Ontem e hoje o mundo agoniza
Como o mundo atual é semelhante àquele do primeiro Natal! Tudo parecia ruir; porém, almas esparsas pela terra esperavam uma restauração. Não virá, para nós também, um acontecimento que nos liberte do horror no qual estamos?
Redação (19/12/2024 09:18, Gaudium Press) Um Menino está para nascer em Belém! O que dizer desse acontecimento?
Quando o Verbo se encarnou e habitou entre nós, qual era a situação da humanidade? Com certeza, bastante parecida com a de nossos dias.
O mundo de hoje agoniza como agonizava o das vésperas do nascimento de Nosso Senhor. Tudo é desconcertante, loucura e delírio. Todos procuram aquilo que cada vez mais foge deles, como o bem-estar, a vidinha, o gozo infame, as trinta moedas com as quais cada um vende o Divino Mestre, que implora a defesa e o entusiasmo daqueles a quem Ele remiu.
É muito provável que nessas condições haja, pela vastidão da terra, algum homem a gemer por presenciar o mundo se desfazer; é o descalabro da Cristandade ou, hélas, a terrível crise na Santa Igreja imortal, fundada e assistida por Nosso Senhor Jesus Cristo, de tal maneira em declive que, se soubéssemos ser ela mortal, seríamos levados a dizer que está morta.
Eu me pergunto: não virá para nós um acontecimento enorme, talvez dos maiores da História – embora infinitamente pequeno em comparação com o Santo Natal –, que nos liberte também de todo o horror no qual estamos?
O que dar e pedir ao Menino Jesus?
Aos pés do Presépio, se Deus quiser, vamos celebrar o Santo Natal, e devemos levar nossos presentes ao Menino Deus, como fizeram os Reis Magos e os pastores. Entretanto, o que dar-Lhe? O melhor presente que Ele quer de nós é a nossa própria alma, o nosso coração! O Divino Infante não deseja nenhum outro presente de nossa parte a não ser este.
Alguém dirá: “Que pífio presente, eu dar a mim mesmo a Ele!” Não é verdade! Se Jesus nos receber em suas mãos divinas, nos converterá em vinho como fez com a água nas Bodas de Caná, e seremos outros. Digamos a Ele: “Senhor, modificai-me! ‘Aspergi-me com hissope e eu ficarei limpo; lavai-me e tornar-me-ei mais alvo do que a neve’ (Sl 50, 9). Vosso presente, Senhor, é a criatura que Vos pede: aspergi-me, purificai-me!”
Ora, esse presente devemos oferecê-lo pela intercessão de Nossa Senhora pois, como oferecer algo como nós, a não ser por meio d’Ela? E se tudo fazemos por seu intermédio, por que não pedir um presente a Nosso Senhor também através de sua Mãe? Sem dúvida, o dom fundamental que devemos implorar é o seguinte: “Senhor, mudai o mundo! Ou, se não há outro meio, abreviai os dias cumprindo as promessas e as ameaças de Fátima! Mas, para perseverar pelo menos os que ainda perseveram, Senhor, tende pena deles, abreviai os dias de aflição e fazei vir o quanto antes o Reino de vossa Mãe”.
Enquanto estivermos cantando o “Stille Nacht, Heilige Nacht” e as demais canções sagradas do Natal, devemos ter bem presente o seguinte. A lembrança do fato ocorrido há dois mil anos é muito bonita e muito boa, sobretudo porque temos a convicção de que Nosso Senhor continua presente na sua Santa Igreja e na Sagrada Eucaristia, e que sua Mãe nos auxilia desde o Céu. Na terra, porém, é preciso pedir uma presença régia e vitoriosa do Divino Infante!
Podemos inclusive dar a este pedido uma outra formulação: “Ut inimicos Sanctæ Matris Ecclesiæ humiliare digneris, te rogamus audi nos! Senhor recém-nascido, que repousais nos braços de vossa Mãe como no mais esplendoroso trono que jamais houve nem haverá para um rei na terra, nós Vos suplicamos: dignai-Vos humilhar, rebaixar e castigar os inimigos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a começar pelos mais terríveis; e estes não são os externos, mas os internos! Tirai-lhes a influência, o prestígio, a quantidade e a capacidade de fazer mal”.
Em suma, peçamos a forma mais requintada da vitória de Nosso Senhor: o esmagamento dos seus adversários e a vitória de sua Mãe Santíssima!
Plinio Corrêa de Oliveira
Texto extraído, com adaptações, da Revista Dr. Plinio n. 285, dez. 2021.
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