São João da Mata
A Igreja celebra, no dia 17 de dezembro, a memória de São João da Mata que, junto com São Félix de Valois, fundou em Cerfroid, França, a Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos.
Redação (16/12/2024 17:03, Gaudium Press) São João da Mata nasceu na Provença, França, a 23 de junho de 1160, de nobre família. As armas da casa de Mata representavam um cativo carregado de correntes com estas palavras como divisa: “Senhor, livrai-me destas correntes, destes vínculos!”
Enquanto sua mãe aguardava seu nascimento, um dia em que se recomendava particularmente à Santíssima Virgem, Ela lhe apareceu dizendo: “Não temas, tu darás ao mundo um filho que será santo e o redentor dos escravos cristãos. Será pai de um grande número de filhos que cumprirão o mesmo ministério para a salvação das almas.”
Seus pais o educaram no amor a Deus e a Virgem, e desde cedo o menino correspondeu a seus cuidados. Fez seus estudos na Universidade de Aix-en-Provence e, ao voltar para casa, decidiu retirar-se para o deserto, escolhendo a região de Beaume, onde Santa Maria Madalena vivera em penitência.
O demônio o assaltou rudemente, mas foi vencido por uma coragem semelhante à de Santo Antão e de outros solitários. Após um ano de solidão, Nosso Senhor recomendou-lhe que fosse acabar os seus estudos porque queria servir-Se dele.
João foi para a Universidade de Paris cursar Teologia. Um dia em que rezava ante um crucifixo, no convento de São Vítor, ouviu uma voz que lhe disse por três vezes: “Procure a sabedoria, ó meu filho, e alegra o meu Coração!” Ele voltou aos estudos com novo vigor e tornou-se tão versado que os mestres da universidade lhe ofereceram o título de doutor. Ele a princípio recusou, mas São Pedro lhe apareceu ordenando-lhe que aceitasse em nome do Senhor.
Sendo professor de Teologia, São João da Mata foi ordenado sacerdote. Quando o bispo lhe impôs as mãos dizendo: “Aceite o Espírito Santo”, um globo de fogo apareceu sobre a sua cabeça.
No dia da primeira Missa, no momento da elevação, a assistência admirada viu surgir sobre o altar um Anjo vestido de branco, trazendo no peito uma cruz azul e vermelha. Ele estendia as suas mãos cruzadas sobre dois cativos, um dos quais era cristão e o outro, mouro. São João explicou então que Deus o chamava a fundar uma Ordem para a redenção dos cativos. Então, com essa finalidade dirigiu-se ao Papa Celestino III.
Encontro com São Domingos e São Félix de Valois
Nesse tempo, São Domingos estudava em Palência. Um dia, uma pobre mulher veio pedir-lhe uma esmola para ajudá-la a resgatar um de seus irmãos que era escravo dos mouros. O Santo, que nada tinha para dar, ofereceu-se ele mesmo. E como a mulher não quisesse vendê-lo, São Domingos lançou-se aos pés de um crucifixo, implorando a Deus que viesse em socorro do cativo e dos outros escravos cristãos. Então, o Crucificado respondeu-lhe em voz alta: “Meu filho, não é a vós que quero encarregar desta obra, mas João, doutor em Paris. Eu te reservo outro ministério, que exercerás entre os cristãos.”
Mais tarde São João e São Domingos encontraram-se na França, quando aí estabeleceram suas Ordens.
São João partira de Roma. Em Faucon, encontrou São Félix de Valois, que a ele se associou para a consagração de seus desígnios.
A Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos foi aprovada por Inocêncio III em 17 de dezembro de 1198, juntamente com a bula Operante divine dispositionis. No dia da purificação da Virgem, 2 de fevereiro de 1198, Inocêncio III, em pessoa, deu-lhes o hábito da nova Ordem. Ao vesti-los, disse-lhes que as três cores que o compunham eram o símbolo da Santíssima Trindade. O branco representando o Pai, o azul, o Filho, e o vermelho, o Espírito Santo. E acrescentou as palavras: “Hic est ordo aprobatur, non a sancto fabricato, sed a Deo solo summo – Esta é uma Ordem aprovada, feita não por santos, mas exclusivamente por Deus supremo”.
Os dois Santos retiraram-se para a França onde fundaram o Mosteiro Serfroit e dedicaram-se ao seu trabalho.
Suas lutas são inenarráveis, sendo acompanhadas de numerosos milagres. Ele organizou uma expedição à África, onde resgatou, pessoalmente, um grande número de cristãos em cativeiro. Em uma segunda viagem, caiu nas mãos dos muçulmanos, foi espancado e deixado sangrando pelas ruas de Túnis, na Tunísia. Recuperou-se, reuniu os cristãos e os embarcou num navio que devia levá-los a Roma. O barco acabou sendo atacado, teve as velas rasgadas e o leme quebrado. São João da Mata fez de seu manto uma vela, e o barco foi conduzido em seis horas às costas da Itália. Este Santo fundou ainda numerosos conventos e pregou a Cruzada contra os albigenses.
Tendo Inocêncio III convocado um Concílio em Latrão, o Rei Filipe Augusto escolheu São João da Mata para seu teólogo. Mas Deus já o queria no Céu, pois o Santo caiu doente, vindo a falecer em 17 de dezembro de 1213. Foi canonizado por Urbano IV, em 1262.[1]
[1] Cf. Abbé Joseph-Epiphane Darras. Grande Vie des Saints.
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