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Somente a Bíblia é inspirada por Deus? E o Alcorão? Santo Agostinho responde

É possível encontrar na própria Bíblia a prova de sua origem divina?

Foto: Wikipedia

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Redação (02/09/2024 11:29, Gaudium Press) Pergunto ao amado irmão separado, ou seja, ao protestante, tão cioso e devoto das Sagradas Escrituras: como se pode afirmar que a Bíblia é diretamente inspirada, fruto da Revelação de Deus na história? E por que, a título de exemplo, o Alcorão não gozaria da mesma credibilidade? Em outras palavras, é possível encontrar na própria Bíblia a prova de sua origem divina? Afinal de contas, todos os cristãos são concordes em asseverar que “Deus escolheu homens, dos quais se serviu (…) a fim de que escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que ele [Deus] próprio queria” (Dei Verbum, n. 11).

A Bíblia, por si só, não logra comprovar sua peculiar origem divina. Os muçulmanos também consideram o Alcorão inspirado, uma vez que Maomé teria recebido as suras (capítulos do alcorão) ditadas pelo Anjo Gabriel. Sobre os escritos de diversas religiões, não descartamos completamente a inspiração divina. Contudo, trata-se da atuação de Deus no “numinoso” (experiência religiosa), vertida em textos de variegados tipos e diferentes matizes. Afinal de contas, Deus sempre atua com a graça nas obras meritórias.

 O aparentemente intrincado problema da exclusiva inspiração divina da Bíblia obteve a resposta lapidar de Santo Agostinho: “Eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (Catecismo da Igreja Católica, n. 119). Desta feita, a Igreja Católica, fundada por Jesus Cristo (Lumen Gentium, n. 18a), ensina-nos que a Bíblia – e só ela! – é divinamente revelada. Deveras, a Igreja Católica antecede a composição da Bíblia. O primeiro livro escriturístico data aproximadamente do ano 50 D.C. (Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses). Além disso, coube à Igreja Católica deliberar acerca de quais livros deveriam integrar a Bíblia, descartando muitos deles, os apócrifos, por exemplo. Demais, a Igreja, mediante o diuturno trabalho dos monges copistas, preservou a Bíblia em papiros por 1500 anos, até a invenção da imprensa.

Em suma, a prova da inspiração divina da Bíblia não se encontra nela própria, mas no testemunho da Igreja Católica, que no século IV, consumou o cânone das Sagradas Escrituras, vale dizer, a lista dos 73 livros que integram a Bíblia.

Edson Luiz Sampel

Professor do Instituto Superior de Direito Canônico de Londrina

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