Antífonas do Ó
As “Antífonas do ó” são pequenos refrões para serem cantados na oração da Tarde (vésperas), no canto do Magnificat: a Igreja entoa esses refrões até o dia 23 de dezembro.
Redação (17/12/2024 10:25, Gaudium Press) Entre os dias 17 e 23 de dezembro entramos propriamente no período da Semana de Preparação próxima do Natal, antecedendo a vinda de Nosso Senhor, vivemos um período de expectação, por isso, por esses dias celebramos a memória litúrgica de Nossa Senhora da Expectação, N. Sra. do Parto ou Nossa Senhora do Ó, por isso também as antífonas do Ó.
As “Antífonas do ó” são pequenos refrões para serem cantados na oração da Tarde (vésperas), no canto do Magnificat: a Igreja entoa esses refrões até o dia 23 de dezembro. Ao recitá-las nutrimos em nós os mesmos sentimentos da Virgem Maria e aguardamos com alegria a vinda de Nosso Senhor. Elas constituem ainda, um resumo da teologia do Advento, e expressam o desejo de salvação da humanidade e a expectativa pela vinda de Jesus Cristo, invocado com títulos messiânicos do Antigo Testamento.
Atualmente estas antífonas estão presentes na oração da Liturgia das Horas, antes do cântico evangélico das vésperas, o Magnificat (Lc 1, 46-55), e ainda, na aclamação do Evangelho na missa. Além das antífonas nos prepararem para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, elas se tornam preces de agradecimento a Deus por tantos bens que Ele nos fez. Inclusive o cântico do Magnificat é a expressão de gratidão de Nossa Senhora por tantos bens que Deus fez em favor dela e de seu povo.
As antífonas são precedidas do vocativo “ó”, que possamos rezá-las com toda confiança ao longo desse tempo do Advento exaltando a grandeza de Deus e as maravilhas que Ele realizou em nossa vida. Que estas antífonas nos recordem que o Natal antes de qualquer outra coisa é esperar a vinda de Cristo e não Papai Noel, Cristo é o maior presente que podemos receber no Natal.
Essas antífonas do ó foram compostas entre os séculos VII e VIII, sendo um compêndio de cristologia da antiga Igreja, um resumo expressivo do desejo de salvação, tanto de Israel no Antigo Testamento que esperava ansiosamente a vinda do Messias, como da Igreja no Novo Testamento. Com certeza o nascimento de Jesus representa o desejo de salvação para todos os povos, não somente os judeus, mas a humanidade inteira.
Ao acendermos as velas da coroa do Advento sentimos o Senhor mais perto de nós, pois aos poucos a luz de Cristo vai iluminando as trevas. Do mesmo modo, conforme vamos entoando as antífonas do ó e chegando perto da sétima sentimos que o Senhor está cada vez mais perto. Esperemos o Senhor com alegria e confiança, do mesmo modo que o povo de Israel e a Virgem Maria esperavam.
A primeira antífona no dia 17 de dezembro é Ó Sabedoria: que saístes da boca do Altíssimo, / e atingis até os confins de todo o universo / e com força e suavidade governais o mundo inteiro: / oh vinde ensinar-nos o caminho da prudência!”
Jesus é a Palavra que se fez carne, o verbo encarnado no meio de nós, Deus ao criar o universo usou de sabedoria e essa sabedoria de Deus é a Palavra, e Cristo é a Palavra encarnada. Peçamos a Deus Pai que nos ensine o caminho da prudência e como nos orienta a espiritualidade desse tempo do advento estejamos em constante oração e vigilância, e partir da Palavra de Deus, sabedoria eterna, possamos aguardar o Senhor que vem.
A segunda antífona no dia 18 de dezembro é Ó Adonai: guia da casa de Israel, / que aparecestes a Moisés na sarça ardente / e lhe destes vossa lei sobre o Sinai: / vinde salvar-nos com o braço poderoso!”
Adonai se refere ao nome que o povo de Israel se dirigia a Deus, significava de certo modo reconhecer o “senhorio de Deus”. Reconhecer o “senhorio” de Deus significa reconhecer tudo aquilo de bom que Deus fez em favor de seu povo ao longo da história da salvação. Deus é o salvador e libertador de Israel e os Cristãos esperam ansiosamente a vinda de Cristo.
A terceira antífona no dia 19 de dezembro é “Ó raiz de Jessé”: ó estandarte, / levantado em sinal para as nações! / Ante vós se calarão os reis da terra, / e as nações implorarão misericórdia: / Vinde salvar-nos! Libertai-nos sem demora!”
Essa terceira antífona refere-se a aquilo que suplicamos ao Senhor ao longo desse tempo do Advento: “Vinde salvar-nos! Libertai-nos sem demora”. Com o nascimento do Messias esperamos que Ele liberte a todos nós, e nos traga a paz, a justiça, o perdão e a misericórdia. O menino Jesus nasce em Belém, na Judéia para se cumprir a profecia, pois era a cidade de Davi.
A quarta antífona no dia 20 de dezembro é “Ó chave de Davi”: Cetro da casa de Israel, / que abris e ninguém fecha, que fechais e ninguém abre: / vinde logo e libertai o homem prisioneiro, / que nas trevas e na sombra da morte, está sentado!”
A chave é o símbolo do poder, Jesus pertence a dinastia davídica, Jesus é o sucessor de Davi no reino de Israel, e depois Jesus passa as chaves para Pedro lhe sucedendo no reinado davídico, com o intuito de restaurar o reino de Israel. O Messias, Jesus de Nazaré, recebeu do Pai todo o poder no céu e na terra, em suas mãos estão “as chaves do Reino”.
A quinta antífona no dia 21 de dezembro é “Ó sol Nascente”: justiceiro, resplendor da Luz eterna: / Oh, vinde e iluminai os que jazem entre as trevas / e na sombra do pecado e da morte, estão sentados!”
Jesus é a luz do mundo, Ele vem iluminar as nossas trevas, por isso, ao longo do tempo do Advento acendemos a cada Domingo as velas da coroa do Advento, e João Batista como precursor veio chamar os filhos de Israel para que saíssem das trevas e buscassem o caminho da luz. João pregava um batismo de conversão e Jesus batizava na água e no espírito.
A sexta antífona no dia 22 de dezembro é “Ó Rei das Nações”: Desejado dos povos; / ó Pedra angular, que os opostos unis: / Ó, vinde e salvai esse homem tão frágil, / que um dia criastes do barro da terra!”
A chegada do Messias é esperada por todos os povos, Ele é o Deus da paz, o príncipe das nações que veio para governar Israel com “cetro de ferro”, mas ao invés de pegar em armas ou paus, o Messias ensinou a todos o caminho do amor. O Reinado de Jesus não é deste mundo, mas é do Reino eterno, onde muitos de nós desejamos estar.
A sétima antífona no dia 23 de dezembro é “Ó Emanuel”: Deus conosco, nosso Rei Legislador, / Esperança das nações e dos povos Salvador; / Vinde, enfim, para salvar-nos, ó Senhor e nosso Deus!”
O Messias é o Emanuel, o Deus conosco, o príncipe da paz, Ele é esperado desde sempre por todos. Nós cristãos aguardamos a segunda vinda de Cristo, por isso, repetimos sempre: “Vem, Senhor Jesus”. Enquanto os judeus ainda aguardam a primeira vinda do Messias. Por isso, nesse Natal, aguardemos que o Senhor nasça em nosso coração e possamos repetir “Vem Senhor Jesus”. O menino que nascerá na noite de Natal é definitivamente a presença de Deus no meio dos homens, veio nos mostrar o caminho do amor e mostrar a todos a salvação.
Tomemos essas antífonas e a meditemos a cada dia preparando o nosso coração e a nossa vida para celebrar o Natal do Senhor. Que possamos trazer dentro de nós os mesmos sentimentos que Nossa Senhora trazia naquele momento e que possamos envolver o mundo com a luz de Cristo.
Por Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro.
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