Cardeal Müller e os “novos pecados” do Sínodo
Cardeal Müller comenta que “os novos pecados” sugeridos pelo Sínodo “parecem uma ‘checklist’ da ideologia woke e de gênero ardilosamente revestida de cristianismo”.
Redação (24/09/2024 09:47, Gaudium Press) O cardeal Gerhard Müller fez observações contundentes – em um artigo publicado na Kath.net – sobre a lista de pecados pelos quais os participantes da próxima sessão do sínodo sobre a sinodalidade realizarão uma cerimônia penitencial.
Após declarar que o Sínodo “não é mais apenas um sínodo de bispos, mas uma assembleia mista que não representa toda a Igreja Católica”, o cardeal alemão conta que, na abertura, haverá um ato penitencial que culminará “com o arrependimento pelos ‘pecados recém-inventados’ (pelos seres humanos!)”.
O Cardeal Müller focalizou dois desses novos pecados dessa lista, referindo-se a eles como “os ‘supostos pecados’ contra os ensinamentos da Igreja, mal utilizados como projéteis, ou contra a sinodalidade, seja lá o que isso signifique”. E acrescentou que essa lista “parece uma ‘checklist‘ da ideologia woke e de gênero ardilosamente revestida de cristianismo”.
Cardeal afirma que “não há ‘pecado contra o ensinamento da Igreja’, que supostamente é usado como arma, porque a doutrina dos apóstolos estabelece que não há salvação em nenhum outro nome que não seja o de Cristo (At 4,12). Este é o motivo pelo qual Lucas (Lc 1, 1-4) escreveu o seu Evangelho, a fim de nos persuadir da ‘confiabilidade do ensinamento’ no qual fomos instruídos na fé salvífica em Jesus, o Messias, o Filho de Deus. E Paulo descreve a tarefa dos bispos como guardiães do ensinamento transmitido pelos apóstolos (1 Tm 6). O ensinamento da Igreja não é – como acreditam alguns anti-intelectuais no episcopado, que, devido à sua falta de formação teológica, muitas vezes recorrem aos seus dons pastorais – uma teoria acadêmica sobre a fé, mas sim a ‘apresentação racional’ da palavra revelada de Deus (1 Pd 3,15), que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade por meio do único mediador entre Deus e os homens: o Homem Cristo Jesus, a Palavra de Deus, seu Pai, feita carne (1 Tm 2,4-5)”.
“Também não existe ‘pecado contra um tipo de sinodalidade’, que é usado como forma de lavagem cerebral para desacreditar os conservadores, taxando-os de retrógrados e fariseus disfarçados, e para nos fazer acreditar que as ‘ideologias progressistas’ que, na década de 1970, levaram à decadência das igrejas no Ocidente, são o ápice das reformas do Concílio Vaticano II, que supostamente foram interrompidas por João Paulo II e Bento XVI. A colaboração de todos os fiéis no serviço da edificação do Reino de Deus está na natureza da Igreja como Povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Mas não se pode relativizar o ofício episcopal com base no sacerdócio comum de todos os fiéis e na nomeação papal para participar do Sínodo dos Bispos e, assim, deixar implicitamente de lado a sacramentalidade das Ordens Sagradas (da Ordem do Bispo, presbítero e diácono) e, por fim, relativizar a constituição hierárquico-sacramental da Igreja de direito divino (Lumen Gentium 18-29), que Lutero havia negado em princípio”.
O Cardeal Müller concluiu seu artigo destacando que “os promotores dos caminhos sinodais e do sinodalismo exacerbado estão mais preocupados com a aquisição de cargos influentes e na imposição de suas ideologias não católicas do que na renovação da fé em Cristo no coração das pessoas. O fato de que as instituições eclesiásticas em países outrora totalmente cristãos estão se desmoronando (seminários vazios, comunidades religiosas moribundas, casamentos e famílias desfeitos, saídas em massa da igreja – vários milhões de católicos na Alemanha) não os abala profundamente. Eles teimam em seguir sua agenda, que visa a destruição da antropologia cristã, até que o último apague a luz e os cofres da igreja fiquem vazios”.
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