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China reconhece oficialmente bispo da diocese de Tianjin

Dom Melchiorre Shi Hongzhen, prelado “clandestino” que esteve preso durante muito tempo por se recusar a ingressar na Associação Patriótica, foi reconhecido como bispo da comunidade católica local.

Foto: Wikipedia

Foto: Wikipedia

Redação (27/08/2024 09:47, Gaudium Press) As autoridades chinesas reconheceram oficialmente como bispo da diocese de Tianjin – uma metrópole no norte da China – Dom Melchiorre Shi Honghzen, prelado de 94 anos até agora um bispo “clandestino” em uma grande diocese onde nenhum bispo “oficial” esteve presente desde 2005. O gesto – que faz parte do acordo entre a Santa Sé e Pequim sobre a nomeação de bispos – foi anunciado esta manhã pelo site chinacatholic.cn, representante dos organismos católicos oficiais controlados pelo governo comunista de Pequim e anunciado pela Sala de Imprensa do Vaticano.

Dom Melchiorre Shi Honghzhen esteve preso por um longo período há dois anos e, quando a delegação da Santa Sé esteve na China em vista da renovação do acordo, em outubro de 2022, o arcebispo Claudio Maria Celli, um diplomata do Vaticano envolvido no dossiê chinês o visitou. Na ocasião, Dom Celli entregou-lhe uma cruz peitoral em nome do papa, reafirmando assim sua dignidade episcopal. “A Santa Sé – lê-se no comunicado do Vaticano divulgado hoje – toma conhecimento com satisfação de que Mons. Melchior Shi Hongzhen foi oficialmente reconhecido pelos efeitos do ordenamento civil como bispo de Tianjin. Esta medida constitui um fruto positivo do diálogo estabelecido ao longo dos anos entre a Santa Sé e o governo chinês”.

O reconhecimento de Mons. Melchior ocorre poucos meses após a nomeação de três novos bispos em janeiro e a transferência para Hangzhou de um dos dois bispos chineses que participaram dos trabalhos do Sínodo em junho. Também decorre das decisões sobre as modalidades de renovação do Acordo Provisório entre Roma e Pequim, cujo mandato de dois anos expirará no final de outubro.

Natural de Tianjin, onde nasceu em 7 de outubro de 1929, Dom Melchiorre Shi Honghzhen foi ordenado sacerdote em 1954 e consagrado bispo coadjutor em 1982, com a permissão da Santa Sé, por Mons. Stephen Li Side, outro bispo clandestino que, devido à sua defesa da liberdade religiosa na China, enfrentou prisão e confinamento até sua morte em uma localidade nas montanhas, em 2019. Dom Melchiorre Shi Honghzhen sempre se recusou a ingressar na Associação Patriótica e, por esse motivo, até agora nunca havia sido reconhecido como bispo pelas autoridades de Pequim.

Em seu artigo, o site chinacatholic.cn relata a cerimônia de “instalação” do bispo de Tianjin na presença do bispo de Pequim, Dom Giuseppe Li Shan, “como presidente da Associação Patriótica e vice-presidente do Conselho dos Bispos Chineses” (o órgão colegiado não reconhecido oficialmente pela Santa Sé) e cerca de cem pessoas. Em seguida, o site faz questão de relatar que “na cerimônia de posse, Dom Shi Hongzhen jurou solenemente cumprir a Constituição Nacional, salvaguardar a unidade da pátria e a harmonia social, amar o país e a Igreja e comprometer-se com a direção da sinização do catolicismo na China”. E acrescenta que o bispo também se comprometeu a “obedecer aos mandamentos de Deus, cumprir fielmente suas responsabilidades como bispo, defender o Evangelho e contribuir, junto com os sacerdotes e fiéis da diocese de Tianjin, para a construção de um país socialista moderno e para a promoção global do grande rejuvenescimento da nação chinesa”.

No entanto, um fato revela o real significado a ser dado a essas últimas palavras impregnadas de retórica patriótica:  a cerimônia não foi realizada na histórica igreja de São José em Xikai – que é a Sé catedral – mas em um quarto de um hotel na cidade. De acordo com fontes locais, foi Mons. Melchior que escolheu este lugar para enfatizar, assim, o caráter civil da cerimônia, já que canonicamente ele já é o bispo de Tianjin. Ele também expressou sua intenção de continuar morando na Igreja Zhongxin Qao, onde reside atualmente. Todos sinais indicam não uma mudança, mas sim a continuidade do que representou ao longo de todos estes anos para a comunidade católica de Tianjin.

Com informações Asianews

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