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A presença de satanás no mundo moderno

Ao percorrermos os Santos Evangelhos, essa luta de Cristo contra Satanás e de Satanás contra Cristo está constantemente presente, alertando-nos para a certeza de sua existência e de sua ação entre os homens.

Foto: X

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Redação (04/05/2025 18:53, Gaudium Press) Se olharmos para trás na história, veremos períodos em que o demônio era visto em toda parte e, em outros, em que ele não era visto em nenhum lugar. Ambas as posições enganosas são provenientes das mãos de Satanás, o pai da mentira.

Ao descrever as “duas cidades”, Santo Agostinho não culpa o demônio por tudo o que é obscuro nas ações dos homens, mas aponta que temos parte nisso. Em suma: o demônio não pode fazer nada contra nós sem a nossa participação.

É assim que aprofunda Monsenhor Cristiani, um sacerdote francês e autor de um famoso livro que li em minha juventude: “A presença de Satanás no mundo moderno” (La presencia de Satán en el mundo moderno. Peuser, Buenos Aires, 1962). Em um determinado momento, o autor afirma que Satanás: “extrai sua força de nosso consentimento, e sua fraqueza vem de nossa resistência”.

Ele começa seu livro, bem documentado e argumentado, com um convite para abrir os Santos Evangelhos, nos quais encontraremos a tentação no deserto: aquele confronto entre o general da Verdade, Jesus, e o pai da mentira, Satanás. Ela é narrada por três evangelistas, que, não tendo sido testemunhas, tomaram conhecimento do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, que lhes contou. Jesus quis que eles soubessem, e eles transcreveram, que ele foi tentado, em um confronto especial, com propostas que tentavam submetê-lo ao jugo delas e desviá-lo de seu caminho.

Ao longo dos Santos Evangelhos, a luta de Cristo contra Satanás e de Satanás contra Cristo está constantemente presente. Ela chama nossa atenção, alertando-nos para a certeza de sua existência e de sua ação entre os homens. É impossível, não apenas para um católico, mas para um historiador sério“, diz Monsenhor Cristiani, ”deixar de comprovar que tudo o que sabemos e acreditamos a respeito do demônio está enraizado no Evangelho.

A crença na existência e na malignidade do demônio é uma verdade revelada por Deus que deve ser acreditada por todos os cristãos. Dentro de sua ação, não há fato mais extraordinário do que a possessão diabólica, uma situação que não indica que o próprio demônio substitui a alma do possuído ou dá vida ao corpo, é uma circunstância, como explica o bispo Cristiani, na qual: “sem que saibamos como, ele se apodera daquele corpo, faz nele sua morada, tira da alma o domínio normal sobre seu corpo e sobre seus membros, imprime nos traços do rosto uma expressão desconhecida, que responde à ação dele. O demônio parece olhar através dos olhos da pessoa possuída e falar através de sua boca”.

Os casos de possessão – cujas causas nem sempre são devidas às faltas do possuído – são mais numerosos do que geralmente se acredita. De fato, há casos, os mais frequentes, em que a origem é ter sofrido um malefício, comumente chamado de “bruxaria”, qualificada como “o sacramento do demônio”.

É bom esclarecer que, às vezes, é um prova permitido por Deus, como no caso de Jó, sem culpa nem malefício, em que o demônio recebe permissão para agir.

Nesse panorama, o autor destaca a mentira, ao longo dos séculos, da negação da existência de Deus e, como corolário, a da existência do demônio. Mas não se pode deixar de perceber hoje “a marca inegável da presença de satanás entre nós, com características da ‘civilização’ contemporânea, que ninguém pode se negar a ver: a mediocridade de nossos meios de comunicação de massa, cinema, rádio e televisão, a atmosfera erótica que se desdobra em romances, peças de teatro e canções”. Em tudo o que essas palavras resumem: ‘espetáculos’, ‘distrações’, ‘ócios’ – acrescentando – a degradação da arte moderna, que parece não ter mais gosto pelo belo, mas apenas pelo feio ou pelo obscuro”. E escreveu isso há mais de 60 anos!

As palavras já soam em meus ouvidos: “Padre, o senhor está exagerando, afirmando que o demônio está em toda parte”.

Pois bem, caro leitor, você sabia que há imagens e vídeos recentes nas redes sociais de jogos de futebol europeu, na Espanha e na Alemanha, em que torcedores exibiram cartazes e faixas, referindo-se a pactos com o demônio para conseguir o vitória de seus times?

Isso te assusta? Mas é verdade. “Vendemos nossas almas para ver você campeão”, dizia um longo cartaz sob as arquibancadas do time espanhol Sevilla ao receber seus jogadores e, momentos depois, eles exibiram uma tela gigantesca nas arquibancadas do estádio, com a figura do próprio demônio.

Nesses mesmos dias, os “torcedores” do time alemão Kaiserslautern, da Bundesliga, exibiram outro cartaz satânico com a figura de um demônio alado com chifres e garras afiadas e um sorriso grotesco, em meio a fogos de artifício. Abaixo, uma longa faixa com a frase em latim: “Exaudi nos, Lucifer, et surge ex abysso, sume animas nostras ad lucem nos trahe, orbem mundi regna, surce ex flammis et appare”. Em outras palavras: “Ouça-nos, Lúcifer, e saia do abismo, tome nossas almas, traga-nos para a luz, reine sobre o mundo, saia das chamas e apareça”.

No século XIX, a ciência sacudia a teologia ao não admitir influências diabólicas em fatos de possessão. Para os católicos, esse “alguém” era satanás; para os homens da “ciência”, era uma invenção imaginária, alegando que as doenças são assunto da ciência e não da religião, assunto de médicos e não de sacerdote exorcista.

Não podemos negar que os estudos científicos dissiparam muitas nuvens e mitos, mas ninguém pode negar que o mundo moderno tem um número considerável de pessoas possuídas por demônios.

É impressionante a atitude inteligente do Papa Leão XIII, em 1888, ao acrescentar no final de cada missa um breve exorcismo, invocando São Miguel Arcanjo para pedir proteção contra o demônio e suas artimanhas. Ele estava firmemente convencido de que havia infestações diabólicas em sua época, e que haveria no futuro. Monsenhor Cristiane comenta os motivos do Santo Padre para essa atitude: “negar Deus e, como consequência óbvia, Satanás, negar a imortalidade da alma, a diferença entre o Bem e o Mal, negar o pecado, negar a virtude, negar o Céu, negar o inferno”.

Hoje, o que vemos? Satanás agindo em toda parte… Nosso Senhor Jesus Cristo o chamou, com razão, de “príncipe deste mundo” (Jo 14,30; 16,11).

Adorá-lo, por meio de uma adesão formal e voluntária, como vimos, antes de uma partida de futebol por seus fanáticos, para invocar explicitamente Lúcifer, significa simplesmente: satanismo, ou seja, a prática e a crença associadas à adoração ou veneração de satanás.

A visão da história universal não mudou: Cidade de Deus versus Cidade de Satanás, Cidade do Amor versus Cidade do Ódio! Há dois estandartes: o de satanás e o de Jesus Cristo.

Por Pe. Fernando Gioia, EP

www.reflexionando.org

(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica, 04-05-2025)

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