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O caso das Clarissas de Belorado termina com excomunhão

As religiosas excomungadas sempre atribuíram a confusão dentro da Igreja como justificativa para sua decisão.

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Redação (23/06/2024 10:00, Gaudium Press) O caso das Clarissas de Belorado chega a um desfecho trágico, já que toda excomunhão é uma tragédia.

Após inúmeras reviravoltas, o arcebispo de Burgos, na qualidade de comissário pontifício e representante legal dos mosteiros de Belorado, Oruña e Derio, decretou a excomunhão por cisma de 10 ex-religiosas clarissas desse mosteiro, as quais também foram expulsas da vida consagrada, deixando de ser reconhecidas como religiosas pela Igreja. (Para acessar o comunicado do Arcebispado de Burgos, clique aqui).

Entretanto, “continua a existir uma comunidade monástica composta pelas Irmãs que não incorreram em excomunhão, por não terem apoiado o cisma: são as cinco Irmãs mais velhas e outras três Irmãs que, embora neste momento não se encontram no mosteiro, ainda pertencem à comunidade por estarem incardinadas nela”, segundo o comunicado do arcebispo de Burgos.

O decreto de excomunhão ainda está quente, mas, considerando a trajetória da história, o mundo católico já se questiona: o que aconteceu? Como é que dez religiosas de clausura, que por toda parte são exemplos de piedade, humildade e boa doutrina, tenham sido excluídas da Igreja Romana?

“A história da Igreja está repleta de hereges e cismáticos, e muitos deles, se não todos, são aqueles que reivindicam pureza de doutrina”, apontarão rapidamente alguns. Mas neste caso, há aspectos que merecem consideração.

As ex-Clarissas estão agora sob os “cuidados” de um “fantoche” – segundo a expressão da Irmã Maria Amparo, a única religiosa que saiu daquele mosteiro, ao se referir ao “bispo” Pablo de Rojas –, algo que acrescenta intriga ao assunto. O que moveu essas freiras a se submeterem a alguém sem qualquer relevância, como tem sido noticiado nos últimos dias?

Nas redes sociais, abundam comentários sobre o ocorrido e, normalmente, quem opina não questiona a justiça e a necessidade da grave medida tomada. Muitos apontam a possibilidade de dois pesos e duas medidas: por que excomungar esse grupo, mas permitir que outros que defendem heresias continuem livremente em suas heterodoxias? Além disso, há, nas redes sociais, várias alusões à falta de ação do Vaticano diante das muitas heterodoxias propagadas no contexto do Caminho Sinodal Alemão e na Igreja Alemã.

Este caso parece ser um assunto menor por várias razões, inclusive porque – seja apenas uma desculpa ou não – desde o início, as excomungadas de Belorado alegaram a ‘confusão’ proveniente da hierarquia como o principal motivo de suas decisões, o que não condiz com o que professaram quando fizeram seus votos.

Na verdade, a “confusão” dentro da Igreja e até mesmo entre elementos da hierarquia é um fato reconhecido em mais alto nível, como destacado recentemente pelo Cardeal Robert Sarah na Universidade Católica da América, ao afirmar categoricamente que “a crise não reside tanto no mundo secular e seus males, mas sim na falta de fé dentro da própria Igreja”.

Não é evidente que este estado atual de confusão – descrito pelo Cardeal guineense como um ambiente onde “tudo se torna condicional e subjetivo” e, em muitos círculos católicos, há uma tendência a “ignorar a Escritura, a Tradição e o Magistério” – é propício para a influência de ‘fantoches’, à maneira de Pablo de Rojas, que se apresentam como defensores da verdade e da tradição cristã, atraindo para suas redes pessoas incautas, confusas e angustiadas? Tudo indica que sim.

Nesse contexto, a falta de medidas em relação aos inúmeros desvios encontrados no denominado Caminho Sinodal Alemão – que segue adiante rumo ao estabelecimento de uma Igreja de “concílios sinodais”, alheia à Igreja que Cristo deixou – é certamente um fator gerador de angústia e perplexidade, e possibilita o surgimento de pseudomessias disfarçados de defensores da Tradição.

Neste ponto, ressoa o apelo feito pelo Cardeal Sarah aos bispos para que exerçam sua missão de mestres e defensores da unidade da fé e sejam, assim, um foco de “clareza para os fiéis leigos”. Pois é precisamente esta falta de clareza, baseada na Escritura,n a Tradição e no Magistério católicos, que pode ser alegada como uma falta suprema pelo Pastor dos Pastores, ao considerar a missão que foi conferida aos bispos quando lhes confiou os seus rebanhos. E a “excomunhão” de Cristo Pastor é ainda mais trágica…

Enfim, ainda é cedo para uma análise aprofundada e há muitos outros fatores a serem considerados. Contudo, isso deve ser feito para o benefício da Igreja em um momento difícil. (CCM)

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