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O segredo da vitória angélica

Os Anjos bons, por sua vez, estão literalmente “de guarda” para nos auxiliar no combate contra o “príncipe deste mundo”.

Foto: Wikipedia

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Redação (01/10/2024 17:44, Gaudium Press) O Livro de Jó constata uma realidade que vivemos cada dia: “Militia est vita hominis super terram – A vida do homem nesta terra é uma luta” (7, 1).

Tal peleja cotidiana é reflexo do prœlium magnum do Céu, entre o exército de São Miguel e os anjos insurgentes. Sob o estandarte do Senhor, o Santo Arcanjo proclamou a magnificência divina: “Quis ut Deus?! – Quem como Deus?!”; sob a bandeira das trevas, Lúcifer exalou revolta e insubmissão: “Non serviam! – Não servirei!”

Esse antagonismo, porém, não terminou com a precipitação dos anjos maus nos abismos infernais; foi transposto para a vida terrena, como continuidade e consumação. Com efeito, assevera o Apóstolo que “não temos de lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os Principados e Potestades, contra os Dominadores deste mundo tenebroso e contra os espíritos malignos espalhados pelos ares” (Ef 6, 12).

Para São Tomás de Aquino (cf. Suma Teológica. I, q.114, a.1), tal combate tem, em si mesmo, origem na maldade do demônio que “peca desde o início” (I Jo 3, 8); no entanto, a ordenação para o fim último vem de Deus, que sabe permitir o mal para ordená-lo ao bem. Na visão meramente humana, o significado desses arcanos divinos permanece um mistério.

Nesse sentido, a missão de Cristo na terra foi uma grande reconquista. A todo momento Jesus pugnava contra as ações diabólicas, concretizadas em tentações, vexações ou possessões. Essa cruzada contra o demônio constituía a própria essência de sua missão: “Deus O ungiu com o Espírito Santo e com poder, Ele que passou fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo diabo, porque Deus estava com Ele” (At 10, 38).

Contudo, embora a Redenção tenha sido um grande revés para os espíritos das trevas, estes persistem em sua função de tentar os filhos da luz. Os Anjos bons, por sua vez, estão literalmente “de guarda” para nos auxiliar no combate contra o “príncipe deste mundo” (Jo 16, 11).

As armas do demônio são bem conhecidas, como também seus aliados: o mundo e a carne. Ademais, seus recursos táticos já foram escrutinados e desgastados pelo tempo, como a surpresa e a dissimulação – de fato, com frequência ele se disfarça de “anjo de luz” (II Cor 11, 14). Essas artimanhas estão à disposição de qualquer exército; entretanto, somente os filhos da luz podem se servir daquilo que nenhum poder humano pode oferecer, isto é, a graça.

Eis o segredo para a vitória: a união com Aquela que é “cheia de graça” (Lc 1, 28). Ora, se o cerne da revolta dos demônios se resume na atitude revolucionária de “non serviam”, a contrarrevolução para o bem só pode se distinguir pelo desprendido serviço, pelo “serviam”, à imitação de Maria Santíssima, “a escrava do Senhor” (Lc 1, 38).

Dessa forma, não há ato mais exorcístico do que se consagrar como escravo à Sabedoria Encarnada pelas mãos da Rainha dos Anjos, pois Ela, por meio de sua descendência, há de esmagar definitivamente a cabeça da Serpente (cf. Gn 3, 15). Então, esses “apóstolos dos últimos tempos”, unidos aos Anjos e aos Santos, proclamarão a uma só voz: “Quem como Maria?!

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho n. 249, setembro 2022. Editorial.

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