein: A era da arbitrariedade acabou
Podemos começar a contar com um papado capaz de garantir a estabilidade, e de se apoiar nas estruturas existentes, sem derrubá-las ou desestabilizá-las”, afirmou o ex-secretário do Papa Bento XVI.
Redação (13/05/2025 08:41, Gaudium Press) Significativas declarações foram proferidas pelo ex-secretário do Papa Ratzinger e atual núncio nos países bálticos, Georg Gänswein, publicadas no Corriere della Sera. “O período de arbitrariedade acabou”, para o arcebispo, é importante confiar nas “estruturas existentes”.
“Um meio termo entre o Papa Bento XVI e o Papa Francisco? Se unirmos os sapatos pretos de Bergoglio à clareza doutrinária de Ratzinger, sem buscar originalidade a todo custo, acho que Leão XIV ofereceria uma bela combinação”. Sim, ele poderia representar a síntese das melhores coisas de ambos”, disse o arcebispo, que exerce a função de representante papal em Vilnius desde junho do ano passado, quando foi ‘recolhido’ por Francisco, após vários mal-entendidos decorrentes, entre outros, da publicação de suas memórias Nada além da Verdade: Minha Vida com Bento XVI, em janeiro de 2023.
“Eu o encontrei [o Papa Prevost] com o Papa Bento quando ele era Superior Geral dos Agostinianos nos jardins do Vaticano. E novamente em abril de 2007, quando ele visitou a catedral de Pavia, onde está o túmulo de Santo Agostinho. Depois, ele foi nomeado bispo no Peru e nunca mais o vi. Mas sua eleição foi uma grande e boa surpresa para mim. Ao vê-lo sair no balcão da Basílica de São Pedro, pensei: visual e acusticamente, esse Papa inspira esperança, esperança, esperança…”, afirmou.
É necessária a clareza doutrinária
O núncio nos países bálticos também ficou satisfeito ao ver que, em sua saudação inicial, Leão XIV utilizou um texto escrito:
“Quando vi que ele tinha um texto escrito na mão, pensei: “ele começou bem”. Para Mons. Gänswein, “Leão XIV construirá pontes como seu antecessor. Porém, em um contexto e estilo diferentes dos de Francisco. Hoje, na Igreja, há grandes tensões e, fora dela, há conflitos assustadores. Acredito que agora é necessária a clareza doutrinária. É preciso superar a confusão dos últimos anos. E uma das ferramentas a serem usadas são as estruturas existentes. As instituições da Igreja não são uma lepra nem uma ameaça para o papa. Elas existem para ajudar os pontífices, que devem buscar ajuda. Não se pode governar sozinho, desconfiando de suas próprias instituições”.
Sobre sua remoção como prefeito da Casa Pontifícia no início de 2020, ele diz que “são águas passadas”. “Naqueles anos eu sofri, é verdade, mas esclareci as coisas com Francisco antes mesmo de minha nomeação como núncio. E agradeço a ele, ou a quem quer que estivesse por trás dele e que decidiu me enviar aqui para os países bálticos, porque me permitiu retomar meu serviço à Igreja.”
“O Papa Prevost suscita esperança, esperança, esperança. Estou convencido de que ele terá um impacto positivo na Igreja e no mundo. Ele é um pacificador”, afirma. “A escolha do nome, na tradição de São Leão Magno e Leão III, que coroou Carlos Magno em 800, é muito indicativa. O nome e as vestimentas deixaram claro que não haverá continuidade, mas uma fase totalmente nova. Sua experiência, seu domínio de vários idiomas, sua condição de missionário e seu trabalho na Cúria por dois anos fazem dele um Pastor e um Papa de governo. Ele não vem de um único ambiente, mas de muitos fatores simultaneamente. E isso permitirá que ele fale com todos”.
E agora?
“Agora se abre uma nova fase. Sinto um certo alívio generalizado. A era da arbitrariedade chegou ao fim. Podemos começar a contar com um papado capaz de garantir a estabilidade e de se apoiar nas estruturas existentes, sem derrubá-las ou desestabilizá-las”.
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