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Isabel, a Católica

No palácio real situado numa cidade de lindo nome Madrigal de las Altas Torres, Espanha, nasceu, em 1451, uma menina que mereceu o mais glorioso dos títulos: “Católica”. Era filha do Rei João II de Castela e de Isabel de Portugal.

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Redação (27/04/2025 09:46, Gaudium Press) Tendo seu pai falecido em 1454, o irmão consanguíneo da criança Isabel assumiu o trono sob o nome de Henrique IV de Castela e mandou-a, com sua mãe, para a corte de Arévalo, Norte da Espanha. Ali se encontrava Beatriz da Silva, dama de companhia da princesa Isabel de Portugal, que a levara para a Espanha quando se casou com João II.

Beatriz era de extraordinária beleza. Movida por inveja, a mãe da menina Isabel tentou matar sua dama de companhia a qual, por milagre, conseguiu salvar-se. Levou uma vida de virtudes heroicas, fundou a Ordem das Concepcionistas e foi canonizada: Santa Beatriz da Silva. E a planejadora do crime ficou louca.

Quando completou 18 anos de idade, Isabel casou-se com Fernando de Aragão, herdeiro presuntivo do trono desse reino espanhol. Com a morte de Henrique IV, ela foi proclamada Rainha de Castela, em 1474. Os dois reinos – Aragão e Castela – se uniram.

Face às perseguições violentas perpetradas contra os católicos, Isabel dedicou-se ao combate contra os inimigos da Igreja. O Papa Sixto IV, elogiando seu zelo pela Fé, estabeleceu a Inquisição na Espanha, em 1480.

Martírio de São Pedro de Arbués

Um dos inquisidores foi São Pedro de Arbués, que era nobre, estudara na Universidade de Bolonha e obtivera o doutorado em Teologia e Direito.

Tendo sido objeto de ataques criminosos, ele sempre usava uma malha de ferro sob a batina e um capacete de ferro debaixo do barrete.

Numa noite, enquanto rezava ajoelhado frente ao altar-mor da Catedral de Zaragoza, oito judeus armados penetraram na igreja e o cercaram. Ele bradou “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, eu morro pela santa Fé”, e os criminosos o crivaram de punhaladas no pescoço.

Dois dias depois, 17 de setembro de 1485, ele entregou sua alma ao Criador. O Papa Beato Pio IX, em 1867, o canonizou e pediu sua ajuda na luta contra os que tramavam a destruição da Igreja.[1]

A fim de defender os católicos e combater os inimigos da Igreja e do Estado, os Reis Católicos incentivaram a Inquisição dirigida pelo dominicano Tomás de Torquemada, confessor de Isabel. Era “um religioso muito austero, mas desprovido de crueldade, a ponto de ter intervindo muitas vezes para moderar os excessos de certos juízes eclesiásticos”.[2]

Rei mouro de Granada censurado por sua mãe

Após terem cessado as lutas sangrentas que dilaceravam a Península hispânica, Fernando e Isabel reiniciaram a guerra, começada havia oito séculos, para expulsar os invasores muçulmanos.

Granada era o último reduto que eles possuíam na Espanha. O Papa Sixto IV incentivou uma Cruzada a fim de conquistá-la para a Igreja.

Em princípios de 1491, cerca de 100.000 soldados comandados por Fernando iniciaram o cerco de Granada. Passados alguns meses, os católicos estavam um tanto desanimados.

A rogos de Fernando, a Rainha Isabel dirigiu-se ao local de batalha. Montava uma mula, cujas coberturas suntuosas resplandeciam de ouro e chegavam até o chão; à sua direita, cavalgava sua filha igualmente esplêndida em suas vestimentas, e à esquerda o Cardeal Cisneros, Arcebispo de Toledo e Inquisidor geral de Castela.[3]  Quando a viram, todos ficaram alegres e fortalecidos para novos combates.

Um incêndio ateado pelos maometanos destruiu as tendas do acampamento católico. Logo depois, Isabel mandou construir nas cercanias de Granada uma cidade à qual nomeou “Santa Fé”.

Reconhecendo a derrota dos mouros, o rei de Granada Boabdil assinou um acordo pelo qual os vencidos sairiam de Granada, mas conservariam suas vidas; os que desejassem ir para a África receberiam ajuda.

Em 2 de janeiro de 1492, Boabdil foi a cavalo ao encontro do casal vencedor, apeou-se e entregou a chave da cidade. Depois, partiu para o exílio chorando. Sua mãe disse-lhe: “Por que chorar como mulher esse reino que não soubeste defender como homem?”[4]

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Alhambra

Quando penetrou em Granada, uma das primeiras preocupações de Isabel foi “mandar purificar a mais importante mesquita da cidade e rezar ali uma Missa. Era o principal símbolo da vitória alcançada contra o Islã.”[5]

Os católicos entraram no belo conjunto arquitetônico chamado Alhambra e ergueram uma cruz e a bandeira no alto de sua torre. Ele passou a ser o Palácio real dos Reis Católicos. Pouco depois, numa de suas partes foi instituído o Convento de São Francisco.

A respeito desse monumento Dr. Plinio Corrêa de Oliveira comentou:

No interior do Alhambra, há “partes muito bonitas, com os chafarizes cantando. Mais ainda: da fonte vêm sulcos para dentro dos quartos, com regozinhos que fazem com que a água brinque e corra em pequenos sulcos dentro do próprio quarto. Para um lugar quente, que maravilha!”[6]

Em 1496, o Papa Alexandre VI outorgou a Fernando e Isabel o título de “Reis Católicos”, o qual passou a ser utilizado pelos monarcas da Espanha.

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Colombo obteve apoio dos Reis Católicos

Isabel recebera a visita de Cristóvão Colombo e julgou importante seu plano de singrar os mares em busca de outras terras. Em dezembro de 1491, os Reis Católicos o atenderam na cidadela Santa Fé, junto às muralhas de Granada.

Apoiaram seu projeto e ele conseguiu as caravelas Santa Maria, Pinta e Nina. Partiu do porto de Palos de la Frontera – Sul da Espanha – em 3 de agosto de 1492, e chegou à Santo Domingo, capital da atual República Dominicana, em 12 de outubro.

Estando Isabel no Palácio real de Medina del Campo – Noroeste da Espanha –, foi atingida por grave doença. Percebendo que a morte se aproximava, fez seu testamento e pediu que seu corpo fosse sepultado numa capela do Alhambra.

No testamento, ela rogou a seus sucessores que se esforçassem em conquistar para a Igreja o Norte da África, continuassem a Reconquista peninsular e procurassem converter à verdadeira Fé os habitantes da América, recém-descoberta.

Tendo recebido a Unção dos enfermos e a Eucaristia, faleceu em 26 de novembro de 1504. A causa de sua beatificação foi introduzida, em 1974. Rezemos para que essa grande heroína receba a honra dos altares.

Por Paulo Francisco Martos


[1] Cf. RIBEIRO, Jannart Moutinho. In ROHRBACHER, René-François. Vida dos Santos. São Paulo: Editora das Américas. 1959. v. 16, p. 271-276.

[2] DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja da Renascença e da Reforma (I). São Paulo: Quadrante. 1996, v. IV, p. 230.

[3] Cf. IRVING, Washington. A conquista de Granada. Rio de Janeiro: Editora Panamericana. 1943, p. 297.

[4] DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja da Renascença e da Reforma (I). São Paulo: Quadrante. 1996, v. IV, p. 228.

[5] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Intransigência e ductibilidade. In Dr. Plinio. São Paulo. Ano XXIV, n. 284 (novembro 2021), p. 11.

[6] Idem. Parece um canto de fadas! In Dr. Plinio. São Paulo. Ano XXI, n. 240 (março 2018), p. 35. 

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