Alemanha: Maioria dos jovens sacerdotes rejeita propostas do Caminho Sinodal
Durante uma coletiva de imprensa online, Matthias Sellmann, diretor do Centro de Pesquisa Pastoral, destacou que os sacerdotes mais jovens não endossam as prioridades do Caminho Sinodal Alemão.
Redação (21/05/2024 12:12, Gaudium Press) O Centro de Pesquisa Pastoral Aplicada (Zap), em Bochum, consultou jovens sacerdotes ordenados entre 2010 e 2021 para expressar suas opiniões acerca da necessidade de reformas na Igreja Católica. Os resultados, divulgados em 17 de maio, revelam que a maioria não compartilha das visões propostas pelo Caminho Sinodal Alemão.
Com efeito, 75,7% dos jovens sacerdotes acreditam que a reforma na Igreja pode ser alcançada através de uma maior orientação para a transmissão do conteúdo da fé católica, e 80,3% consideram que mais iniciativas de profundidade espiritual são necessárias.
Apenas 25,7% dos sacerdotes entrevistados concordam com a ordenação de mulheres ao sacerdócio, 29,6% apoiam o fim do celibato dos sacerdotes, 30,3% defendem uma maior democratização na estrutura da Igreja, e 36,8% acreditam que os leigos devem ter mais participação em decisões que são eclesiásticas.
Estes temas foram discutidos nos encontros do Caminho Sinodal, que reuniu bispos e leigos em cinco assembleias entre 2020 e 2023, resultando na aprovação de 150 páginas de propostas, incluindo o diaconato feminino, a revisão do celibato, o papel dos leigos na pregação durante as missas, a influência dos leigos na eleição dos bispos e a revisão das abordagens do Catecismo da Igreja Católica em relação à homossexualidade.
Os pesquisadores entraram em contato com os 847 padres ordenados na Alemanha entre 2010 e 2021, bem como 1668 candidatos que deixaram o seminário no mesmo período. Receberam respostas de 153 padres e 18 ex-candidatos. A idade média dos sacerdotes pesquisados foi de 37 anos, e mais de 97% deles nasceram e cresceram na Alemanha. Sete por cento têm histórico de imigração. A maioria vem de famílias com 2 ou mais filhos e foi classicamente socializada em um ambiente eclesiástico, com predominância daqueles de orientação convencional ou conservadora.
A pesquisa destaca que, nos caminhos vocacionais dos atuais candidatos ao sacerdócio, fatores espirituais individuais desempenham um papel crucial. Menciona-se também que a celebração da liturgia constitui um grande potencial motivacional, enquanto as questões organizacionais ou gerenciais são de menor relevância.
O diretor do estudo, e presidente do Zap, o teólogo pastoral de Bochum, Matthias Sellmann, expressou sua insatisfação com as conclusões do estudo, afirmando que a maioria dos sacerdotes não se identifica como líderes inovadores e tende a discordar dos valores e estruturas da sociedade moderna, incluindo questões relacionadas à reforma eclesiástica. Isso sugere que “eles contribuem pouco para a conexão criativa entre a igreja e a sociedade contemporânea”. Em outras palavras, eles se sentem incomodados pelo fato de os jovens sacerdotes não serem mundanos e acreditarem no que a igreja sempre acreditou até decidir entregar-se à influência do mundo em questões de moralidade sexual, nova ordem mundial etc.
O bispo de Fulda, Dom Michael Gerber, vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã e presidente da Comissão para as Vocações Sacerdotais e Serviços Eclesiais, anunciou que está na fase final a elaboração de um novo regulamento de estrutura para a formação sacerdotal na Alemanha. É de se temer que os seminários filtrem candidatos com perfil doutrinário e espiritual mais conservador. Preferem uma Igreja sem sacerdotes a uma Igreja com sacerdotes como os de antigamente.
No início do século 21, a Alemanha, país com quase 24 milhões de católicos, tinha em média mais de 100 ordenações sacerdotais por ano, mas em 2019, quando o “caminho sinodal” foi implementado, esse número começou a cair drasticamente. Segundo os dados mais recentes, em 2022, ocorreram apenas 45 ordenações sacerdotais nas 27 dioceses da Alemanha, em comparação com 67 em 2020 e 62 em 2021.
A KNA noticiou que, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, não está prevista nenhuma ordenação sacerdotal para 2024 na Diocese de Würzburg e na Arquidiocese de Bamberg, ambas localizadas no centro tradicional da Igreja Católica Alemã, na Baviera.
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