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Santa Beatriz da Silva

Santa Beatriz da Silva, fundadora da Ordem da Imaculada Conceição, Santa Beatriz da Silva nasceu em 1426 na cidade Campo Maior – Sul de Portugal.

Santa Beatriz da Silva

Redação (04/05/2025 18:22, Gaudium PressSeu pai combatera contra os maometanos na guerra pela conquista de Ceuta, junto ao Estreito de Gibraltar. Como prêmio de seu heroísmo, foi nomeado governador de Campo Maior, situada nas cercanias de Ceuta, e recebeu em casamento uma jovem que descendia de Dom Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal.

Desde criança, Beatriz possuía grande devoção à Imaculada Conceição de Maria, embora esse dogma não tivesse ainda sido proclamado. E almejava fundar uma Ordem religiosa na qual se cultuaria a Virgem sob essa invocação.

Tendo 21 anos de idade, viajou à Espanha com sua prima Isabel, a qual iria contrair matrimônio com Dom João II de Castela e a convidara para ser sua dama de honra na corte, em Madrigal de las Altas Torres.

De beleza fisionômica extraordinária e com altíssimas virtudes, ela nunca se deixou influenciar pelo ambiente mundano que ali imperava.

Entretanto, sua prima – agora Rainha Isabel de Portugal –, influenciada pelo demônio e por pessoas más, passou a persegui-la julgando que ela atraía João II para perder a fidelidade conjugal.

Durante três dias ficou presa num cofre

Seu ódio chegou a tal ponto que planejou matá-la. No subsolo do castelo onde residiam, lançou-a num grande cofre, fechou-o e guardou a chave.

Sentindo falta de ar, Beatriz não se desesperou, mas plena de confiança pediu o auxílio de Nossa Senhora, a qual lhe apareceu vestida de uma túnica branca e manto azul, portando nos braços o Menino Jesus.

A Santíssima Virgem disse-lhe que a salvaria e atenderia seu ardente desejo mantido desde a infância. Beatriz fundaria uma Ordem religiosa com o título da Imaculada Conceição; suas discípulas usariam um hábito semelhante às vestes de Nossa Senhora.

Transcorridos três dias, seu tio, Dom João de Menezes, membro da corte, notando a ausência de Beatriz, foi pedir à rainha notícias dela. Isabel levou-o ao cofre e, aberta a porta, ela saiu ainda mais bela e reluzente.

A carcereira envergonhada e arrependida pediu-lhe perdão. Beatriz a perdoou, mas logo depois partiu, acompanhada por duas donzelas e alguns escudeiros, para o Mosteiro de São Domingos el Real, situado em Toledo, situado a 230 quilômetros de distância.

Recebeu a visita de Isabel, a Católica

No caminho, Beatriz encontrou-se com dois frades franciscanos que lhe falaram sobre a Ordem que ela desejava fundar.

Quando os convidou para cear, eles desapareceram. Ela então compreendeu que eram São Francisco de Assis e Santo Antônio de Pádua.

Após transpor o portal da clausura do Mosteiro de São Domingos, Beatriz cobriu o rosto com um véu branco. Até o fim da vida ela usou um tecido alvo para ocultar sua formosura e progredir no amor a Deus.

Trajando um pobre burel religioso, Beatriz era simples hóspede do mosteiro.  Realizava tudo com tal perfeição que as monjas a tomavam como exemplo.

Em 1484, a Rainha Isabel, a Católica, filha e sucessora daquela que quisera matar Beatriz, chegou ao mosteiro a fim de conversar com ela sobre a situação política do reino.

No fim do colóquio, a soberana ofereceu-lhe o Palácio de Galiana, em Toledo, para iniciar a obra tão almejada.

Assim que ela ali se instalou, apresentaram-se várias candidatas, muitas delas de nobre família, para pertencer à Ordem das Concepcionistas Franciscanas.

Viviam em contemplação, trajavam hábito branco com uma imagem da Virgem cercada de raios e coroada de doze estrelas, manto azul e cingiam-se com um cordão.

Bula do Milagre

Para obter a aprovação pontifícia do novo instituto, a própria Rainha Isabel escreveu ao Papa Inocêncio VIII.

Algum tempo depois, um cavaleiro chegou ao mosteiro com a notícia de que o pontífice aprovara sua fundação e a respectiva bula já se achava a caminho, por mar.

Poucos dias depois, o mesmo cavaleiro retornou com uma trágica informação: o navio havia naufragado e a bula desaparecera.

Beatriz levou um tremendo golpe, mas cheia de confiança reuniu suas filhas espirituais e iniciaram uma vigília de orações, pedindo a intervenção de Nossa Senhora.

Após três dias, a fundadora abriu a gaveta de um móvel, da qual só ela tinha a chave, e encontrou um pergaminho enrolado.

Abriu-o e notou que era um documento da Santa Sé. Para certificar-se, enviou-o ao bispo o qual verificou tratar-se da bula Inter Universa, datada de 30 de abril de 1489, que aprovava a nova Ordem e ficou conhecida como a “Bula do Milagre”.

Muito devota do Arcanjo São Rafael desde a infância, Beatriz estava certa de que o cavaleiro transmissor da notícia da bula e a recuperara das águas era São Rafael.

Ao morrer, uma estrela brilhava sobre sua fronte

Em agosto de 1490, durante o retiro das freiras para a profissão solene dos votos e recepção do hábito, a Virgem Maria apareceu à santa fundadora e lhe disse que dali dez dias a acolheria no Céu.

Beatriz revelou ao seu confessor a visão que tivera, fez os votos solenes e recebeu o hábito. Algum tempo depois, ficou doente e pediu a Unção dos Enfermos.

Para a recepção desse Sacramento foi necessário descobrir sua face. Todos então puderam contemplar uma fulgurante estrela que brilhava sobre sua fronte, enquanto um suave sorriso evolava de seus lábios.

Essa estrela assim permaneceu até a santa expirar, em 16 de agosto de 1491. Foi sepultada no Mosteiro de Imaculada Conceição, em Toledo. Suas relíquias exalavam um suave perfume[1]. Canonizada em 1976, sua memória é celebrada em 16 de agosto.

A Ordem por ela fundada difundiu-se pela Europa, Américas, África e Ásia. Em São Paulo existe o belo Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, construído por Santo Antônio de Sant’anna Galvão no início do século XIX, em estilo colonial.

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] Cf. BAGGIO, Hugo. OFM, Santa Beatriz da Silva – vida, obra e espiritualidade. Piratininga (SP): JOARTE. 2012.

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