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Discurso de Leão XIV firmado na doutrina: paz e unidade

“Discípulos de Cristo, Cristo nos precede. O mundo precisa de sua luz…”.  Assim, Leão XIV lembrou ao mundo que ele antes de tudo é o Vigário de Cristo.

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Redação (08/05/2025 17:08, Gaudium Press) Evidentemente, uma análise aprofundada do discurso de saudação do novo Papa, proferido na sacada da Basílica Vaticana, poderia ser feito de melhor forma com o passar dos dias e em uma perspectiva mais ampla, quando ele iniciar a exercer seu governo sobre a Igreja universal. Contudo, uma primeira abordagem é sempre válida, desde que realizada com fundamento e boa disposição.

Em primeiro lugar, é importante destacar que não foi um discurso curto, com quase 10 minutos de duração, bastante meditado, talvez preparado não só pelo novo Pontífice, que possui muito conhecimento acadêmico, diplomático e pastoral, mas também com a colaboração de alguns de seus irmãos purpurados, a quem convidou, em sua própria saudação, para trabalharem em conjunto.

Suas primeiras palavras foram enfáticas sobre a paz, fazendo sua a saudação do Cristo ressuscitado, “A paz esteja convosco” (Jo 20,19), que o Mestre dirigiu aos seus discípulos reunidos no Cenáculo, e que o Papa agora estendeu a todas as pessoas, “a todos os povos, a toda a terra”, “a paz do Cristo ressuscitado”. Entretanto, é impossível não pensar que esse desejo de paz tem em vista, em particular, a paz interna da Igreja, que, como foi repetidamente mencionado nas Congregações Gerais, está ameaçada por conflitos, divisões, comunidades que se sentem incompreendidas e até mesmo injustiçadas. Seu primeiro rebanho é a Igreja, e todos têm esperanças bem fundamentadas de que Leão XIV será um Pontífice que trará uma renovada “Pax Ecclesiae”.

“Estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, unidos, de mãos dadas com Deus e uns com os outros, sigamos em frente. Sejamos discípulos de Cristo, Cristo nos precede”, disse Leão XIV, em palavras que podem ter mais aplicação à própria Igreja do Salvador.

“Discípulos de Cristo, Cristo nos precede. O mundo precisa de sua luz […]”. Assim, Leão XIV recordou ao mundo que, antes de ser um líder ou uma personalidade mundial do tipo “influencer”, ele é o Vigário de Deus feito Homem, cuja luz é essencial, pois sem ela tudo é escuridão. Essas palavras também nos permitem prever, a partir de seus próprios ensinamentos, que ele está ancorado na doutrina de Cristo, o que não é sinônimo de rigidez, mas sim de luz, necessária especialmente neste momento em que, inclusive dentro da Igreja, a confusão e a escuridão reinam em muitos ambientes.

A escolha do nome por um papa não é mera casualidade.

É verdade que Leão XIII é lembrado como o Pontífice da doutrina social, da Rerum Novarum, aquele que fez com que a classe trabalhadora ouvisse a voz d’Aquele que era verdadeiramente o seu Pastor, distante das loucuras do marxismo ou do maquinismo sem coração do capitalismo selvagem.

Entretanto, Leão XIII é também o Papa do Aeterni Patris, que tratou sobre a restauração da filosofia cristã conforme a doutrina de São Tomás de Aquino. Um Papa que chegou a afirmar que “a fé quase não pode esperar que a razão lhe preste mais explicações ou mais argumentos do que aqueles que lhe forneceu o Doutor Angélico”.

Lembremos que agora estamos nos referindo a um Papa que é licenciado e doutor pela Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino em Roma, a famosa Angelicum, que conta entre seus ilustres ex-alunos, em tempos recentes, com São João Paulo II.

Nesse sentido, convém ressaltar que, como ele mesmo proclamou em seu discurso, Leão XIV é filho de outro grande teólogo, Santo Agostinho de Hipona, a quem alguns chamam de “fundador” da doutrina cristã depois do grande São Paulo, sendo amplamente citado pelos Padres da Igreja e doutores medievais. A doutrina da graça, do pecado e da predestinação, conforme entendida pela Igreja, foi esculpida pelo Doutor de Hipona, e é compreensível entender que Leão XIV é herdeiro dessa tradição.

Em suma, firmeza e clareza na doutrina dos princípios fundamentais são condições indispensáveis para a promoção de uma unidade pacífica e de uma paz duradoura.

Não podemos deixar de mencionar os visíveis sentimentos de emoção de Leão XIV na sacada do Vaticano.

Suas palavras refletiam a sinceridade que brotava de seu coração, de alguém que sente seu dever de pastorear a todos, de ser o mensageiro da Boa Nova de Cristo para todos, caminhando “como uma Igreja unida, sempre buscando a paz, a justiça, buscando sempre trabalhar como homens e mulheres fiéis a Jesus Cristo, sem medo, para proclamar o Evangelho, para sermos missionários”. É digno de nota que, no momento mais emocionante de sua vida, Leão XIV não se esqueceu de sua “querida diocese de Chiclayo, no Peru”, a jurisdição da qual ele partiu para chegar às alturas da Cúria Romana, tornando-se hoje o novo Papa da Igreja.

instagramTodos esses sentimentos, coroados com a invocação à Madonna di Pompei, à “nossa Mãe Maria”, que “quer sempre caminhar conosco”, foram seguidos pela recitação da Ave Maria à Rainha Mãe, de cuja intercessão todos os cristãos precisam, desde o mais humilde servo ao Papa da Santa Igreja Romana. Circulam pelas redes sociais expressões de sua especial devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho, aos pés da qual, em Genazzano, vários papas se inclinaram para implorar seu auxílio.

Finalmente, o Conclave chegou ao fim.

Agora, Leão XIV começa a carregar a pesada cruz do papado, que é também a cruz dourada que ele usou em seu primeiro anúncio ao mundo.

Resta-nos oferecer de coração a ele nossas humildes orações.

Por Carlos Castro

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