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Descoberto altar-mor dos cruzados na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém

É considerado o maior altar medieval já descoberto e evidencia uma profunda conexão entre Roma e Jerusalém. É provável que tenha sido erguido por ordem do Papa Eugênio III.

Foto: Autoridade de Antiguidades de Israel

Foto: Divulgação/ Autoridade de Antiguidades de Israel

Redação (17/07/2024 12:33, Gaudium Press) Em 15 de julho de 1149, Jerusalém celebrou um dia marcante: exatamente meio século antes, os cruzados europeus sob o comando de Godofredo de Bouillon haviam tomado a cidade santa, estabelecendo o Reino de Jerusalém depois de séculos de domínio muçulmano. Para manifestar a alegria dos cristãos em posse daquele lugar santo foi confeccionado um novo altar-mor, o qual foi posicionado no meio da Igreja do Santo Sepulcro, um dos mais importantes santuários do Cristianismo.

“Sabemos de relatos de peregrinação dos séculos 16, 17 e 18 sobre um magnífico altar de mármore em Jerusalém”, conta Ilya Berkovich, historiador do Instituto de Pesquisa sobre a Monarquia dos Habsburgo e os Bálcãs da Academia de Ciências da Áustria (ÖAW) e coautor de um novo estudo sobre essa obra de arte histórica. Apesar da forte impressão que causou nas pessoas ao longo dos séculos, o altar desapareceu repentinamente da memória coletiva.

“Em 1808, um incêndio de grande proporção atingiu a parte românica da Igreja do Santo Sepulcro”, explica Berkovich. “Desde então, acreditava-se que o altar dos cruzados tinha desaparecido”, acrescenta o historiador.

Recentemente, Ilya Berkovich e Amit Re’em, da Autoridade de Antiguidades de Israel, fizeram uma descoberta extraordinária: no corredor traseiro da igreja encontraram uma pesada laje de pedra, recoberta de grafites.

Contudo, ao virarem a laje devido às obras, revelou ser um rico e antigo patrimônio artístico: a laje decorada daquele lado foi rapidamente identificada como a antiga e esplêndida fachada do altar medieval dos cruzados.

Uma conexão entre Roma e Jerusalém

Este altar, de impressionante beleza, oferece a oportunidade de investigar a rara técnica Cosmatesca, dificilmente encontrada fora de Roma.

Esta técnica especial de decoração em mármore foi dominada exclusivamente por mestres de guilda na Roma papal, que transmitiam essa habilidade de geração em geração. A técnica se caracteriza pelo uso de pequenas quantidades de mármore valioso, principalmente raspado de edifícios antigos da Roma medieval, para decorar superfícies extensas, colocando pequenos fragmentos com grande precisão, criando padrões geométricos e ornamentos deslumbrantes.

Da arte cosmatesca, apenas uma obra de arte era conhecida fora da Itália, na Abadia de Westminster, para a qual o Papa havia enviado um de seus mestres. O altar cosmatesco redescoberto em Jerusalém também deve ter sido criado com a intervenção do Papa, possivelmente Eugênio III. Ao enviar um dos mestres cosmatescos ao Reino de Jerusalém para fazer o altar dos cruzados, o Pontífice literalmente sublinhou a reivindicação da cidade pela Cristandade. “O papa honrou assim a igreja mais sagrada da cristandade”, observou Berkovich.

A descoberta do altar-mor revela uma conexão até então desconhecida entre Roma e Jerusalém, que também é importante para a história da arte europeia. “Com mais de 3,5 metros de largura original, este é o maior altar medieval atualmente conhecido”, destaca Berkovich. Ele espera que pesquisas futuras nos arquivos papais possam trazer à luz mais detalhes sobre a história da criação do altar, possivelmente até mesmo a identidade do mestre cosmatesco responsável pela obra.

Com informações oeaw.ac.at

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