São Cirilo de Jerusalém
A vida de São Cirilo, bispo e doutor da Igreja, foi marcada por perseguição e sofrimento, mas sua perseverança brilhou. Insigne catequista e educador, foi muito perseguido pelos arianos, por ter subscrito a condenação destes e dos macedonianos. A igreja celebra sua memória no dia 18 de março.
Redação (17/03/2025 17:39, Gaudium Press) São Cirilo de Jerusalém é um campeão da fé, não porque tenha sido martirizado – apesar de seus constantes exílios tenham feito de sua vida um caminho de provações; ele não morreu em defesa da fé, mas lutou por ela com todas suas forças.
E, na escuridão das eras e séculos, ficou ligeiramente esquecido; até que, por disposição divina, seu estandarte foi robustamente levantado, sendo honrado como o príncipe dos catequistas. Título maravilhoso para aquele que consagrou sua vida à pregação e à caridade cristã de ensinar.
Vida nesta terra de sofrimentos
Não temos dados referentes à infância ou adolescência de São Cirilo, apenas o possível ano de seu nascimento, 315. No ano 348, foi ordenado bispo por São Máximo, assumindo a diocese de Jerusalém. Ele exerceu o cargo durante quase trinta e cinco anos. Porém, dezesseis desses anos foram vividos no exílio, em três momentos diferentes.
Como Bispo, Cirilo destacou-se logo por sua atitude pacífica e capacidade de mediação, virtudes que, no entanto, não atenuaram a firme ação contra a divisão da comunidade, a heresia e os maus costumes.
Defendeu a pureza da fé e incentivou a renovação espiritual. A Igreja, na época, atravessava um período difícil por causa das correntes heréticas e dos fortes contrastes teológicos com os arianos perversos.
Os arianos, que negavam a divindade de Cristo, tentaram manipulá-lo, especialmente Acácio, um bispo de virtude duvidosa e simpatizante do arianismo, teria nomeado São Cirilo bispo de Jerusalém imaginando que fosse tê-lo como aliado na defesa da heresia. Mas sem sucesso, e logo surgiram discussões entre os dois.
Acácio chegou ao ponto de convocar um concílio de seus partidários para condenar São Cirilo, mas este se recusou a comparecer. Esse concílio fraudulento o condenou e o exilou, e ele teve que partir para Tarso, a terra de São Paulo, para aguardar a apelação a um tribunal superior.
No Concílio de Selêucia, foi reconhecida a falsidade da acusação, e São Cirilo voltou ao cargo.
A ordem para o segundo exílio partiu do imperador Constâncio, que recebeu informações de que Cirilo, bispo de Jerusalém, apoiava os hereges com falsos raciocínios cristãos.
Desta vez, vieram em seu socorro Santo Atanásio e Santo Hilário, ambos reconhecidos como pilares doutrinários, atestando que as catequeses pregadas por Cirilo não continham equívocos.
Porém, o terceiro exílio foi o mais longo: passou 11 anos fora de sua diocese, tendo sido expulso porque o imperador era claramente apoiador do arianismo. Quanto este morreu, em 378, ao término deste longo período, graças ao benefício de Teodósio, o Bispo Cirilo pôde, finalmente, voltar a tomar posse da cátedra de Jerusalém e, em 381, participou do II Concílio Ecumênico de Constantinopla, onde firmou o símbolo Niceno-Constantinopolitano.
Porém, as agruras da vida errante o fizeram adoecer, e, segundo os historiadores, São Cirilo expirou em 386.
Proclamado Doutor da Igreja, em 1882, por Leão XIII, seus escritos inspiraram duas importantes Constituições dogmáticas do Concílio Vaticano II: a Lumen Gentium, sobre a Igreja, e a Dei Verbum, sobre a Revelação Divina. Os mais famosos escritos de São Cirilo são as suas 24 catequeses ministradas nas pregações em Jerusalém.
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