Grandes quantias de dinheiro do Estado contribuem para o cisma na Alemanha
Cada vez mais as pessoas relacionam o famoso “imposto da Igreja” da Alemanha ao cisma que, em grande parte, deixou de ser virtual.
Redação (18/06/2024 09:58, Gaudium Press) Em qualquer parte do mundo, católico é aquele que foi batizado, professa a fé da Igreja e cumpre a sua disciplina. Contudo, na Alemanha, as coisas são um pouco diferentes… Lá, as Igrejas Católica e Luterana são amplamente financiadas pelo Kirchensteuer (imposto da Igreja), um imposto compulsório coletado pelo Estado e repassado às autoridades religiosas. Isso implica que todo cidadão que declare imposto de renda e seja membro de uma dessas igrejas deve pagar essa taxa obrigatória ao governo, desde os tempos de Hitler.
É algo como a filiação a um clube: se você não paga a mensalidade, deixa de pertencer ao clube; se estiver com as mensalidades em atraso, o acesso ao clube fica bloqueado até que a situação seja regularizada.
No caso da Igreja, esse vínculo especificamente econômico interfere no espiritual. Se alguém não paga o Kirchensteuer, aplica-se o Kirchenaustritt, a “retirada da Igreja” no registro civil, algo que evidentemente inexiste no direito canônico.
Mas essa retirada para muitos equivale a uma excomunhão, um rompimento com a Igreja, e a pessoa perde o direito de receber os Sacramentos, ou seja, não poderá casar-se, ser padrinho e nem batizar o filho, por exemplo. Por outra parte, os hereges e cismáticos que pagam esse imposto são considerados católicos. Na verdade, essa situação está inteiramente de acordo com as características materialistas do líder do nacional-socialismo. Quando o mundanismo entra em cena, esse espírito materialista é introduzido na Igreja.
Claro que esta situação também pode ter um impacto anestésico nocivo (ou delirante, dependendo do ponto de vista) nos primeiros beneficiários desses fluxos de dinheiro, ou seja, nos membros da hierarquia, uma vez que os rendimentos recebidos atingem montantes inimagináveis.
Bento XVI tentou convencer seus conterrâneos de que esse sistema vai contra o espírito da Igreja. No entanto, como se tornou evidente em uma de suas visitas como Papa à sua terra, quando vários prelados se recusaram a cumprimentá-lo, o Papa Ratzinger não contou com muitos apoiadores entre seus irmãos no episcopado teutônico.
Além disso, esses grandes volumes de recursos estão sendo consideravelmente direcionados para práticas consideradas heterodoxas, seja para o Caminho Sinodal Alemão e a implementação de suas decisões deletérias, ou para os controversos Conselhos Sinodais, que foram expressa e repetidamente proibidos por Roma, onde não há distinção entre o clero e os leigos, algo que viola o direito canônico.
Esta lamentável realidade coloca os católicos praticantes diante de um paradoxo perturbador: se não financiam essa Igreja, deixam de ser católicos, pelo menos oficialmente; mas ao financiar, podem estar colaborando com a heterodoxia e o cisma.
Os pessimistas acreditam que Roma não intervirá para pôr fim a esta injustiça, visto que as necessidades econômicas do Vaticano valorizam demasiadamente o dinheiro das dioceses alemãs.
A doutrina não diz que católico é aquele que paga esse imposto, mas sim que os fiéis devem acima de tudo fortalecer sua identidade como tal com uma boa vida de piedade, adesão à sã doutrina e obediência àquilo que não é contra a lei de Deus.
Todavia, tudo o que foi mencionado ilustra o que ocorre com as comunidades que se tornam mundanas e passam a adotar os critérios materialistas do mundo como referência, inicialmente de forma subconsciente e depois consciente e abertamente. (CCM)
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