Sacerdote Capuchinho ao Papa: a Igreja nos Estados Unidos é mais forte do que na Europa
O Pe. Thomas G. Weinandy fez referência às declarações do Papa à CBS, nas quais ele afirma que os conservadores americanos têm uma “atitude suicida”.
Redação (24/05/2024 09:02, Gaudium Press) Diversas declarações feitas por Francisco durante sua entrevista a Norah O’Donnell, da CBS, continuam a gerar polêmica, como a referência aos católicos conservadores americanos que estão em uma “atitude suicida”, daquele que se apega a algo e não quer ver além disso.
Com efeito, o Pe. Thomas G. Weinandy, OFM, Cap., um renomado teólogo e antigo membro da Comissão Teológica Internacional, expressou a sua opinião em The Catholic Thing, observando que é quase um clichê o Papa criticar a Igreja dos EUA visto que “ele considera a Igreja Católica americana conservadora, em particular muitos dos bispos americanos”.
Quanto à atitude “suicida” deplorada pelo Papa na entrevista à CBS, o Pe. Weinandy acredita que, de acordo com o pensamento do Papa, “esta mentalidade suicida parece assentar na presunção de que, se alguém não está aberto à obra contemporânea do Espírito Santo, essa pessoa morre enquanto a Igreja continua a se desenvolver”.
“Ademais, ser suicida significa que um conservador se fecha em uma ‘caixa dogmática‘. Francisco admite que a tradição doutrinária e moral da Igreja deve ser ‘considerada’, mas não pode impedir um maior desenvolvimento. A caixa dogmática pode estar cheia de ensinamentos doutrinários e morais tradicionais da Igreja, mas se a caixa permanece fechada, as doutrinas morais e os ensinamentos que ela contém não servem para nada. Tornam-se doutrinas mortas e, portanto, incapazes de atender às necessidades atuais”, continua o capuchinho.
Por outro lado, ressalta o sacerdote, “o que realmente não é suicida é confiar no poder regenerador da graça de Jesus Cristo”, e dá um exemplo:
“Muitos têm notado a ironia de o Papa Francisco se relacionar com o New Ways Ministry e o Pe. James Martin, S.J., que afirmam e incentivam ativamente estilos de vida homossexuais. No entanto, ele nunca elogia a coragem daqueles com tendências homossexuais que vivem uma vida casta. É como se uma vida tão virtuosa fosse inimaginável. Tal atitude implica que Jesus não nos salvou do pecado e que o Espírito Santo é impotente quando se trata de viver uma vida santa. O pecado ainda reina supremo e Satanás continua a governar o mundo. Esta atitude deve ser desencorajadora para aqueles com tendências homossexuais que se esforçam para viver uma vida santa. Também insulta a sua integridade.”
É verdade que “há conservadores que são suicidas ao querer manter fechada a sua apreciada ‘caixa dogmática’. Porém, ser conservador no verdadeiro sentido do termo é preservar e incentivar o que é verdadeiro e bom e que precisa ser preservado e incentivado. Portanto, os católicos, bispos, clérigos e leigos americanos que desejam desesperadamente preservar o ensinamento eclesial tradicional e a tradição relativa à lei moral não são suicidas, mas são a verdadeira esperança para o futuro”.
Uma caixa dogmática aberta, da qual emanam doutrinas vivificantes
“De sua caixa dogmática aberta, eles extraem doutrinas vivificantes e salvadoras: que Deus, em seu amor por nós, enviou seu Filho ao mundo para que o mundo não viva nas trevas do pecado. Além disso, aqueles que acreditam em Jesus ressuscitado como seu Salvador e Senhor vivem na luz de sua graça salvadora”.
“Da mesma forma, pelo batismo, a natureza pecaminosa da pessoa morre e ela renasce como uma nova criação cheia do Espírito em Cristo. A pessoa deixa de ser escrava do pecado, e está livre das artimanhas e do domínio do diabo. Além disso, no Sacramento da Confissão, o sacerdote, em nome de Jesus, absolve todo pecado e o sacramento fornece a graça específica necessária para repelir as tentações contra a virtude da castidade”.
O frade capuchinho lamenta que o Papa considere que a Igreja americana tem uma “propensão para dogmas sem vida”. Mas “o que ele percebe não é verdade. Embora a Igreja esteja lutando aqui, ela é muito mais forte do que qualquer uma de suas contrapartes na Europa Ocidental.” Ele solicita que se reze pelo Papa e pela Igreja Católica americana “para que permaneça sempre forte na fé e, assim, dê glória a Jesus, o Filho Encarnado cheio do Espírito do Pai”.
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