Há cem anos, a beatificação de Santa Bernadette

Em Nevers, onde Santa Bernardette foi religiosa, o santuário que leva seu nome celebra o centenário de sua beatificação neste ano de 2025. 

Redação (19/02/2025 16:52, Gaudium Press) Em 1970, o antigo convento e casa-mãe das Irmãs da Caridade de Nevers, na França, onde se venera corpo incorrupto de Santa Bernadette Soubirous, foi convertido em um santuário administrado por voluntários e algumas religiosas que cuidam dos peregrinos e gerenciam o complexo Espace Bernadette.

Embora menos conhecido que Lourdes, o santuário continua a atrair peregrinos que buscam inspiração na vida de Santa Bernardette Soubirous, que faleceu aos 35 anos.

Em entrevista ao jornal católico La Croix, Christophe Goubier, diretor do Espace Bernadette, tece alguns comentários sobre a santa e os peregrinos.

“Bernadette foi a santa dos pequenos. Todos podem se identificar com ela: ela viveu uma vida normal e comum. Os peregrinos que vêm a Nevers são como ela. Todos podem se ver em Bernadette, com sua pobreza e fraquezas.

“Em Lourdes, ela foi a mensageira da Virgem. Quando entrou no convento em Nevers, adotou uma postura de humildade e de entrega. Ela viveu uma vida de renúncia, de santidade, nos pequenos gestos da vida cotidiana. Mesmo acometida por doenças, como asma e tuberculose óssea, ela continuou a cuidar dos outros e se retirava antes que alguém pudesse lhe agradecer. Sua santidade estava no fato de sacrificar sua vida todos os dias sem reclamar”.

Ao lhe ser perguntado como ela se sentia por ter sido escolhida pela Virgem Maria, Christophe Goubier responde:

“Ela mesma disse que não entendia por que Maria a tinha vindo visitá-la. Ela não reconhecia nenhum mérito por isso. As irmãs de sua comunidade, depois de ouvi-la contar uma vez as aparições, pediram-lhe que não falasse mais sobre elas, dizendo que a santidade não era voltada para o passado. Assim, ela passou a se concentrar em sua vida cotidiana no convento”.

O diretor explica que as pessoas visitam o Espace Bernadette por causa de Bernadette, cujo corpo incorrupto é apresentado em uma urna de vidro. “Mas é verdade que os franceses a procuram com mais frequência em Lourdes, acreditando até mesmo que a encontrarão no cemitério. Curiosamente, os estrangeiros não cometem o mesmo erro. Pessoas simples vêm a Nevers para expressar uma forma de piedade popular. […] Os peregrinos colocam objetos ao lado da urna, tocam a reconstrução da gruta que temos aqui… Eles mostram algo que não percebemos, mas que leva ao céu, eu acho, porque é algo que vem do coração. Maria pediu a Bernadette que fizesse gestos que poderíamos achar absurdos: comer grama, esfregar lama no rosto… O movimento do coração não é necessariamente compreendido, mas vivido”.

Christophe Goubier ressalta que muitas escolas visitam o santuário. “Bernadette toca as crianças, que talvez sejam menos influenciadas por construções intelectuais do que os adultos. Quando elas veem seu corpo, ficam comovidas. Meu neto, de 3 anos e meio, foi vê-la ontem. Ele simplesmente disse: “Eu te amo”. Com ela, a reação das crianças é direta. Seu corpo no relicário é belo e sereno. Os adolescentes e estudantes, por outro lado, são menos tocados pela santa”.

Neste ano em que se celebra os 100 anos da beatificação de Santa Bernardette – ocorrida em 14 de junho de 1925 – as festividades no santuário começaram em 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, data da primeira aparição, e terminarão em 14 de setembro. Durante esse período, haverá atividades culturais e religiosas.