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O Céu do seu irmão

Esperança é a virtude que nos faz desejar o Céu com a certeza de que Deus vai nos dar todos os meios para chegar lá.

Foto: Taylor Van Riper/ Unsplash

Foto: Taylor Van Riper/ Unsplash

Redação (22/02/2025 08:42, Gaudium Press) Há muitas coisas na vida que são difíceis de compreender e aceitar, mas, entre elas, há uma que é impossível: o ateísmo – uma estupidez defendida por muita gente tida por culta e inteligente.

Assim como os vegetarianos e veganos, os ateus são pessoas firmadas em uma convicção, a maioria com um discurso feito de frases semelhantes e conceitos prontos, e que não arredam pé de seu ponto de vista.

Cada um come o que quer

Os gostos em alimentação são muito pessoais; cada um come o que gosta, o que quer, o que pode ou aquilo que é levado a achar certo de acordo com ideologia pela qual foi fisgado. Não compete a ninguém julgar o que o outro come ou deixa de comer. Todos precisamos nos alimentar, e o importante é ingerirmos alimentos saudáveis e bem preparados, que nos ofereçam os nutrientes necessários e não prejudiquem a nossa saúde. Portanto, não devemos tentar impor as nossas preferências.

Contudo, no que tange ao ateísmo, isso sim atinge a todo aquele que crê verdadeiramente. Estes não devem se manter indiferentes diante do ateísmo, levando a sério a “ordem do dia” de que “devemos respeitar todas as escolhas”. Escolhas que dizem respeito somente ao outro, sim, mas não aquelas que dizem respeito a Deus! Nesse tipo de assunto, temos que nos meter – ou, então, desistir de ser cristãos.

Qual será sua atitude de filho?

Um ateu é como um “penetra” numa festa para a qual não foi convidado: entra sorrateiramente, come, bebe, dança, se diverte e, não raro, ainda sai falando mal do dono da festa! Todo penetra é, no mínimo, inconveniente.

Se você está numa festa e sabe que uma determinada pessoa ali dentro é um penetra, você pode até sentir um certo incômodo, mas deixa pra lá, afinal, você é apenas um convidado. Mas, e se a festa for na casa do seu pai, que também é a sua casa? A casa que seu pai construiu, que sua mãe limpa e mantém em ordem, onde está havendo uma festa para familiares e amigos, pessoas que o seu pai convidou.

De repente, você nota que tem uma pessoa ali que não faz parte desse círculo, que está não só usufruindo de tudo o que tem na festa – às vezes até exageradamente, portando-se como se estivesse na casa de ninguém – mas também falando aos outros convidados coisas que ofendem a dignidade de seu pai, pondo em dúvida se ele é, de fato, o dono e construtor daquela casa.

Diante da surpresa e indignação dos outros convidados, qual será a sua reação? Vai simplesmente dar um sorriso amarelo e dizer que é preciso respeitar a liberdade de expressão, que o seu pai é um homem generoso e que, como filho dele você deve permitir que cada um faça e fale o que pensa dentro da casa dele?

Se você tiver o mínimo de brio, vai se aproximar da pessoa e pedir educadamente que se retire. Mas, se ela recusar, se for irônica – como realmente são, porque se acham superiores aos demais –, certamente você pegará o sujeito pelo colarinho e o colocará porta afora.

O zelo da tua casa me consome

Então, se temos esse zelo com nossa casa material e com nosso pai carnal, por que não o ter com a casa de nosso Pai Celestial, o mundo que Ele criou?

É claro que não devemos sair por aí arrumando encrenca, mas temos obrigação de defender a Deus, a Nosso Senhor Jesus Cristo, nossa Mãe Maria Santíssima e nossa Santa Igreja Católica.

Há diversas profecias que dizem que, no final dos tempos, haverá uma grande apostasia. Se estamos no final dos tempos, não sei, mas que a apostasia está aumentando cada vez mais, isso é inegável. Talvez, pior do que a apostasia seja o número enorme de cristãos frouxos e indecisos que morrem de medo de ofender as pessoas, serem malvistos e parecerem radicais demais.

Os politicamente corretos que me desculpem, mas estamos diante de uma turba de cristãos desprezíveis, incapazes de levantar a voz para defender a sua fé e os legítimos valores da Igreja e, principalmente, para defender a dignidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é continuamente ultrajada. Que possamos imitar o salmista citado no Evangelho de São João: “O zelo da tua casa me consome (cf Jo 2, 17).

O inferno e os ateus

Nosso Salvador veio ao mundo para se colocar mais próximo de nós, para nos mostrar que somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Ademais, morreu por nós, de uma forma cruel, depois de sofrer os piores ultrajes. Ele apanhou, foi humilhado, taxado como mentiroso, ironizado, teve sua nudez exposta no alto de uma Cruz, deixando à mostra o seu corpo dilacerado, e os católicos vacilantes têm vergonha de abrir a boca para defender Aquele que deu a vida por nós pelo respeito à liberdade de expressão!

Como dissemos, uma pessoa onívora, que come de tudo, jamais vai conseguir convencer um vegano de que comer carne é saudável. Mas as pessoas vão para inferno por serem ateias e permanecerem neste erro até a morte!

E, se você teve a oportunidade de evitar que uma delas fosse para o fogo eterno e não o fez por ser fraco, pusilânime e politicamente correto, a responsabilidade disso recairá sobre você!

As faces do ateísmo

O cristão jamais pode perder a indignação diante da descrença. Ninguém nasce ateu, mas torna-se ateu pelos mais diversos motivos; alguns, por decepções, por grandes perdas. Normalmente, esse ateísmo é o mais fácil de desconstruir, porque ele quase nunca é real, é mais fruto de uma revolta, de uma briga com Deus, de uma birra.

Nesse caso, a pessoa pode se dizer ateia e ter dentro de si um secreto ódio de Deus. Então, não se trata de não acreditar em Deus, mas de não aceitar a vontade dEle, de não concordar com ela, e, erroneamente, chamar a isso ateísmo.

Há outros que se tornaram ateus por abraçar filosofias e ideologias que os levaram a tal. Não existe no mundo um único ateu que tenha chegado à conclusão de que Deus não existe pela lógica e raciocínio próprios. Ele se tornou assim porque leu determinado autor, teve aula com determinado professor, entrou para determinado grupo ou movimento.

Poder-se-ia dizer que o oposto é idêntico, ou seja, que ninguém nasceu crendo, mas se tornou crente pela influência de outros. No entanto, isso não é verdadeiro.

Toda criança acredita em Deus

Todo ser humano nasce crendo. A infância é o tempo da inocência, e a inocência é o berço da fé. Não existem crianças ateias. Elas olham para a lua e as estrelas, para a chuva que cai, a flor que nasce, os frutos saborosos, os animais, as outras pessoas e sabem que Deus criou tudo isso.

Toda criança, na idade da pureza, acredita em Deus piamente; todas elas têm uma relação de amor e respeito com o “Papai do Céu”. Os adultos quebram isso, as ideologias quebram isso; desgraçadamente, até os pais quebram isso.

E, por mais miséria que exista no mundo, não há ninguém que tenha perdido mais do que o ateu: ele perdeu a esperança. E a esperança é a virtude que nos faz desejar o Céu com a certeza de que Deus vai nos dar todos os meios para chegar lá. Quem perdeu isso, perdeu tudo!

Foge da Bíblia como o diabo da Cruz

 “O homem foi criado para conhecer, servir e amar a Deus”, isto lhe é intrínseco. O problema é que algumas pessoas colocam sobre si toneladas de falsos conceitos; é preciso quebrar essa casca dura e falar-lhes da lógica da criação.

Por mais telescópios potentes que se construam, por mais satélites que se coloquem em órbita, por mais naves espaciais que sejam lançadas para explorar o espaço, nada muda o fato de os astros e estrelas não se terem feito por si mesmos. Assim como as plantas, os mares, a terra, os bichos e os homens também não se fizeram por si.

As Sagradas Escrituras estão repletas de exemplos sobre Deus Criador, porém, como o ateu foge da Bíblia como o diabo da Cruz, você pode usar apenas exemplos palpáveis, a começar de nós mesmos, do ar que respiramos, da água que bebemos, da complexidade do nosso sistema digestivo, da perfeição do nosso coração, que bombeia o sangue para todo o corpo etc.

Basta ao homem olhar para si ou para tudo o que existe ao seu redor para que encontre a Deus. Não há como fugir disso.

A fé é privilégio dos simples

Há os que se proclamam ateus e justificam o seu ateísmo dizendo que, se Deus existisse, não permitiria todas as tragédias que acontecem no mundo, não permitiria as injustiças, as guerras, não deixaria morrer crianças e jovens etc. Desse modo, preferem não acreditar em Deus. Desejam a utopia…

Esquecem que muitas coisas que acontecem no mundo são frutos dos nossos pecados e consequências da desobediência a vontade de Deus.

Quanto aos ateus por ideologia, é bom lembrar que ideologia para eles não é algo que se cria, mas que se copia. O indivíduo não é ateu, ele se torna ateu pelas coisas nas quais escolhe acreditar, e permite que contaminem a sua mente. É uma luta difícil…

Os pseudossábios afirmam que a fé é própria dos ignorantes, quando, na verdade, a fé é privilégio dos simples e, quanto mais uma pessoa se envaidece do seu saber, mais ela se afasta da simplicidade e mais facilmente se torna presa de correntes ideológicas que têm a sua origem no brado: “Non serviam!”. Entretanto, para driblar isso, elas afirmam que não acreditam no demônio também.

Nossa responsabilidade diante de um ateu

Nós, católicos, como parte do Corpo Místico de Cristo, precisamos assumir nossa condição e sermos firmes e altaneiros, não por nos julgarmos melhores que os outros, mas porque Deus não quer que nenhum de seus filhos se perca. Ele sofre por toda criatura que se afasta do caminho da salvação, e é nosso dever trazer nossos irmãos de volta para o aconchego do amor divino.

Eles vivem na casa do Pai, por isso, não podem se comportar como penetras; e não podem desrespeitar o Pai diante de você sem que você se indigne, sem que você se manifeste: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Essa missão foi dada por Jesus Cristo aos Apóstolos, mas também a cada cristão.

Você não precisa correr o mundo nem andar de porta em porta pregando o Evangelho, contudo, não pode deixar de fazê-lo nas ocasiões que se lhe apresentem.

Lembre-se, você não é católico apenas nas Missas de domingo, mas 24 horas por dia, sete dias por semana, durante toda a sua vida, portanto, comporte-se como um católico, comporte-se como um cristão verdadeiro!

As pessoas precisam de Deus como nunca precisaram, e o mundo lhes tira Deus cada vez mais avassaladoramente. Não contribua para isso!

Dê ao seu irmão – por mais arrogante e desrespeitoso que ele seja – aquilo que você tem e que ele tanto necessita. O Céu dele pode depender da sua fé! Ela pode ser o meio que Deus escolheu para ajudá-lo a chegar lá. Pense nisso.

“A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Foi ela que fez a glória dos nossos antepassados. Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela Palavra de Deus, e que as coisas visíveis se originaram do invisível” (Hb 11, 1-3).

Por Afonso Pessoa

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