Gaudium news > Conversão de São Paulo

Conversão de São Paulo

São Paulo ia para Damasco, ainda respirando ameaças de morte contra os discípulos do Senhor, quando o próprio Jesus glorioso Se apresentou no caminho e o escolheu, para que, cheio do Espírito Santo, anunciasse o Evangelho da salvação aos gentios, padecendo muitas tribulações pelo nome de Cristo.

Foto: François Boulay

Foto: François Boulay

Redação (25/01/2025 08:47, Gaudium Press) Como homens aparentemente comuns tornam-se almas eleitas? E onde se encontra a sustentação daqueles que têm a missão de fundar uma nova era na histórica, como, por exemplo, o Apóstolo São Paulo?

Esta missão é sustentada ao longo dos séculos pelo poder divino, servindo-se, para isso, de numerosas almas que se imolam pela fidelidade e santidade destas almas tão chamadas; e sobretudo, pelos rogos da Mãe da Igreja, Nossa Senhora, Rainha do Céu e da Terra.

Nossa Senhora é a coluna que sustenta os eleitos a fim de erguer e expandir a Igreja, completando, por assim dizer, a intensa ação do Espírito Santo em suas almas. Foi por meio d’Ela que o Verbo Eterno desceu à terra, e somente por meio d’Ela os homens poderiam subir ao mais alto dos Céus e ser divinizados pela graça.

Conversão de São Paulo

São Paulo era um fariseu convicto, homem fogoso, empreendedor e conhecedor profundo tanto das realidades da Fé quanto da estrutura do mal que então dominava Israel. Ele havia sido formado “em toda a observância da Lei” (At 22, 3) por Gamaliel, o qual esperava com verdadeiro fervor o Messias e, àquela altura, era “respeitado por todo o povo” (At 5, 34). Este doutor da Lei se ausentara da Judeia durante a vida pública de Nosso Senhor, pois seus chefes o tinham enviado para longe com a missão de certificar a ortodoxia de certos judeus da diáspora. Acompanhara-o Saulo, por ser um de seus mais fiéis discípulos. Ao longo desse tempo, Gamaliel continuou inculcando na alma de seu pupilo a expectativa ardorosa pelo Salvador e a repulsa a tudo o que se opunha à sua vinda e missão.

Quando ambos voltaram para Jerusalém, os Apóstolos já haviam recebido o Espírito Santo e realizavam as primeiras pregações, as quais desencadeariam as hostilidades do Sinédrio. Gamaliel retornou às suas funções, enquanto Saulo, mal informado por adeptos da ala mais corrupta da Sinagoga sobre os acontecimentos daquele período e inflamado de indignação, determinou-se a perseguir com todo o seu zelo os prosélitos do “falso messias”. Paradoxalmente, ele assim agia por bom espírito e fervor…

As obstinadas e violentas ações daquele fariseu causaram grande preocupação aos discípulos que, aflitos, logo procuraram Nossa Senhora. Muito doce, serena e solícita, mas categórica, Ela apenas lhes disse que não se preocupassem, pois rezaria por Saulo. Nutrindo uma certeza inquestionável de que tudo quanto Ela pedia a Nosso Senhor era atendido, perguntaram-Lhe por qual intenção rogaria. Imaginavam algo que impedisse o perseguidor de continuar sua devastação, como uma doença, ou mesmo a morte. Quão desconcertados ficaram quando Maria respondeu que suplicaria sua conversão! Tal hipótese lhes parecia tão absurda que se sentiram na obrigação de fazer um ato de fé, quase preferindo não pensar mais no assunto. A Rainha dos Apóstolos sabia, entretanto, que a forma mais gloriosa de vencer o inimigo consiste em fazê-lo lutar a favor da boa causa…

Terminada a visita Nossa Senhora ajoelhou-Se num canto da sala, diante de uma espécie de oratório em que guardava algumas relíquias de seu Divino Filho. Iniciou uma oração a Ele, à maneira de conversa, na qual Lhe expôs todas as razões de conveniência para aquela conversão.

Quando concluiu sua súplica, abriu os braços em ação de graças, certa de haver sido atendida. Apresentou-se, em seguida, a seu espírito a cena que se dava, naquele mesmo instante, no caminho de Damasco. Para converter o verdugo dos cristãos, Nosso Senhor apenas disse: “Saulo, Saulo, por que Me persegues?” (At 9, 4). A constatação de que Jesus era o Messias esperado e que ele O perseguia na pessoa de seus discípulos, causou-lhe imensa dor e o levou a fazer três dias de jejum, “sem comer, nem beber” (At 9, 9).

A frase saída dos lábios do Redentor – “Dura coisa te é recalcitrar contra o aguilhão” (At 9, 5; 26, 14) – referia-se, sobretudo, à voz interior da graça chamando-o para a conversão, que ele resistia em aceitar. Ela se manifestava através da própria voz de Nossa Senhora, a qual orava fervorosamente, a todo momento, a fim de conquistá-lo para o lado do bem.

O amor de Nossa Senhora conduziu-o a uma reparação perfeita: em vez de se lamentar por suas faltas passadas, São Paulo avançou contra os inimigos do verdadeiro Messias e partiu para a conquista de todo o mundo então conhecido! Nesse sentido, pode-se dizer que ele se apresenta como uma pré-figura dos apóstolos dos últimos tempos, pois sua vocação foi gerada pelo Espírito Santo no Coração de Maria, com as graças de Pentecostes.

A conversão de São Paulo deixou os inimigos da Igreja muitíssimo açodados. Bem conheciam o fervor e dinamismo de seu antigo aliado e o que representaria para a Igreja nascente esse novo prosélito. Preocupados, empregaram todos os meios para matá-lo (cf. At 9, 23-24; 23, 14-21) e, não o conseguindo, decidiram intensificar a perseguição. Anos mais tarde, ele foi condenado à morte e decapitado por defender sua fé em Cristo. [1]


[1] Cf. CLÁ DIAS, EP, João Scognamiglio.  Os mistérios da vida de Maria: uma esteira de luz, dor e glória. Parte II. São Paulo: Arautos do Evangelho, 2020, p.524.

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas