Santo Alonso Rodríguez
Santo Afonso Rodríguez, ao perder sua esposa e filhos, tornou-se jesuíta e foi por muitos anos porteiro do colégio Monte Sión de Palma de Maiorca, Espanha. A Igreja celebra sua memória no dia 30 de outubro.
Redação (30/10/2024 09:31, Gaudium Press) Santo Afonso Rodríguez nasceu no ano de 1531, em Segóvia. Era filho de um piedoso negociante. O bem-aventurado Padre Fabro, que durante algum tempo viveu entre eles, teve influência na decisão de Afonso se tornar jesuíta, assim como mais tarde o santo religioso Francisco de Vilanova. Com a morte de seu pai, Santo Afonso passou a cuidar dos negócios familiares, porém a sua pouca habilidade levou os negócios à falência, ao mesmo tempo em que a morte arrebatou a sua esposa, seus filhos e sua mãe.
Após uma visão de felicidade celestial, ele fez uma confissão geral. ‘Na desgraça’, disse o Santo, ‘vi a majestade de Deus e reconheci a maldade de minha vida. Fizera, por causa do mundo, pouco caso de Deus e agora estava na iminência de perder-me eternamente. Ante mim vi a sublime grandeza de Deus enquanto eu jazia no pó de minha própria miséria. Imaginei ser um segundo Davi e um comovedor Miserere foi a expressão do meu estado de espírito’.
A partir de então, começou a praticar duras mortificações e a se confessar e comungar uma vez por semana. Alguns anos depois, seu filho morreu e Alonso, que estava sofrendo muito, sentiu grande consolo ao perceber que seu filho havia sido poupado do perigo de ofender a Deus.
A ideia de abraçar a vida religiosa voltou com mais força e ele pediu admissão aos jesuítas em Segóvia. Eles o dissuadiram porque ele tinha quase quarenta anos de idade, sua saúde estava bastante debilitada e sua educação não era suficiente para o sacerdócio. Sem perder o ânimo, Alonso foi a Valência e procurou seu velho amigo, Pe. Luis Santander, S.J., que recomendou que ele começasse a aprender latim para ser ordenado o mais rápido possível. Ele foi consolado pelo fato de que o fundador dos jesuítas, Santo Inácio de Loyola, também havia entrado tarde na vida religiosa.
Alonso começou a frequentar a escola com as crianças, o que não foi uma pequena mortificação. Como havia dado a suas irmãs e aos pobres quase todo o dinheiro que tinha, teve que trabalhar como criado e, de vez em quando, era obrigado a pedir esmolas. Na escola, conheceu um homem de sua idade e com aspirações semelhantes às suas, que tentou persuadi-lo a desistir de ser jesuíta e ir com ele para viver como eremita. Alonso o visitou em seu eremitério na montanha, mas de repente percebeu que essa era uma tentação contra sua verdadeira vocação e voltou imediatamente para Valência, onde disse ao Padre Santander: “Prometo que nunca mais em minha vida farei minha própria vontade. Faça de mim o que quiser”.
Em 31 de janeiro de 1571, o provincial jesuíta, ignorando a opinião de seus subordinados, aceitou Alonso Rodríguez como irmão leigo. Ele permaneceu em Valência por seis meses para completar seu noviciado e depois foi enviado para o colégio de Monte Sión, em Palma de Maiorca, onde logo foi nomeado porteiro. Santo Alonso ocupou esse cargo até que a idade e as enfermidades o impediram. A confiança que sua conduta despertava contribuiu para que muitas pessoas a ele acudissem pedindo conselho e ajuda em seus conflitos espirituais.
Santo Afonso possuía em especial o dom da conversa espiritual. Seu próprio reitor concordou que nenhum tratado religioso lhe proporcionava tanto bem como o contato com o irmão leigo. Atendia também os pedidos que lhe faziam através de numerosa correspondência. Por isso, foi chamado o Doutor de Mallorca. O santo podia ter dado bons conselhos porque ele mesmo precisou suportar numerosas dificuldades íntimas e materiais e enfrentar duras batalhas. Graças a isso, “sentia cada vez com maior profundidade a grandeza do Senhor, enquanto se aguçava em mim’, dizia ele, ‘a consciência da debilidade do meu ser. Graças a essa experiência mergulhava no estado de absoluta inconsciência. Então só sabia amar”.
No colégio de Monte Sión, além dos alunos, havia um constante ir e vir de padres, nobres, profissionais e pais de alunos. Havia também mendigos em busca de esmolas e comerciantes que vinham vender suas mercadorias. Todos conheciam, respeitavam e veneravam o irmão Alonso. Os sábios e os simples buscavam seus conselhos, e sua reputação se espalhou muito além dos muros do colégio. O mais famoso de seus “discípulos” foi São Pedro Claver que, em 1605, era aluno do colégio. Durante três anos, ele se colocou sob a direção de Santo Afonso, que, iluminado por Deus, o entusiasmou e o incentivou a trabalhar na América. Foi lá que São Pedro Claver ganhou o título de “o apóstolo dos negros”.
O padre Miguel Julián resumiu, em uma frase, a fama de santidade que o Irmão alcançou nesse cargo: “Este irmão não é um homem, mas um anjo”. Santo Afonso dedicava à oração todos os momentos em que seu cargo o deixava livre. Embora vivesse em constante união com Deus, sua jornada espiritual estava longe de ser fácil. Especialmente em seus últimos anos, o santo passou por longos períodos de desolação e aridez e sofria com fortes dores sempre que fazia o menor esforço para meditar. Como se isso não bastasse, ele era atacado pelas mais violentas tentações, como se tantos anos de mortificação tivessem sido em vão. A resposta de Alonso foi intensificar ainda mais sua penitência, sem nunca se desesperar.
Um dia, quando suas tentações impuras se tornaram insuportáveis, ele parou em frente a uma imagem da Santíssima Virgem e exclamou em latim: “Sancta Maria, Mater Dei, memento mei” (Santa Maria, Mãe de Deus, lembre-se de mim), e imediatamente sentiu as tentações desaparecerem. A partir de então, ele se convenceu de que a Santíssima Virgem tem grande poder para afastar espíritos impuros e se dedicou a ela com mais fervor. Ele rezava vários rosários todos os dias e, em honra à Mãe de Deus, recitava salmos diariamente. E a Virgem Maria foi sua grande protetora e defensora até a hora de sua morte e lhe apareceu várias vezes, inundando-o com uma felicidade incomparável. Ele chegou a ter consolações “tão intensas que não podia erguer os olhos de sua alma para Jesus e Maria sem vê-los como se estivessem presentes”.
Três dias antes de sua morte, depois da sua última comunhão, permaneceu iluminado e em êxtase. Que felicidade escreveu uma testemunha ocular, despertava em nosso espírito ao contemplá-lo! E eram somente algumas migalhas da sua felicidade. Decidimos chamar um pintor para que fizesse um fiel retrato de Afonso.
O santo faleceu a 31 de outubro de 1617.
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