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Homenagem a um adorador eucarístico exemplar

Um novo ano se inicia e crescem as preocupações, os temores e as esperanças. Nessa emergência, uma coisa é certa: Deus, sendo o criador e Senhor de tudo, sem dúvida tirará proveito de tudo o que vier a acontecer em 2025, apesar das maquinações do demônio e de seus asseclas.

Mons. joao cla dias

Redação (31/12/2024 15:00, Gaudium Press) Neste primeiro artigo do ano, gostaria de prestar homenagem a uma alma profundamente eucarística que nos deixou no dia 1º de novembro passado, solenidade de Todos os Santos: Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, Pai e Fundador de uma vastíssima obra na qual se destaca a Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício Arautos do Evangelho.

Uma característica marcante de sua espiritualidade foi uma ardorosa devoção ao Santíssimo Sacramento, praticada desde a sua mais tenra infância. Sua irresistível atração pela Eucaristia era patente em seu trato com todos, em suas homilias, em suas conferências, em seus escritos, nas longas horas que passava diariamente diante do Santíssimo Sacramento rezando e trabalhando. Sacerdote e formador exemplar, zelava pela excelência das celebrações realizadas em exata obediência às rubricas, pelo decoro das numerosas igrejas construídas sob sua orientação, pelo ajuste e beleza da música litúrgica durante as missas, enfim, pelo cuidado com tudo o que dizia respeito ao serviço do altar: vasos sagrados, paramentos, dignidade dos celebrantes, acompanhamento da assembleia, etc.

Poderíamos citar mais exemplos de seu encanto pela Eucaristia, mas eles não cabem neste artigo, que deve ser breve. De qualquer forma, vamos citar apenas três outros:

– Ele estabeleceu a adoração perpétua com perfeita organização na casa-mãe dos Arautos do Evangelho, situada em um antigo edifício beneditino no Jardim São Bento, na cidade de São Paulo; na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Caieras; e na casa de estudos superiores “Lumen Profetae”, em Franco da Rocha.

– Nos emblemas ou insígnias oficiais das três sociedades de Direito Pontifício fundadas por ele (Arautos do Evangelho, Virgo Flos Carmeli e Regina Virginum) figura em destaque um ostensório com o Santíssimo Sacramento. Os membros dessas sociedades usam esses símbolos, deixando claro para todos o quanto a adoração eucarística é central em sua espiritualidade.

– Junto a seus filhos espirituais e entre todos de suas relações, ele se esforçou para tornar conhecido o que está estipulado no cânone 917 do Código de Direito Canônico, que permite aos fiéis receberem a Sagrada Comunhão uma segunda vez por dia, desde que o façam enquanto participam de uma missa. Ele divulgou o máximo possível esse privilégio, muitas vezes ignorado entre os católicos, beneficiando assim inúmeras almas que passaram a receber a comunhão com mais frequência.

E já que estamos falando do benefício da comunhão sacramental, vamos concluir com uma reflexão de sua autoria sobre a duração dos efeitos da Eucaristia naqueles que a recebem em comunhão. Também nesse ponto, muitas pessoas não conhecem o que Mons. João assinala. A citação foi extraída de sua obra de sete volumes O Inédito sobre os Evangelhos, publicada pela Libreria Editrice Vaticana em 2014:

Às vezes, cometemos o equívoco de pensar que, quando comungamos, Jesus Cristo mantém-Se presente em nós apenas nos cinco ou dez minutos de duração das espécies eucarísticas. Trata-se de uma realidade espiritual muito mais profunda. De fato, mesmo após cessar a presença real de Nosso Senhor “a graça permanece na alma que comunga, porque ela recebeu em estado de graça o Pão da Vida”, afirma Santa Catarina de Sena.

“Consumidos os acidentes do pão”, disse-lhe Nosso Senhor em uma revelação, “deixo em vós a marca de minha graça, como o selo aplicado sobre a cera quente. Tirando o selo, fica nela sua marca. Assim, resta na alma a virtude desse Sacramento, ou seja, mantém-se o calor da divina caridade, clemência do Espírito Santo. Continua em vós a luz da sabedoria de meu Filho Unigênito, que ilumina os olhos de vossa inteligência para que conheçais e vejais a doutrina de minha verdade e dessa mesma sabedoria”.

Pela Santa Comunhão renova-se de certo modo o augusto mistério da Encarnação, afirma com autoridade São Pedro Julião Eymard. O padre Royo Marín é mais afirmativo: na alma de quem acaba de comungar, diz ele, “o Pai engendra seu Filho Unigênito, e de ambos procede essa corrente de amor, verdadeira torrente de chamas, que é o Espírito Santo”. Em virtude da união eucarística, a alma do fiel se torna “mais sagrada que a custódia e o cálice, mais até que as próprias espécies sacramentais, que certamente contêm a Cristo, mas sem tocá-Lo e sem receber d’Ele qualquer influência santificadora“.

Tudo o que Mons. João nos ensinou com suas palavras e sua pluma, ele o viveu intensamente, dando um testemunho esplêndido. Do céu, ele poderá fazer muito mais pela exaltação da Igreja e pelo bem das almas do que fez nos 85 anos de fecunda vida como católico militante. A evocação de sua figura e essas suas citações têm o objetivo de estimular as pessoas a irem com frequência à mesa eucarística que contém “em si todas as delícias e adaptando-se a todos os gostos” (Sb 16, 20); muito mais, certamente, do que era o maná do deserto, uma pálida pré-figura do Sacramento da Eucaristia.

Em um católico fervoroso – e o quanto foi na terra Mons. João! –, a familiaridade com a Eucaristia está permanentemente ao alcance: quer esteja adorando o Senhor diante do altar, do sacrário ou do ostensório, quer O receba sacramentalmente, quer O procure em repetidas comunhões espirituais, a Hóstia Sagrada é uma companhia segura, benéfica e constante. Que seja assim para vocês, caros leitores, ao longo deste ano que se inicia!

Por Pe. Rafael Ibarguren, EP

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