Dr. Alfieri: às 6h da manhã o Papa já estava em coma
As declarações do Dr. Alfieri revelam alguns detalhes sobre seu encontro com Francisco no sábado e na manhã de segunda-feira.
Redação (25/04/2025 10:08, Gaudium Press) A figura do médico Sergio Alfieri, chefe da cirurgia oncológica abdominal da Policlínica Gemelli, tornou-se amplamente conhecida por seu papel durante a internação do falecido Pontífice.
Em entrevista ao Corriere della Sera, Alfieri revelou detalhes sobre o estado de saúde do Papa quando esteve com ele no sábado antes da Páscoa:
“Vi o Papa no sábado após o almoço, na véspera da Páscoa, e posso afirmar que ele estava muito bem. Ele mesmo me disse isso. Levei-lhe um bolo escuro, do jeito que ele gosta, e conversamos um pouco. Estou muito bem, voltei a trabalhar e está tudo indo bem”. Eu sabia que ele daria a Urbi et Orbi [bênção] no dia seguinte, e combinamos de nos encontrar na segunda-feira.
Quando questionado sobre a necessidade de uma convalescença rigorosa que deveria durar pelo menos 60 dias, o médico respondeu:
“Não, porque era assim mesmo. Ele é o Papa. Voltar ao trabalho fazia parte da terapia e ele nunca se expôs ao perigo. Parece que, ao se aproximar do fim, ele decidiu fazer tudo o que precisava que fazer. Assim como aconteceu no domingo, quando aceitou a proposta de seu assistente pessoal de saúde, Massimiliano Strappetti, de passear pela praça entre a multidão. Ou como fez há dez dias.
O que ele fez?
“Ele me pediu para organizar uma reunião com todas as pessoas que o trataram no Gemelli. Eu lhe disse que éramos 70 pessoas e que talvez fosse melhor fazer isso depois da Páscoa, no final da convalescença. Sua resposta foi clara: ‘Vou me reunir com eles na quarta-feira’. Hoje tenho a nítida sensação de que ele sentia que precisava fazer uma série de coisas antes de morrer”.
Dr. Alfieri também comentou a manhã de segunda-feira, desmentindo informações que o Papa havia acordado às 6 da manhã.
“Na segunda-feira, por volta das 5h30, Strappetti me ligou: ‘O Santo Padre está muito doente, temos que voltar para Gemelli’. Avisei a todos e vinte minutos depois já estava em Santa Marta. Parecia difícil pensar que a hospitalização fosse necessária. Entrei em seu quarto e seus olhos estavam abertos. Notei que ele não tinha problemas respiratórios e tentei chamá-lo, mas ele não respondeu. Ele não reagia a estímulos nem mesmo aos dolorosos. Naquele momento, percebi que não havia mais nada a fazer. Ele estava em coma”.
Ele não poderia ser levado para a Policlínica?
O médico explicou que havia risco de o Papa falecer durante o transporte para o hospital, destacando que a internação teria sido inútil. “Strappetti sabia que o Papa queria morrer em casa, ele sempre dizia isso quando estávamos no Gemelli. Ele faleceu pouco tempo depois. Fiquei lá com Massimiliano, Andrea, os outros enfermeiros e os secretários. Depois todos chegaram, e o Cardeal Parolin nos pediu que rezássemos; e rezamos o terço com ele. Eu me senti privilegiado e agora posso dizer que realmente o fui. Naquela manhã, eu lhe fiz uma carícia como última despedida”.
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