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Provável disputa judicial na tentativa de substituir vitrais da Catedral de Notre-Dame

O governo Macron planeja substituir os vitrais não danificados pelo incêndio de 2019 por vitrais contemporâneos, apesar da oposição da maioria.

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Redação (18/09/2024 09:38, Gaudium Press) À medida que se aproxima a reabertura de Notre-Dame, em 8 de dezembro, cresce em todo mundo a expectativa de ver uma catedral-símbolo emergir da destruição.

Recentemente, houve rumores de que o Papa Francisco estaria presente no evento, mas o próprio Pontífice desmentiu a informação durante seu voo de volta do Extremo Oriente.

Porém, a polêmica em torno da tentativa de substituição dos vitrais da Catedral de Notre-Dame continua a ganhar destaque.

O presidente da França Macron, com o apoio do arcebispo de Paris, persiste em seus esforços para substituir os antigos vitrais da catedral, que não foram danificados, por vitrais “contemporâneos”. Esta iniciativa, que desconsidera o parecer oficial da Comissão do Património Nacional, visa alterar os históricos vitrais de seis capelas laterais da nave sul, os quais foram projetados pelo renomado Viollet-Le-Duc, o grande restaurador da catedral, no século XIX.

Alguns meios de comunicação já especulam que a obstinação do governo francês em substituir os magníficos vitrais resultará em processos judiciais.

Os vitrais, que o governo Macron quer mudar, fizeram parte da restauração conduzida por Viollet-le-Duc após a sua destruição durante a Revolução Francesa. Eles estão classificados oficialmente como Monumentos Históricos e, de acordo com os regulamentos, são considerados intocáveis, a menos que sofram danos parciais ou sua condição impeça reparos, condições que não se aplicam atualmente.

No dia 11 de julho, a Comissão Nacional Francesa de Patrimônio e Arquitetura, composta por 26 especialistas, concordou de forma unânime que os vitrais não devem sofrer alterações, justificando sua posição com base na legislação internacional, a Carta Internacional sobre a Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios, mais conhecida como Carta de Veneza, de 1964.

No entanto, a obstinação do governo – anunciando em 3 de setembro que 8 artistas já haviam sido selecionados para proceder à substituição – parece não apenas enfrentar a oposição de entidades como a Comissão do Patrimônio, mas agora terá também que lidar com associações civis, como Sítios e Monumentos, reconhecida como de utilidade pública a nível nacional, que declaram estar prontas para “avançar em um combate judicial”.

Em declarações ao La Croix, a associação já anunciou que iniciará seu ataque com o “pedido de autorização das obras que devem ser estabelecidas em conjunto com o prefeito da região para realizar esta obra”.

Julien Lacaze, presidente de Sítios e Monumentos, enfatizou: “Os vitrais grisaille de Viollet-le-Duc são classificados como Monumentos Históricos e, portanto, não podem ser removidos para dar lugar a obras contemporâneas. E acrescentou que era necessário evitar a descaracterização da obra de Viollet-le-Duc e voltar à coerência, restaurando os elementos removidos muito antes do incêndio, como a coroa de luz ou a grade do coro.

Vê-se, assim, que este momento histórico – da reabertura da catedral de Notre-Dame de Paris que, para todo mundo, deveria ser uma ocasião festiva e alegre – será ofuscado pela obstinação iconoclasta de um governo que deseja destruir vitrais que há muito são considerados Patrimônio da Humanidade. E tudo isso com o respaldo de certas figuras religiosas.

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