Primaz greco-católico ucraniano: Rússia persegue os católicos nas áreas ocupadas
Mons. Shevchuk diz que Trump está repetindo a propaganda russa.
Foto: Vatican News
Redação (25/02/2025 15:32, Gaudium Press) O bispo Mons. Sviatoslav Shevchuk, primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana, disse que Donald Trump repete “pontos de propaganda russa” ao minimizar a importância da guerra na Ucrânia e responsabilizar o presidente Zelensky pelo conflito.
Trump afirmou nas redes sociais que Volodymir Zelensky era um “comediante modestamente bem-sucedido” que havia manipulado os EUA para que empregassem US$ 350 bilhões em “uma guerra impossível de ser vencida”. Ele também culpou Zelensky pelo prolongamento do conflito, declarando que sua administração havia deixado a Ucrânia “destroçada”.
Em resposta, o arcebispo maior, presente em Washington por ocasião de um evento no Hudson Institute, afirmou que “as declarações do presidente Trump refletem claramente os pontos da propaganda russa. Elas minimizam o sofrimento do povo ucraniano e enfraquecem a defesa da liberdade e da soberania na Europa”.
Uma ameaça que não é apenas à Ucrânia
Em seu discurso, o Arcebispo Shevchuk disse que a ameaça russa não se limita à Ucrânia. De acordo com o Primaz, se Moscou conseguir levar a melhor no conflito, outras nações estarão em perigo: “As repúblicas bálticas, a Polônia, a Geórgia, a Armênia e outros países da Ásia Central podem ser os próximos na lista de Putin”.
O arcebispo sustentou que o objetivo do presidente russo é “reconstruir o antigo Império Russo” e afirmou que “uma vitória russa significaria o retorno à repressão, à perda de liberdades e à destruição das instituições democráticas em toda a região”.
Nesse contexto, Shevchuk enfatizou que a Ucrânia não está lutando apenas por sua própria sobrevivência, mas pela estabilidade e segurança de toda a Europa. “Qualquer tentativa de apaziguar Putin servirá apenas para reforçar suas ambições expansionistas”.
Rússia persegue católicos em áreas ocupadas
O Primaz também denunciou a repressão sistemática da Igreja Greco-Católica Ucraniana nas áreas ocupadas pela Rússia. De acordo com Shevchuk, em dezembro de 2022, as autoridades russas declararam sua Igreja ilegal, assim como organizações humanitárias como a Caritas Ucrânia e os Cavaleiros de Colombo.
Ele também revelou que vários sacerdotes ucranianos foram submetidos a torturas brutais durante meses de cativeiro em prisões russas. Dois deles foram libertados após dezoito meses de prisão, graças à intervenção diplomática da Santa Sé. “Mas pelo menos dez outros pastores protestantes ainda estão detidos e estão sendo torturados neste exato momento”, denunciou Shevchuk.
Deportação forçada de crianças ucranianas
O bispo Shevchuk também denunciou uma das mais graves violações dos direitos humanos cometidas pela Rússia: a deportação forçada de crianças ucranianas. De acordo com o Primaz, milhares de menores foram transferidos das áreas ocupadas para o território russo, onde são colocados em orfanatos ou campos de “reeducação”.
“Essas crianças são forçadas a esquecer sua identidade ucraniana, muitas não retornaram e algumas foram até rebatizadas com novos nomes”, lamentou Shevchuk. “Cada criança deportada representa uma família destruída pela guerra e uma ferida profunda em nossa nação.”
Uma paz justa, não uma trégua temporária
Em resposta aos comentários de Trump sugerindo que os EUA deveriam reduzir seu apoio à Ucrânia, Shevchuk foi claro: “Buscamos uma paz justa, não uma trégua temporária que permitirá que o agressor volte mais forte no futuro.”
O Primaz advertiu que qualquer acordo que envolva ceder às exigências russas seria interpretado por Moscou como um sinal de fraqueza. “Putin não vai parar na Ucrânia. Se permitirmos que ele avance, o preço a ser pago será muito mais alto no futuro”, concluiu.
Com informações CNA / InfoCatólica
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